quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Pesquisador ressalta obtenção de etanol do capim-elefante

O pesquisador do Laboratório Labex Estados Unidos, unidade virtual da Embrapa no exterior, César Miranda, diz que é possível obter até 11 mil litros de etanol por hectare a partir de biomassa de capim-elefante e outras gramíneas forrageiras. “Estes materiais – como capim-elefante, braquiárias, panicuns e árvores de crescimento rápido - poderiam ser alternativas competitivas e eficientes para locais onde não se pode cultivar cana, tanto em áreas de pastagens quanto em áreas marginais, seja de forma isolada ou consorciada, em sistema de integração lavoura-pecuária ou agrosilvipastoril. ”

Miranda responde pela área de agroenergia no Labex. O laboratório está empenhado em pesquisas com materiais capazes de gerar etanol de segunda geração, o chamado etanol lignocelulósico, obtido a partir da utilização de toda a planta e não apenas da fermentação de parte dela (primeira geração), com ocorre com a cana.

Segundo Miranda, a cooperação técnica entre pesquisadores do Labex e do Serviço de Pesquisa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (ARS-USDA), além de facilitar a integração entre cientistas dos dois países, resulta no desenvolvimento de dois projetos em unidades da Embrapa. Um, avalia a produção de biocombustíveis a partir de ilhas flutuantes de biomassa, caso do Pantanal.

O objetivo é usar o excedente ambiental de biomassa aquática daquela região na geração de energia – seja por meio da produção de etanol, biogás ou gás de síntese. Esse projeto envolve pesquisadores da Embrapa Agroenergia, Embrapa Pantanal, Departamentos de Física e de Tecnologia de Alimentos da Unicamp e Bioware Tecnologias, com a participação do Grain, Forrage and Bioenergy Research Unit (GFBRU), em Lincoln, Nebraska.

O outro projeto se refere a fontes alternativas de biomassa para produção sustentável de etanol a partir de materiais lignocelulósicos. A idéia é aproveitar a experiência americana para o desenvolvimento de tecnologia para avaliação direta do potencial de produção de resíduos de cana, sorgo, milho e várias gramíneas forrageiras para o etanol de segunda geração, inclusive para uso em seleção de variedades específicas para bioenergia. O estudo envolve vários centros de pesquisa da Embrapa, além de universidades e equipes do DFBRU e do Fermentation Biotechnology Research Unit.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma usina de inovações

Localizada no município de Quirinópolis, no sudoeste de Goiás, a usina Boa Vista é hoje um dos melhores exemplos do que esse setor pode esbanjar em termos de modernidade e excelência. Inaugurada em 2008 e integrante do grupo São Martinho, um dos maiores produtores de açúcar e álcool do país, a Boa Vista tem sua colheita 100% mecanizada e, por isso, não utiliza queimadas. No estado de São Paulo, a média de mecanização dos canaviais não passa de 55%. Toda a energia consumida é gerada pela própria usina. A eletricidade vem da queima do bagaço de cana, e dois terços da produção são revendidos. A despeito disso, a Boa Vista continua sendo capaz de tirar da cana os mesmos produtos de todas as outras usinas do país: açúcar e álcool. Isso, porém, deve mudar em 2011. Uma nova tecnologia permitirá que o caldo de cana da Boa Vista se transforme em matériaprima para um leque de produtos muito mais diverso e sofisticado do que as commodities que ela hoje produz. A detentora dessa fórmula mágica, que promete levar a indústria sucroalcooleira do país a outro patamar, é a Amyris, empresa de biotecnologia americana com quem o grupo São Martinho negociou a venda de 40% da Boa Vista em dezembro do ano passado.

Com sede em Emeryville, no Vale do Silício, onde está a renomada Universidade da Califórnia, em Berkeley, a Amyris nasceu quando um grupo de cientistas recebeu da Fundação Bill e Melinda Gates cerca de 42 milhões de dólares. O objetivo do financiamento era baratear a produção de artemisina, medicamento de combate à malária. O projeto não só vingou como, durante as pesquisas, os cientistas descobriram que a tecnologia desenvolvida também poderia ser usada para outros fins. Na prática, o que a Amyris sabe fazer e que interessa ao Brasil é modificar geneticamente organismos vivos como a Saccharomyces cerevisiae, a levedura usada no processo de produção da cerveja e também do etanol. Uma vez modificada, e em contato com o açúcar, essa levedura pode dar origem a uma série de moléculas. Uma delas é o farneseno, com a qual a empresa já detém conhecimento para produzir um diesel de origem vegetal que tem desempenho semelhante ao de origem fóssil. Com outra molécula sera possível produzir combustível à base de cana para aviões e até mesmo um substituto para a gasolina comum. A combinação de açúcar e farneseno também pode render substitutos para outros produtos que hoje têm origem fóssil, como lubrificantes para carros, solventes para a indústria de tintas e compostos para empresas de higiene e limpeza. Aliando biotecnologia de ponta com a cana tradicional, a Amyris quer transformar o Brasil em pioneiro num novo tipo de negócio: o das biorrefinarias.

A tecnologia é considerada tão promissora que muitos grupos brasileiros acompanharam os grandes fundos de capital de risco americanos e também fizeram aportes na Amyris. A Votorantim, por meio do fundo Votorantim Novos Negócios, o grupo Cornélio Brennand, que tem sede em Pernambuco, e alguns investidores de menor porte também são sócios da companhia. “Visitei uma série de empresas na Califórnia”, afirma Francisco Andrade, diretor de novos negócios do Cornélio Brennand. “Nenhuma delas era tão revolucionária.” Os grupos Cosan, Bunge e a Açúcar Guarani também assinaram, em dezembro, acordos para se beneficiar da biotecnologia.

O principal centro de desenvolvimento da empresa está nos Estados Unidos. É lá que cerca de 150 biologistas moleculares se esmeram para modificar as leveduras. Estima-se que aqui haja um número semelhante de especialistas na mesma levedura — mas no país inteiro. Apesar da discrepância do lado científico, o Brasil é essencial para que o projeto da Amyris se concretize. A empresa precisa de açúcar abundante e barato o suficiente para dar escala à sua produção. É a cana, mais que qualquer outra cultura, a fonte que oferece a melhor relação entre potencial energético e custo. Além disso, para tornar factível a tal produção em escala, também é preciso ter um conhecimento tecnológico há décadas desenvolvido por aqui. “Pensamos em países como Índia e Indonésia, mas nenhum outro lugar conhece tão bem a cana-de-açúcar”, diz o executivo belga Roel Collier, de 36 anos, responsável pela operação da Amyris no Brasil.

A operação está sediada em Campinas, no interior de São Paulo, local estrategicamente escolhido por estar próximo da Unicamp, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) e do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), ambos em Piracicaba.

Foi nessas instituições que a Amyris recrutou boa parte de seus 60 funcionários. São químicos, bioquímicos e engenheiros agrônomos, mestres e doutores, que trabalham para fazer com que as leveduras modificadas pelos colegas da Califórnia reproduzam aqui, inicialmente em tanques de médio porte, o mesmo comportamento observado em frascos de até 3 litros. “É como se lá elas estivessem em um hotel de luxo”, diz Fernando Reinach, diretor da Votorantim Novos Negócios e um dos mais respeitados biologistas moleculares do país. “Aqui é que nossos cientistas as colocam para trabalhar no mundo real.” Os testes da Amyris hoje acontecem em tanques de 6 000 litros e também de 60 000 litros. A operação na usina Boa Vista deverá ter quatro tanques de 600 000 litros cada um e deve começar no ano que vem.

Enquanto parte dos pesquisadores cuida dos detalhes da produção, outros profissionais trabalham para que o diesel verde da Amyris seja aprovado pela ANP. Nos Estados Unidos, uma mistura de 20% dele ao diesel convencional já passou pelo crivo da poderosa agência de proteção ambiental americana (EPA, na sigla em inglês). Aqui, a última prova de fogo do combustível começa em fevereiro, quando seis ônibus da frota da cidade de São Paulo testarão nas ruas o desempenho de uma mistura de uma parte de diesel de açúcar e nove partes do combustível comum. Esse novo combustível tem uma grande vantagem: ao contrário do etanol, ele não exige modificações nos veículos nem na infraestrutura de distribuição atuais. O plano dos executivos da Amyris, porém, é que, num primeiro momento, as usinas parceiras que estão investindo na tecnologia produzam menos o diesel verde e mais outras especialidades químicas, que têm preços mais atraentes. “Quanto mais elaborado o produto, maior a margem que dividiremos com as usinas”, afirma Collier. Assim como uma refinaria tradicional, as usinas poderão potencialmente transformar a garapa em uma vasta gama de opções, que irão muito além do açúcar e do etanol de hoje.

Os testes já vêm sendo realizados há mais de dois anos, mas é claro que ainda existem obstáculos a superar. Há competidores dentro e fora do Brasil buscando a produção de combustíveis de segunda geração usando métodos diferentes. Como em todo negócio baseado em tecnologias de ponta, a Amyris pode ficar para trás na corrida. Um exemplo da crescente procura pela cana-de-açúcar brasileira foi a joint venture recém-anunciada pela gigante Shell com a Cosan, maior grupo sucroalcooleiro do país. Entre outros interesses, a Shell quer ter acesso à matéria-prima vegetal do país para avançar em suas pesquisas na area de novos combustíveis. John Melo, presidente mundial da Amyris, mantém o mesmo nível de otimismo demonstrado quando visitou usinas brasileiras pela primeira vez, quase três anos atrás. O que na época parecia um sonho distante e improvável — produzir gasolina e diesel de açúcar —, hoje está cada vez mais perto da realidade. “Temos uma das melhores equipes de cientistas do mundo e fizemos grandes investimentos”, diz o português Melo. “Também tivemos muita sorte ao fazer algumas escolhas, como a de vir para o Brasil.” Se as biorrefinarias virarem realidade, o país também poderá dizer que teve a sorte de ser escolhido pela Amyris.

Fonte: revista Exame

EUA investirá em asfalto solar

O Departamento de Transportes dos EUA anunciou que pretende substituir o asfalto comum das rodovias do país por painéis solares, para reduzir o uso do petróleo e, ainda, produzir energia limpa

Os raios de Sol que fazem ferver o asfalto das estradas agora podem ter melhor serventia para os motoristas. O Departamento de Transportes dos EUA resolveu investir na criação de painéis solares para substituir a pavimentação das rodovias do país. Além de diminuir o consumo de petróleo, os painéis (de 4m2) concebidos pela empresa Solar Roadways são feitos de material reciclado (vidro, plástico e borracha) e células solares que captam a luz do Sol e a transformam em energia para – literalmente – iluminar a pista. Com luzes de led embutidas (como o protótipo acima), eles vão funcionar como um sistema inteligente para indicar as faixas de sinalização e até alertas sobre o que o motorista deve encontrar à frente – se há obras, curvas acentuadas ou as condições das estradas. “A energia captada fica armazenada por bastante tempo nas células e ajuda a derreter as camadas de neve que se formam sobre as estradas em dias de frio intenso”, afirma Scott Brusaw, criador do projeto. Os painéis ainda estão sendo testados, mas, se tiverem bons resultados, a ideia é substituir todas as vias americanas pelo “asfalto solar”. “Como cada painel produz cerca de 7 kW de energia por hora, se cobrirmos todo o nosso sistema viário, podemos suprir a necessidade energética de todos os Estados Unidos sem depender de outras fontes de energia nem causar impacto no planeta”, diz Brusaw. Sem dúvida, é mesmo um ótimo caminho para seguir.

Link do texto:
Solar Roadways

Os raios de Sol que fazem ferver o asfalto das estradas agora podem ter melhor serventia para os motoristas. O Departamento de Transportes dos EUA resolveu investir na criação de painéis solares para substituir a pavimentação das rodovias do país. Além de diminuir o consumo de petróleo, os painéis (de 4m2) concebidos pela empresa Solar Roadways são feitos de material reciclado (vidro, plástico e borracha) e células solares que captam a luz do Sol e a transformam em energia para – literalmente – iluminar a pista. Com luzes de led embutidas (como o protótipo acima), eles vão funcionar como um sistema inteligente para indicar as faixas de sinalização e até alertas sobre o que o motorista deve encontrar à frente – se há obras, curvas acentuadas ou as condições das estradas. “A energia captada fica armazenada por bastante tempo nas células e ajuda a derreter as camadas de neve que se formam sobre as estradas em dias de frio intenso”, afirma Scott Brusaw, criador do projeto. Os painéis ainda estão sendo testados, mas, se tiverem bons resultados, a ideia é substituir todas as vias americanas pelo “asfalto solar”. “Como cada painel produz cerca de 7 kW de energia por hora, se cobrirmos todo o nosso sistema viário, podemos suprir a necessidade energética de todos os Estados Unidos sem depender de outras fontes de energia nem causar impacto no planeta”, diz Brusaw. Sem dúvida, é mesmo um ótimo caminho para seguir.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

‘Plano B’ para o setor energético

Estudo feito por especialistas da Unicamp para a organização não-governamental
WWF-Brasil mostra que modelo é ambientalmente sustentável e mais barato



O Brasil dispõe de um caminho alternativo ao escolhido pelo governo federal para garantir o suprimento de energia elétrica necessário ao seu desenvolvimento. Além de tecnicamente viável, a nova estratégia apresenta várias vantagens sobre a proposta original, sendo que duas delas se destacam: é ambientalmente sustentável e mais barato. As constatações são de um estudo encomendado pela organização não-governamental WWF-Brasil, cuja coordenação coube a pesquisadores da Unicamp. Conforme as projeções feitas pelos cientistas, que traçaram um cenário até 2020, caso opte por esse “plano B”, o país pode economizar R$ 33 bilhões em investimentos, gerar 8 milhões de empregos e estabilizar as emissões de gases causadores de efeito estufa relacionadas com o setor. Para isso, porém, será preciso lançar mão de programas de conservação energética e dobrar o uso de fontes renováveis.

País poderia economizar R$ 33 bi em investimentos

Denominado “Agenda Elétrica Sustentável 2020”, o estudo foi desenvolvido durante seis meses. A apresentação à sociedade ocorreu em Brasília, em setembro de 2006. Desde então, as propostas contidas no documento vêm sendo debatidas em alguns âmbitos. “Penso que esta é a maior contribuição da Agenda, ou seja, fomentar o debate mais geral em torno das opções que o Brasil tem para assegurar a energia elétrica necessária ao seu desenvolvimento”, analisa Gilberto De Martino Jannuzzi, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp e coordenador dos trabalhos. De acordo com ele, os pesquisadores utilizaram dados semelhantes aos considerados pelo governo federal para projetar o crescimento da demanda elétrica brasileira no período de 2004 a 2020.


Dessa forma, foi possível estabelecer dois cenários distintos para comparação, classificados de “Tendencial” e “Sustentável”. No desenho feito pelo governo federal, que corresponde ao primeiro caso, o Brasil precisaria contar, no período tomado para análise, com uma capacidade instalada para geração de energia da ordem de 204 mil megawatts (MW), o que representa um crescimento anual de 5%. Na estimativa contida no estudo encomendado pela WWF-Brasil, a capacidade total cairia para 126 mil MW, que equivale a uma evolução de 2% ao ano. A menor oferta, apontam os pesquisadores, seria compensada por medidas de eficiência energética, que incluem melhores tecnologias e uso mais racional da eletricidade. Umas das conseqüências do modelo alternativo seria o adiamento da construção de grandes usinas hidrelétricas.


Paralelamente, a Agenda Elétrica Sustentável 2020 propõe a ampliação das fontes renováveis em substituição aos combustíveis fósseis utilizados para gerar eletricidade. Estes, segundo o Cenário Tendencial, passariam de 19% da capacidade instalada em 2004 para 24% em 2020. “Entretanto, com o aumento progressivo das fontes renováveis, entre elas a biomassa, a energia eólica e a energia solar, seria possível reduzir a participação dos combustíveis fósseis no setor elétrico para algo em torno de 14% do total da capacidade instalada projetada e estabilizar as emissões de gases estufa ao nível de 2004, ano base do estudo”, afirma Jannuzzi. O coordenador do estudo destaca que as medidas contidas no Cenário Sustentável exigirão investimentos menores que os previstos no modelo concebido pelo governo federal.


Economia – Pelos cálculos dos pesquisadores, a adoção do plano alternativo acarretaria uma economia de 12% nos gastos previstos para gerar, transmitir e distribuir energia elétrica até 2020, o que representa cerca de R$ 33 bilhões. “Por meio da redução do desperdício de energia e do aumento da participação das fontes renováveis, seria possível evitar a implantação de aproximadamente 78 megawatts no sistema elétrico nacional, o que corresponde a 60 usinas de Angra 3 ou a seis usinas com a capacidade de Itaipu”, compara Jannuzzi.


Ao todo, afirma o professor da Unicamp, a Agenda Elétrica Sustentável 2020 elenca nove medidas imprescindíveis ao sucesso das propostas (veja detalhes nesta página). São elas: a) realização de leilões de eficiência energética; b) estabelecimento de padrões de eficiência energética; c) realização de licitações tecnológicas; d) definição de metas para investimentos em eficiência, e) implementação do Programa Nacional de Geração Distribuída; f) implementação de uma segunda etapa do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa 2); g) criação do Programa Nacional para a Energia Solar Térmica; h) redução dos subsídios para as fontes convencionais de energia; e i) disseminação constante da informação.


Particularmente, o professor Jannuzzi avalia a Agenda Elétrica Sustentável 2020 como “um tanto otimista”, levando em conta a velocidade de implantação das medidas propostas. No entanto, reconhece que ela é exeqüível do ponto de vista técnico, econômico e ambiental. “Para que as medidas sugeridas possam ser adotadas será necessário, porém, que o governo federal assuma e exerça forte liderança dessa iniciativa, de modo a viabilizar as soluções. É preciso, entre outras ações, definir novos marcos legais e regulatórios, bem como aprimorar os mecanismos de gestão e de iniciativas para transformar o mercado de energia. Infelizmente, o país tem tido uma experiência modesta nessas áreas”, avalia o docente da Unicamp.


Assim que foi divulgado, o estudo encomendado pela WWF-Brasil mereceu elogios e críticas. O secretário-executivo do ministério de Minas e Energia, Nelson Hubner, afirmou na oportunidade que o documento tinha o mérito de abrir o debate sobre o setor elétrico. O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, considerou o relatório fundamental para desfazer certos mitos. “Atualmente, muitas pessoas dizem que haverá apagão e que o responsável é o setor ambiental. Não aceitamos ser os bodes expiatórios”, disse na ocasião.


Já as críticas mais pesadas ao estudo partiram do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. “Acreditar que é possível crescer sem construir novas usinas é uma utopia que levará o país ao não-desenvolvimento. São estudos perigosos para o país. Nós não podemos iludir a população brasileira”, disparou. De acordo com o professor Jannuzzi, ao contrário do que apontou Tolmasquim, a Agenda Elétrica Sustentável 2020 não é uma peça de ficção e foi elaborada com base em indicadores empregados pelo próprio governo. Seu objetivo foi subsidiar novos atores – a sociedade civil – para que possam participar de um debate usualmente restrito e dominado por alguns setores.


As medidas sugeridas


Leilões de eficiência energética
Leilões de eficiência energética devem ser implementados, ou seja, deve-se determinar uma certa quantidade de energia a ser conservada (e/ou a potência retirada) e a sua respectiva comercialização, que poderá ser feita através de órgão independente ou agência de governo, por exemplo. Essa é uma maneira alternativa de se viabilizar, através de agentes de mercado, a consecução de medidas que poupem energia nos setores de oferta e usos finais. Referente aos usos finais, permitirá o desenvolvimento de companhias de serviços de eficiência energética, em relação ao setor de oferta, alavancará a recuperação de usinas hidrelétricas mais antigas através de repotenciação. Estas medidas de eficiência terão um potencial de cerca de 290 TWh em 2020 a um custo inferior ao da tarifa que seria praticada naquele ano. Ademais, deve se considerar que os leilões poderão atrair agentes do mercado para viabilizar, pelo menos, 15% desse potencial.

Padrões de eficiência energética
A Lei de Eficiência Energética deve ter sua implementação priorizada, por meio de aprovação acelerada de padrões de desempenho energético para equipamentos com índices mais agressivos de redução de consumo. Em complementação aos padrões de desempenho para os equipamentos, é preciso promover tecnologias e processos mais eficientes em toda a cadeia produtiva. Portanto, o governo deve aprovar patamares de eficiência energética para todos os setores produtivos, priorizando os setores energointensivos, iniciando pelos segmentos mais ineficientes e com maior potencial de redução. A implementação dos patamares deve ser viabilizada a princípio com incentivos, e posteriormente com multas ou punições, caso o patamar não seja atingido. Além disso, padrões técnicos mandatórios e aplicação de recursos de Pesquisa & Desenvolvimento deverão fazer parte de políticas dirigidas para redução de perdas técnicas de transmissão e distribuição.



Licitações tecnológicas
O setor público representa cerca de 10% do consumo total de eletricidade. Estas agências têm a possibilidade de especificar padrões de desempenho que, por sua vez, estimularão fabricantes a desenvolver e oferecer o produto para atender a essa demanda. Esse tipo de iniciativa é importante principalmente quando está relacionada com novas tecnologias ainda não introduzidas em escala significativa no mercado.



Metas para investimentos em eficiência
Os investimentos compulsórios das empresas de eletricidade em seus programas de eficiência energética e Pesquisa & Desenvolvimento, além do Fundo Setorial de Energia (CTEnerg), estimados em cerca de R$ 400 milhões/ano, precisam ser melhor coordenados para garantir a maximização de benefícios sociais. Portanto, é necessário definir metas para os resultados de investimentos em eficiência, melhorar a capacidade de monitoramento, verificação e avaliação de resultados em termos de MWh conservados e MW evitados que são obtidos através da aplicação desses recursos.



Programa nacional de geração distribuída
O governo deverá implementar um Programa Nacional de Geração Distribuída, por meio do qual estejam previstos incentivos estáveis, transparentes e que permitam o aproveitamento do potencial destas tecnologias. Considerando o grande potencial da co-geração a partir da cana-de-açúcar, critérios e metodologias de valoração, utilizados no âmbito dos leilões de energia nova, deverão estar inclusos nos processos de audiências públicas prévias.



Programa de inventivo às fontes alternativas de energia elétrica – segunda fase (Proinfa II)
O anúncio e implementação de uma segunda fase do Proinfa tem como objetivo garantir 10% da produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, até 2010, e chegar a 20% em 2020. O funcionamento do programa de forma menos burocrática, mais transparente e adaptado às necessidades dos produtores das energias renováveis seria um grande ganho para esta segunda fase. É essencial que se garantam incentivos econômicos para este programa, juntamente com o Programa Nacional de Geração Distribuída, onde poderão ser alocados parte dos recursos economizados com a geração evitada de eletricidade, através dos Programas de Eficiência Energética, de modo a não transferir aumento de tarifas aos consumidores.



Programa nacional para a energia solar térmica (Prosolter)
Para aproveitar de maneira efetiva o grande potencial da energia solar térmica no Brasil, é necessário um programa nacional para essa fonte de energia limpa e barata. Tal programa deve incluir metas de desenvolvimento, oferta de incentivos para o financiamento aos consumidores finais e incentivos fiscais, como por exemplo, redução de impostos. As populações de baixa renda podem ser especialmente beneficiadas através de tais medidas. É essencial que se destaque a necessidade de obrigações de instalação em novos edifícios. Cerca de 9% do total das economias de energia do cenário Elétrico Sustentável são decorrentes da implantação de um programa nacional para atingir quase um terço dos domicílios do país em 2020.



Redução dos subsídios para as fontes convencionais de energia
Os subsídios aos combustíveis fósseis favorecem o desperdício de eletricidade e dificultam a inserção de fontes renováveis na matriz elétrica do país. É necessária uma redução e eventual eliminação de tais subsídios, como, por exemplo, a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) que distorce o mercado em favor de combustíveis fósseis como carvão e diesel. Entretanto, deverá haver um tratamento diferenciado entre a utilização dos recursos da CCC para o sistema interligado e sistemas isolados. Para o ano de 2006, mais de R$ 4,5 bilhões serão gastos com a CCC, 10 vezes mais que o valor dos investimentos compulsórios das empresas de eletricidade em programas de eficiência energética.



Disseminação constante de informação
Embora o país tenha desenvolvido programas de informação, seja através do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), do Programa Nacional de Racionalização do Uso de Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet) e das próprias companhias de energia, é necessário manter continuidade e regularidade na disseminação de informações atualizadas sobre tecnologias de energia e maneiras mais eficientes de sua utilização. Ainda existem barreiras significativas, em especial para difusão de tecnologias de usos térmicos de energia solar, nos setores residencial, industrial e em edifícios.


Fonte:ttp://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto

Planejamento integrado de recursos energéticos: meio ambiente, conservação de energia e fontes renováveis

Excelente livro:
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=lang_pt&id=N7jzhXBFgeoC&oi=fnd&pg=PA1&dq=energias+renovaveis&ots=s5jbZQnBaz&sig=4Y98-r0Do8QehARTncF9bdsMWcM#v=onepage&q=&f=false

Gilberto De Martino Jannuzzi e Joel Swisher reúnem neste livro informações para estudantes de pós-graduação e técnicos da área de energia para que possam realizar seus próprios cálculos e analisar custo-benefício de medi- das de conservação e comparar com os custos de energia

Sustentabilidade Corporativa

Os impactos da crise global na agenda de sustentabilidade corporativa: um estudo de empresas líderes brasileiras

FBDS divulga estudo com 25 empresas de dez setores do Brasil

Empresas de dez setores - Energia, Serviços Financeiros, Petroquímica, Agronegócios, Papel e Celulose, Aviação, Cosméticos, Telecomunicações, Varejo, Siderurgia e Mineração - participaram do estudo, por meio de entrevistas e questionários, aplicados a executivos e gestores.

A FBDS convidou 45 empresas, das quais aceitaram 25, que atendiam a um dos critérios: Integrar a carteira do ISE Bovespa 2008; Estar entre as 20 empresas do Guia Exame de Sustentabilidade 2008; Pertencer à lista dos Top 10 da pesquisa Rumo à Credibilidade (FBDS e SustainAbility, 2008). Das 25 empresas, 40% são do setor de energia e 13% de serviços financeiros, ambos sob forte regulação.

Segundo o estudo, a crise global teve impactos reduzidos na agenda da sustentabilidade, mas para Clarissa Lins deve-se levar em conta a amostra analisada. "Há nestas empresas um compromisso com a gestão para a sustentabilidade, suportado em políticas corporativas e processos bem definidos".

Como a agenda de sustentabilidade ajudou as empresas em período de crise

Mais da metade dos executivos entrevistados afirmou que a agenda da sustentabilidade ajudou as empresas a enfrentarem os efeitos da crise. Neste contexto, as empresas perceberam valor nas práticas de engajamento, interno ou externo, como forma válida para enfrentar o momento de crise. Com efeito, 43% das respondentes apontaram o engajamento como a prática que mais contribuiu para a harmonia neste período, seja pelo fato dos stakeholders ficarem mais bem informados sobre as decisões e os rumos da empresa, seja pela credibilidade gerada por uma postura de diálogo.

Desafios para o avanço da agenda em tempos de crise e o pós-crise

Os cinco principais desafios mencionados pelos executivos para que a agenda da sustentabilidade permaneça no topo das prioridades foram: a disseminação permanente do conceito de sustentabilidade, o engajamento da cadeia de valor, o papel da regulamentação, o desenvolvimento de novas tecnologias e a incorporação da sustentabilidade no dia-a-dia dos negócios.

Há indícios de que estas empresas não vêem a crise como causadora de grandes rupturas de comportamento. Todavia, há um sentimento geral de que fatores como transparência e prestação de contas geram valor neste cenário e reforçam os laços com as diversas partes interessadas.

As apostas para o período pós-crise repousam em eficiência produtiva, energética e em investimentos em energias renováveis.

Fonte: http://www.fbds.org.br/fbds/article.php3?id_article=858

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), um conjunto de 8 macro-objetivos a serem atingidos pelos países até o ano de 2015.
Para isso, foram definidos 48 indicadores, englobados por 18 metas que compõem os 8 Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, que são:

1- Erradicar a extrema pobreza e a fome;
2- Atingir o ensino básico universal;
3- Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres;
4- Reduzir a mortalidade infantil;
5- Melhorar a saúde materna;
6- Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças;
7- Garantir a sustentabilidade ambiental;
8- Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio surgiram em 2000, quando os chefes-de-estado e de governo dos 191 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram a Declaração do Milênio. O documento ressalta os valores da igualdade, solidariedade, liberdade, tolerância, responsabilidade comum e respeito à natureza.