segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Recessão diminui emissão de CO2

Recessão diminui emissão de CO2 enquanto líderes buscam pacto climático

A recessão deve causar a mais profunda queda nas emissões de gases do efeito estufa em 40 anos, segundo uma estimativa divulgada nesta segunda-feira (21), enquanto líderes mundiais seguem rumo a Nova York para tentar romper o impasse sobre a formatação de um novo pacto climático global.

As emissões em todo o mundo de dióxido de carbono, principal gás resultante da ação humana causador do efeito estufa, vão cair cerca de 2,6% em 2009, como resultado da queda da atividade industrial em todo o mundo, informou a IEA (Agência Internacional de Energia).

O mundo tem de aproveitar essa queda para conduzir uma luta global contra as mudanças climáticas em vez de permitir que as emissões cresçam novamente, como aconteceu em recessões anteriores, disse Fatih Birol, economista-chefe do IEA.

"Esta queda nas emissões e em investimentos em combustíveis fósseis somente terá significado com um acordo em Copenhague, que envie um sinal para investidores na direção do baixo teor de carbono," disse ele, referindo-se à cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas) em dezembro na capital da Dinamarca.

O mundo se encaminha para definir em dezembro, em Copenhague, um novo e mais rígido pacto climático para substituir o Protocolo de Kyoto depois de 2012, mas as conversações envolvendo 190 países ainda não estão conclusivas.

Na terça-feira (22), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, realizará uma reunião sobre mudanças climáticas com líderes mundiais na sede da ONU, em Nova York, para fazer deslanchar o processo de negociações.

As negociações estão estancadas na questão da divisão entre países ricos e pobres sobre o quanto de emissões cada parte terá de reduzir até 2020 e, também, em como arrecadar talvez US$ 100 bilhões por ano para ajudar as nações pobres a combaterem o aquecimento e se adaptarem às consequências das mudanças climáticas, como a elevação das marés e a desertificação.

Sustentabilidade

Alguns especialistas expressaram dúvidas de que a recessão e a queda da produção industrial possam levar a um desenvolvimento mais sustentável.
"Quando os políticos falam sobre crise financeira, tudo que dizem se refere ao retorno do crescimento, o que significa emissões mais elevadas", comentou Paal Prestrud, diretor do Centro Internacional para Pesquisa em Meio ambiente e Clima, em Oslo.
"Temos de reduzir emissões de modo planejado para evitar problemas sociais, e não por meio da recessão", disse.

As emissões de carbono dos EUA vão diminuir 6% este ano, informou a IEA duas semanas atrás, e as da Europa vão cair entre 4 e 5%, disse o analista Mark Lewis, da Deutsche.
Em contrapartida, as emissões de carbono e a produção industrial estão crescendo nos países em desenvolvimento, especialmente no maior emissor mundial de carbono, a China, mas o total do planeta vai se reduzir de modo geral, de acordo com a IEA.
"A maior queda (em cerca de 40 anos) foi em 1982, de 1,3%, como resultado de problemas econômicos e preços do petróleo", disse Birol, da IEA. "Calculamos que este ano a redução será o dobro desse número", afirmou ele.

"Examinamos país por país nos itens de consumo de energia elétrica, carvão, petróleo e gás no acumulado dos últimos oito meses e meio e estimamos o que poderia acontecer nos próximos três meses", explicou ele, referindo-se às análises da IEA de países membros ou não da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u627036.shtml

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