terça-feira, 29 de setembro de 2009

Unicamp desenvolve bioquerosene para aviões

Pesquisadores da Faculdade de Engenharia Química da Universidade de Campinas - Unicamp - desenvolveram um combustível apto para a aviação a partir de óleos vegetais. Segundo comunicado da universidade, o produto final da pesquisa foi patenteado e há interesse em apresentá-lo para empresas privadas para sua fabricação massiva.
A equipe, integrada pelos professores Rubens Maciel Filho, Maria Regina Wolf Maciel e pelos pesquisadores César Benedito Batistella e Nívea de Lima da Silva, obteve biocombustível de aviação passando por duas etapas. Na primeira, depois de refinado e extraído, o azeite vegetal é colocado num reator, junto com um catalisador e uma quantidade predeterminada de etanol. Segundo a equipe, a presença do etanol é de vital Importância para o resultado positivo da experiência. A escolha do etanol se deu por um ser reativo agressivo e não renovável. Conforme Maciel Filho, "o papel do catalisador é para acelerar uma reação química e fazer que aconteça uma temperatura mais baixa". Além disso, o proceso gera subprodutos como glicerina e água e parte do etanol não consumido nas reações. Depois da separação desses compostos, o azeite permanece fino e com menor viscosidade.
A segunda etapa na elaboração desse bioquerosene contempla a separação de todos os elementos produzidos logo a seguir da reação. Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT - as análises realizadas com o óleo final atestam sua qualidade para utilização na indústria aeronáutica.



Notícia complementar (Janeiro de 2009)
Air New Zealand faz vôo com combustível de pinhão manso.
A busca por um combustível de avião que não agrida o meio ambiente teve um grande avanço esta semana, com o primeiro voo de um avião movido a um biocombustível de segunda geração, derivado de plantas que não competem com as lavouras para alimentação.
Um jumbo da Air New Zealand decolou de Auckland, na Nova Zelândia, na terça-feira, com uma mistura de 50% combustível de aviação, 50% óleo de pinhão manso (também chamado de jatrofa) em um de seus quatro motores. O teste, que durou duas horas, mostrou que o óleo de pinhão manso pode ser usado nas aeronaves sem nenhuma modificação nos motores. O teste fez parte do plano da companhia aérea neozelandesa de utilizar 10% de fontes sustentáveis até 2013.
"Foi um dia emocionante", disse o piloto da Air New Zealand, David Morgan. "Este foi um importante passo para a indústria da aviação."
As viagens aéreas são responsáveis por 3% das emissões mundiais de dióxido de carbono, porém a busca por um substituto para o querosene tem sido problemática. Biocombustíveis de primeira geração, como o etanol de cana, não podem ser utilizados porque congelam em grandes altitudes.
O combustível utilizado pela Air New Zealand foi feito com sementes de pinhão manso, formadas por 40% de óleo e naturais da Índia, Moçambique, Malawi e Tanzânia. Testes prévios mostraram que ele poderia ser utilizado em aviões por congelar a -47°C e queimar a 38°C.
Já o teste da Continental usará uma mistura de biocombustível de pinhão manso e de algas, fornecido pela empresa americana Sapphire Energy. No teste, um dos motores de um Boeing 737-800 será preenchido com uma mistura meio a meio de combustível tradicional e o biocombustível. "Escolhemos pinhão manso e algas porque nenhum deles é utilizado como alimento e podem ser cultivados até em regiões áridas", disse Leah Rayne, diretora de assuntos globais da Continental.
Os aviões da Air New Zealand e da Continental Airlines não são os primeiros a utilizar biocombustíveis. Em fevereiro, a Virgin Atlantic utilizou, com sucesso, uma mistura com 80% de combustível de aviação e 20% de óleo de coco e palma de babaçu no motor de um Boeing 747 em um voo entre Londres e Amsterdã.


Fonte: O Estado de S. Paulo
Data: 06/01/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário