quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Realizado 1º leilão de energia elétrica gerada por fonte eólica



O primeiro leilão de energia eólica no Brasil terminou nesta segunda-feira (14) após a negociação para a construção e operação de 71 empreendimentos com uma capacidade somada de 1.805,7 megawatts (MW), informaram fontes oficiais.
Os 71 projetos abrigarão um total de 773 aerogeradores que poderão entrar em operação em 1º de julho de 2012 e terão um prazo de concessão de 20 anos.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), organismo encarregado de realizar o leilão, calculou que, nos primeiros 20 anos, a soma destes parques de geração de energia eólica vão produzir 132.015 gigawatts por hora (GWh), 1,4% a mais do que é gerado em um ano pela usina hidroelétrica de Itaipu.

O preço médio do megawatt ficou em R$ 148,39, valor 21,5% inferior ao teto marcado pelo Ministério, o que representará a negociação de contratos por R$ 19,59 bilhões ao longo dos 20 anos.

O preço da energia era o critério de maior importância na concessão dos projetos. O destaque foi a oferta da empresa Coxilha Negra, de R$ 131, com um desconto de 30,69% para as três usinas que ganhou no sul do país.

Nordeste

Participaram do leilão 339 projetos que, somados, poderiam gera dez mil megawatts, mas foram descartados todos aqueles que superaram o preço de R$ 189 por megawatt.

A grande maioria dos projetos para a geração de energia eólica licitados se concentra na região Nordeste, com destaque para o estado do Rio Grande do Norte, com 23 parques aprovados.

Este leilão pretende reforçar o perfil "verde" da geração elétrica no Brasil, que atualmente depende em 85,4% das fontes renováveis, principalmente de usinas hidroelétricas.
Nesta linha, o Governo anunciou na semana passada a isenção permanente dos impostos que taxavam a comercialização de aerogeradores utilizados na produção de energia eólica.





A usina de Itaipu é, atualmente, a maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio.

Em 2008, a usina de Itaipu atingiu um novo recorde histórico de produção de energia, com a geração de 94.684.781 megawatts-hora (MWh). O recorde anterior era do ano 2000, quando Itaipu gerou 93.427.598 MWh.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Metas de redução na emissão de GEE


Abaixo segue uma relação de algumas países e suas metas (compulsórias) de redução na emissão dos Gases do Efeito Estufa, que estão sendo apresentadas em Copenhague.

USA:
20% em relação a 2005, que representa a uma redução entre 3% e 6% em relação a 1990.

UE:
De 20% a 30% em relação a 1990.

Rússia:
Até 25% menos em relação a 1990

Japão
25% em relação a 1990

Austrália
De 5% a 25% em relação ao ano de 2000

Canadá
20% em relação a 2006

Brasil
Entre 36,1% e 38,9% de redução até o ano de 2020 se nada fosse feito (O Brasil não possui um inventário atualizado de suas emissões, sendo que o único existende foi apresentado em 2006, porém com dados de 1996).
Redução de 22% a 25% em relação ao nível de 2005
Aumento de 21% em relação ao ano de 1990.

China
Menos 40% a 45% por unidade do PIB até o ano de 2020. Não tenho dados se fosse com relação ao que é emitido hoje ou em relação ao ano de 1990, o que seria mais objetivo. No entanto, parece-me que a emissão, com essa meta, dobraria até 2020. (Segundo a Fundação Brasileira para o desenvolvimento sustentável é de 253% a mais em relação a 1990 e mais 90% em relação a 2005)

Índia
De 20% a 25% até 2020 em relação ao ano de 2005.
Segunado a FBDS, a Índia aumentará a emissão em 229% em relação a 1990 e 125% em relação aos índices de 2005).

Obs.: Para a ONU, o ano base (parâmetro) para as reduções é 1990.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Reduzir energia para gerar economia


Produtores lean usam muitas ferramentas de melhoria de processos para obter e manter eficiência, flexibilidade e lucratividade. Tais ferramentas permitem substituir depósitos de estoque ociosos por redes velozes de informações, transformar restrições de capacidade em produção de resposta rápida e padronizar processos para obter qualidade consistente em escala global.

Como essas empresas gerenciam custos de energia em espiral, dependem continuamente da melhoria do processo lean para reduzir desperdícios e proteger lucros. Certamente, há uma demanda social por economia de energia a fim de preservar o meio-ambiente, contudo, os empresários sabem que a redução de energia também é crucial para a sobrevivência a longo prazo das empresas.

A energia é essencial para a produção. No entanto, quando comparada superficialmente com outras matérias-primas amplamente consumidas, se tornou uma das mais caras e voláteis. Assim, estabilizar os processos de consumo de energia e remover o máximo de desperdício possível tornaram-se obrigação para quem quer continuar competitivo no mundo.

Todos os tipos de negócios pagam mais pela energia, e os indicadores mostram que esta tendência continuará. Os aumentos atingem fortemente os industriais, pois eles consomem uma grande quantidade de energia em seus processos de produção, precisam de energia para transportar as mercadorias até os clientes e, freqüentemente, usam fontes de energia como gás natural e petróleo como matérias-prima.

De acordo com a Administração das Informações sobre Energia dos EUA, o custo do gás natural, que é a fonte de energia mais comum nas indústrias, aumentou 9,3 % de 2007 a 2008 e espera-se um acréscimo de, pelo menos, 1,9 % de 2008 a 2009. Felizmente, os produtores têm amplas oportunidades de reduzir o consumo de energia por meio do uso comum de ferramentas e técnicas.

Benefícios da redução de energia pela melhoria do processo lean -Tradicionalmente, as atividades lean não destacavam o uso de energia, mas nós sabíamos que os fabricantes que as aplicavam na produção obtinham uma significativa vantagem competitiva.

Pela aplicação das atividades lean no uso de energia, uma instalação média pode reduzir seu consumo em até 20%, dos quais 30% podem ser obtidos por mudanças de procedimentos e comportamentos. Empresários dos setores de agronegócios, alimentos e bebidas, papel e embalagens, além de outras indústrias de processo contínuo, têm o potencial de duplicar essas reduções, pois os processos operam sem interrupção e tendem a ser grandes consumidores de energia. Um empresário desses setores empenhado em cortar o consumo de energia conseguiu uma redução mínima de 10% em cada mudança processual.

A aplicação da mentalidade lean ao consumo de energia requer o mesmo conhecimento de criação de valores e redução de desperdício que das aplicações lean tradicionais. As práticas lean visam tornar as empresas mais competitivas e lucrativas, aumentando atividades que agregam valor e diminuindo ao máximo as que não agregam.

A maioria das empresas tem a grande oportunidade de reduzir atividades que não agregam valor porque, normalmente, 95% de qualquer processo é desperdício de tempo ou atividade. Podemos acrescentar um oitavo item à lista padrão de sete desperdícios: o desperdício de energia.

Além disso, precisamos compreender duas verdades sobre a melhoria do processo lean antes de usar ferramentas para reduzir o consumo de energia. Primeiro, a melhoria do processo lean é uma parte do gerenciamento lean, que requer um amplo compromisso de mudar a cultura dos líderes de uma empresa. O gerenciamento lean não é um conjunto de ferramentas ou um meio para reduzir desperdício em si próprio e por si próprio.

Um dos benefícios de colocar freqüentemente em prática o gerenciamento lean é a redução nos desperdícios e o aumento subseqüente do fluxo de caixa. Isso, no entanto, é apenas parte da meta final deste gerenciamento: gerar sustentabilidade de longo prazo por meio da melhoria contínua e desenfreada dos processos, o que alimenta a criação exponencial de valor para o cliente ao menor custo possível.

A gestão lean de energia deve ser parte de uma infra-estrutura de administração de energia que inclua gestão de ativos, desenvolvimento de fornecedor, seleção de locais estratégicos e outros fatores relevantes.

Capturando a Energia Desperdiçada - A chave é prevenir perdas. As fábricas consomem mais de 80 de energia enquanto transformam matérias-primas em bens acabados. Este é um bom lugar para começar a identificar o desperdício, pois eliminá-lo significaria um impacto substancial e imediato. Dois modos pelos quais empresas podem começar a capturar a energia perdida imediatamente: encontrar e consertar vazamentos e administrar o desperdício de equipamentos e processos.

Aplicando o Kaizen à Redução de Energia - Propagar e manter os aprimoramentos dos kaizens de energia requer a mesma infra-estrutura de procedimentos disciplinados dos outros esforços de melhoria contínua. Entre eles estão:

Trabalho padrão: procedimentos precisos estabelecidos para cada tarefa do operador com base na taxa de desempenho;

5S: com freqüência, é a primeira etapa para remover o desperdício em uma área ou processo;

Ciclo PDCA (Planejar-Desempenhar-Conferir-Agir): um ciclo de melhoria introduzido por W. Edwards Deming que propõe uma mudança em um processo (planejar), implementa a alteração (desempenhar), avalia os resultados (conferir) e requer ajustes (agir) com base nos resultados;

Gerenciamento visual: expor todas as ferramentas de desempenho de um processo ou sistema de modo que todos os envolvidos possam compreender imediatamente o status do processo ou sistema.

A melhoria contínua do lean sempre enfatizou a redução do desperdício. Isso faz tanto as ferramentas lean quanto as kaizen ideais para procurar e remover o desperdício de energia. Visivelmente, os benefícios da redução de tal consumo incluem uma projeção da responsabilidade para funcionários, clientes, comunidades, reguladores e legisladores. Internamente, os industriais tiram proveito da economia imediata e freqüente dos custos, de processos mais estáveis e de um avanço para programas de certificação como a ISO 14001.

Enquanto as preocupações com as mudanças climáticas e a proteção dos recursos demandam a atenção dos negócios que são grandes consumidores de energia, a obrigação competitiva de aumentar o valor para o cliente, controlando os custos, fica em evidência. Felizmente, as ferramentas de melhoria de processo lean, comuns e comprovadas, podem ajudar as empresas a enfrentarem ambos os desafios

domingo, 22 de novembro de 2009

Tecnologia solar - breve histórico

A energia do sol pode ser usada de maneiras diferentes. A chamada energia solar termal é obtida através da conversão do calor solar em calor útil, para água de chuveiro quente ou aquecedor, por exemplo. Fotovoltaicos, ao contrário, significa transformar a radiação solar em energia elétrica. Para que isso seja feito, células solares individuais são combinadas para criar módulos solares.
As células solares consistem de um material semicondutor (geralmente o silicone) onde a irradiação da luz é separada em carregadores negativos (elétrons) e positivos. Um campo elétrico criado pelos desequilíbrios selecionados no semicondutor separa os carregadores. O resultado é uma falta de elétrons em um lado e um excesso deles no outro. Esta tensão elétrica pode ser coletada com um contato metal nos lados superiores e inferiores.
O físico francês Alexandre Becquerel já havia descoberto o efeito fotovoltaico, quando os pares de carregadores elétricos são separados ao serem atingidos pela luz solar, em 1839. Em 1884, o americano Charles Fritts descreveu a força eletromotor em selênio iluminado e construiu a primeira célula solar. Entretanto, sua eficácia foi mínima.
A explicação científica para o fato de que a luz pode ser transformada diretamente em eletricidade foi dada por Albert Einstein em 1905. O seu trabalho sobre a lei do “efeito fotoelétrico” de 1905 fornece a fundação dos fotovoltaicos modernos.
Na verdade foi uma coincidência que nos levou até a célula solar moderna. Calvin Fuller e Gerald Pearson estavam desenvolvendo um transistor e criaram a célula solar quase que como o resultado de uma experiência. Juntos com o colega Darryl Chapin, os pesquisadores apresentaram seu “Aparato Conversor de Energia Solar” com base de silicone em 1953. Esta foi então a grande descoberta. Em 1958, o primeiro satélite com um dispositivo de energia fotovoltaica já estava flutuando no espaço. Hoje, a energia suprida pelos módulos fotovoltaicos é a energia padrão para espaçonaves.
No início a energia fotovoltaica era uma forma de tecnologia cara usada somente em aplicações especiais. Mas a crise do óleo em 1973 e a catástrofe de Chernobyl em 1986 forçaram a pesquisa de novas fontes regenerativas de energia. A conversão de luz solar em eletricidade e calor originou um grande ‘boom’, finalmente se tornando mais acessível para ser utilizada em residências particulares.
Atualmente, as chamadas células solares de filme fino estão sendo produzidas. O custo-benefício é eficiente já que muito pouco silicone é necessário para fazê-las. As células são vapores depositados em um meio como vidro e podem então ser instaladas facilmente em fachadas, por exemplo.

COP 15



O que é a COP-15?
A COP-15 é a sigla da 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). A COP é o organismo supremo da Convenção e se reúne anualmente para avaliar a implementação do tratado. Já foram realizadas 14 COPs desde a adoção da Convenção na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992 (Rio-92). A COP-15 será realizada em Copenhague, capital da Dinamarca, entre 7 e 18 de dezembro de 2009.



Quem participará?
A Convenção do Clima foi assinada pela União Europeia e por 191 países, somando, portanto, 192 partes com direito a voto na COP-15. Para a COP aprovar uma proposta, a decisão precisa ser de consenso entre todas as partes presentes. São esperadas mais de 15 mil pessoas na COP-15 entre diplomatas, funcionários dos governos e da ONU, assessores, ativistas e jornalistas, além de chefes de Estado e governo.



O que será discutido?
O principal objetivo da COP-15 é aprovar um novo acordo climático que reduza substancialmente as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromissos do Protocolo de Kyoto. Também farão parte do acordo diretrizes para ações de adaptação às mudanças climáticas e a transferência de tecnologias dos países ricos às nações em desenvolvimento.

Há risco de não haver acordo?
O maior problema para fechar um acordo é a falta de uma proposta de corte nas emissões de carbono dos Estados Unidos. O presidente Barack Obama vai modelar sua proposta conforme as diretrizes da lei de clima e energia em tramitação no Congresso do país. Como a lei não deve ser aprovada antes da COP-15, é possível que o novo acordo climático seja concluído apenas em 2010.



Que meta de redução nas emissões de gases-estufa deveria ser contemplada no acordo?
Em seu relatório de 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à ONU, recomendou diminuição até 2020 de 25% a 40% nas emissões dos países desenvolvidos. O corte nos gases deve tomar como parâmetro as emissões ocorridas em 1990, que somaram quase 19 bilhões de toneladas (incluindo EUA na conta). Logo, os países precisariam reduzir as emissões para um faixa entre 11 bilhões e 14 bilhões de toneladas de gases-estufa em 2020. O IPCC também recomendou as emissões do mundo inteiro sejam cortadas pela metade até 2050, objetivo que depende de cortes também significativos nas emissões dos países em desenvolvimento. Só assim aumentará a chance de que a temperatura não subirá mais que 2 graus Celsius neste século.



Por que a temperatura não pode subir mais que 2 graus?
Segundo os cientistas, esse é o limite para evitar um descontrole perigoso no clima da Terra. Tal cenário poderia provocar impactos mais catastróficos para a vida no planeta, como a extinção em massa de animais e plantas, o aumento acelerado no nível do mar, freqüentes e severas tempestades e furacões, avanço veloz dos desertos, ondas de calor e proliferação de doenças.



Que metas os países desenvolvidos apresentarão em Copenhague?
A Noruega anunciou até o momento a meta mais elevada, um corte de 40% nas suas emissões até 2020 em relação a 1990. Em seguida, vem Reino Unido (34%), Japão (25%) e União Europeia (20%), que pode elevar sua meta a 30%, se os outros países desenvolvidos fizerem o mesmo. O projeto da lei de clima e energia em tramitação no Senado dos EUA prevê corte de 7% na comparação com 1990.



Haverá metas para os países em desenvolvimento?
Como os países desenvolvidos são responsáveis por 75% do carbono lançado na atmosfera desde 1850, os países em desenvolvimento recusavam-se a aceitar metas obrigatórias para cortar suas emissões. Entretanto, a contribuição desses países para o aquecimento global vem aumentando bastante nos últimos anos, em virtude do maior uso de carvão, gás natural e derivados de petróleo na geração elétrica e das altas taxas de desmatamento de suas florestas. Por isso, ante forte pressão de ambientalistas e países ricos, alguns países em desenvolvimento, particularmente as maiores economias do grupo, já admitem apresentar propostas para desacelerar a tendência de crescimento em suas emissões. Isto é, eles continuariam aumentando as emissões, para não frear o crescimento de suas economias. Mas elas aumentariam menos do que o crescimento hoje projetado para 2020. Para isso, eles receberiam ajuda financeira e tecnológica dos países ricos para investimentos em tecnologias limpas e na conservação florestal.



As florestas serão contempladas no novo acordo climático?
Segundo o relatório de 2007 do IPCC, o desmatamento responde por 17% das emissões globais de gases de efeito estufa a cada ano. Apesar disso, o desmatamento ficou de fora do Protocolo de Kyoto. Para preencher a lacuna, discute-se a inclusão no acordo climático do mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd). Os países com elevadas taxas de desmatamento seriam incentivados a promover projetos de conservação florestal e combate ao desmatamento com dinheiro do Redd.



De onde virá o dinheiro para financiar atividades de Redd?
Ainda não há consenso sobre a arquitetura financeira do mecanismo. Há inúmeras opções sob estudo, desde doações de países ricos, como ocorre no Fundo Amazônia do governo brasileiro, até créditos de carbono gerados por atividades de Redd, que seriam comprados pelos países desenvolvidos. Dessa maneira, eles cumpririam parte da meta investindo na redução das emissões países florestais, que sai mais barato do que substituir combustíveis fósseis por energias renováveis em suas economias.



O que pode ser feito para proteger ecossistemas e populações humanas das mudanças climáticas?
As mudanças climáticas já afetam as regiões mais vulneráveis ao fenômeno, localizadas nos países em desenvolvimento. No acordo climático, serão definidas obrigações de ajuda dos países industrializados a programas de adaptação nos países em desenvolvimento. Diversas medidas terão que ser executadas para atenuar impactos, como o deslocamento de populações para áreas mais seguras, troca de tubulações nas redes de drenagem para suportar chuvas mais pesadas e o desenvolvimento de plantas agrícolas mais resistentes a secas. O Banco Mundial estima que os gastos anuais com adaptação nos países em desenvolvimento vão variar de 75 bilhões a 100 bilhões de dólares.



Por que o tema da tecnologia é considerado um dos eixos centrais do novo acordo climático?
Para diminuir emissões de gases-estufa e implementar ações de adaptação às mudanças climáticas, é necessário desenvolver e comprar tecnologias como turbinas eólicas, energia solar fotovoltaica e biocombustíveis. O novo acordo terá de criar instrumento que facilite e barateie o acesso dos países em desenvolvimento a tecnologias que ajudam o planeta a combater o aquecimento global. Geralmente, os detentores das patentes dessas tecnologias estão no Primeiro Mundo. Por conseguinte, discute-se a criação de um fundo que pague royalties para o uso de tecnologias por países pobres. Uma ideia mais controversa é utilizar o licenciamento compulsório (conhecido como quebra de patente) quando não houver acordo com o proprietário da tecnologia.



Qual o montante financeiro necessário para ajudar os países em desenvolvimento a diminuir suas emissões?
Nenhum país anunciou ainda o montante de recursos que disponibilizará para ajudar os países em desenvolvimento em ações de corte nos gases-estufa e adaptação às mudanças climáticas. O que circulam no momento são estimativas sobre custos das medidas e valor total da ajuda. A União Europeia (UE) calcula gasto anual de aproximadamente 150 bilhões de dólares. Mas até 40% desse montante seriam providos pelos próprios países em desenvolvimento, segundo proposta em discussão na UE. Já a China defende que os países ricos prestem ajuda equivalente a 1% de seu Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país), que totalizaria algo próximo a 400 bilhões de dólares ao ano. Outro ponto polêmico no tema do financiamento é o da governança. Para os Estados Unidos e outros países ricos, o Banco Mundial deve cuidar do dinheiro do fundo mundial de mudanças climáticas, que proverá recursos adaptação e redução dos gases-estufa. Já os países em desenvolvimento querem que a ONU crie uma nova estrutura para administrar esse fundo, com participação equilibrada de nações ricas e pobres na gestão do instrumento.

Solar thermal energy to create 470,000 jobs

Under the most ambitious scenario, solar thermal would make up 6.3% of the European Union’s 20% renewable energy target, representing an annual sector growth rate of 26. As a footnote, the European solar thermal market achieved a spectacular growth of 60% in 2008. By 2050 solar thermal has the potential to cover 47% of the EU low-temperature heat demand.
In terms of economic effects, the impact on employment would be considerable. In total, the solar thermal sector would provide 470.000 full-time jobs in 2020, in the European Union domestic market alone.
“The solar thermal market is expected to reach huge growth in the coming years as energy and climate policies push renewable space and water heating up the agenda”, says ESTIF President Olivier Drücke.
www.solarthermalmagazine.com

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O smart grid - rede elétrica inteligente

Quando o Brasil adotar o smart grid, a rede elétrica inteligente, qualquer um poderá gerar energia em casa e usá-la ou vendê-la para as empresas concessionárias. Isso vai estimular a adoção de tecnologias verdes ainda pouco populares, como turbinas eólicas e placas solares fotovoltaicas, que passarão a ocupar os telhados e quintais de casas e edifícios. As tarifas cobradas pelas companhias fornecedoras terão preços diferenciados, variando de acordo com o volume de consumo em um determinado período do dia. Panes ou blecautes poderão ser detectados online e corrigidos em tempo recorde.




Esse cenário pode parecer um sonho futurista, mas é mais real do que você imagina. Os equipamentos que vão permitir uma revolução no setor elétrico já existem. Parte deles está inclusive em funcionamento em algumas cidades do mundo, como asamericanas Austin e Boulder — China e Itália também vêm conduzindo experiências. Seu uso só não decolou ainda por causa do preço, mais alto que o dos obsoletos aparelhos usados há anos. Dois fatores, no entanto, estão começando a fazer isso mudar.

O primeiro deles é o aquecimento global, que tem exigido a busca por novas formas de reduzir as emissões de carbono. O problema é bem maior nos países mais ricos, responsáveis pela produção de boa parte dos gases causadores do efeito estufa. Grande parcela da energia consumida por essas nações vem de usinas termelétricas, que queimam combustíveis fósseis. Como o smart grid facilitará o uso de fontes renováveis, esse impacto poderá ser reduzido.

O segundo fator é o aumento do consumo de eletricidade em todo o planeta, previsto para ocorrer nas próximas duas décadas. De acordo com uma projeção divulgada no fim do ano passado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a demanda mundial por watts deve dobrar até 2030. Por isso, é vital ter um sistema elétrico mais confiável, capaz de reduzir as perdas na transmissão e de fornecer informações bem detalhadas sobre gastos.

A ELETRICIDADE COPIA A WEB
A primeira grande diferença entre o smart grid e o sistema atual está no modo como a energia é distribuída. O modelo adotado hoje por todos os países ainda guarda as mesmas características de um século atrás. “Ele é baseado no princípio de que a energia é gerada em um ponto e consumida em outro”, afirma Pedro Jatobá, presidente da Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel) — a entidade reúne as principais companhias energéticas do país. Na rede inteligente, a transmissão pode começar em qualquer ponto e seguir em qualquer direção. A ideia é ter uma estrutura similar à da internet.

Outro elemento fundamental para o novo sistema são os medidores inteligentes, ou smart meters. Por meio deles, cada consumidor conseguirá saber exatamente quanto gasta durante as 24 horas do dia, ao longo de todo o mês. As informações poderão ser acessadas inclusive em tempo real, pela web. No Brasil, existem quase 5 milhões de aparelhos desse tipo, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) — apenas uma parte desse total, contudo, já foi instalada. O problema é que os equipamentos são subutilizados no país.

Algumas concessionárias decidiram adotá-los em áreas com grande concentração de moradores de classes média e média baixa, para reduzir os furtos de energia. Como os dados coletados são repassados para uma central por radiofrequência, fica fácil descobrir se existem desvios — os consumidores, no entanto, não têm acesso às informações detalhadas. “O preço dos aparelhos é de três a quatro vezes maior do que o dos medidores tradicionais”, diz Alvaro Dias Junior, diretor-geral e vice-presidente executivo para América do Sul da Landis+Gyr, uma das fabricantes desses equipamentos. “Mas as perdas dessas concessionárias são tão grandes que 1% de economia já é bastante dinheiro.” Atualmente existem 62 milhões de medidores no Brasil, segundo a Aneel.
- O preço da mudança: 62 MILHÕES de medidores precisam ser trocados por Modelos inteligentes no Brasil.
- 230 REAIS: É o gasto médio para instalar cada um dos novos aparelhos. Fonte Aneel

DEU PAU NA ENERGIA
O problema é que a rede elétrica brasileira ainda não está preparada para as tecnologias mais modernas. Em Duque de Caxias (RJ), a concessionária Ampla substituiu os medidores em alguns bairros por modelos eletrônicos em 2007.



O dono de uma padaria levou um susto quando recebeu a conta. Por causa de problemas de variação de tensão, o aparelho registrou 58,6% a mais do que havia sido realmente gasto. O erro foi constatado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e provocou um recall em milhares de equipamentos para evitar novos enganos.

Para o smart grid funcionar, precisa estar acompanhado de uma rede de transmissão de dados. Isso garantirá que todas as informações coletadas sejam repassadas para as empresas de energia. Além dos medidores inteligentes, os outros aparelhos necessários para o funcionamento do sistema, dos transformadores aos disjuntores, vão sair do atual estado passivo e começarão a falar. Se ficarem mudos, sera mais fácil de localizar a origem do problema e fazer a substituição. O sistema será mais automatizado.

Várias são as tecnologias que podem servir para essa comunicação. É possível adotar o sistema de internet pela rede elétrica, o Power Line Communications (PLC), ou fazer a transmissão por fibra óptica, por exemplo. A escolha vai depender das características de cada rede e de quanto será investido para modernizar o sistema.

ESPIÕES DE ENERGIA: A modernização da rede elétrica também é necessária para garantir a segurança. Quer um exemplo? Espiões da Rússia e da China já invadiram o sistema de energia dos Estados Unidos e instalaram programas com o objetivo de causar uma pane no futuro. Com o smart grid, o plano dificilmente daria certo.

Fonte: Planeta Sustentável

COP 15 - Energia


Mais energia limpa, menos carbono

Taxação do petróleo e seus derivados, incentivos para o uso de fontes renováveis de energia e até para a geração de fontes antes desconhecidas, como o bagaço de cana e o lixo urbano, são assuntos que farão parte das discussões da 15ª Conferência das Partes, da ONU, em Copenhague, e que podem mudar o cenário energético do mundo


Energia será o assunto mais comentado na 15ª Conferência das Partes, em Copenhague. Especialmente porque, na maioria dos países, a energia elétrica ainda é proveniente da queima de combustíveis fósseis.

O Brasil se vangloria por ser o país com a matriz energética mais limpa do mundo. Atualmente, a hidroeletricidade corresponde a 69,5% da capacidade instalada total de energia do país. No entanto, mais do que contarmos vantagens sobre esse aspecto na COP-15, devemos desejar que o acordo climático seja exigente com a redução de emissões.

Isso porque, caso os países não reduzam seus níveis de emissões de carbono, as mudanças climáticas tendem a se agravar, aumentando o número de eventos extremos e impactando, diretamente, o regime de chuvas. Como dependemos do volume dos rios para a geração de energia, uma alteração na quantidade de chuvas poderia levar a um apagão, cujos efeitos os brasileiros já sentiram na pele.

Para evitar que falte energia no país, pode ser que o governo adote algum mecanismo em que quem gaste mais energia tenha que compensar suas emissões de alguma maneira, nem que seja pelo pagamento de uma taxa extra na própria conta de luz.

O presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, diz que a opinião pública internacional não só prega a taxação de todas as atividades econômicas e indivíduos que emitam gases de efeito estufa, como propõe a criação de um fundo internacional que receba a receita da taxação de tudo o que utiliza petróleo e seus derivados. Isso quer dizer que construir termelétricas no Brasil – tendência que tem se fortalecido ultimamente – pode se tornar um mau negócio num futuro não tão distante assim.

Para os casos em que o carvão é necessário como fonte de energia, Tasso Azevedo, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, diz que poderíamos deixar de importar o carvão mineral da Austrália e ter algum tipo de incentivo para o uso do carvão vegetal nacional, a partir de florestas plantadas. “Além de gerar emprego para os brasileiros, aumentaríamos nossa cobertura florestal, diminuindo o impacto das chuvas sobre morros e encostas e ganharíamos em estoque de carbono”.

Construções autossuficientes
O ramo das energias alternativas – ou complementares, como dizem alguns especialistas – também vem ganhando espaço nas pesquisas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Daqui para frente, será cada vez mais comum ver casas com placas solares, por exemplo, mesmo entre a população de baixa renda. “Os bancos podem desenvolver linhas de financiamento que facilitem a aquisição desses equipamentos”, diz João Talochi, representante do Greenpeace. “O governo também pode criar tarifas diferenciadas que permitam que o investimento em energia solar traga retorno para quem o faz. Na Alemanha ou na Espanha, por exemplo, quando as residências não estão consumindo a energia gerada pelas placas solares, ela retorna para o sistema público de energia e o proprietário ganha por isso”, conta.

Conhecido como geração descentralizada de energia, o mecanismo garante maior segurança energética para a população. “As pessoas vêm o investimento em placas solares como uma caderneta de poupança, pois economizam na conta de luz e até ganham mais do que gastam”, observa Talochi.

A tecnologia de células fotovoltaicas em vidros também já é uma realidade. Imagine quanta energia poderia ser produzida pela enorme quantidade de prédios que existem nos grandes centros urbanos. Poderíamos até falar em prédios autossuficientes ou, em muitos casos, em edifícios geradores de energia.

Lixo e cana: de vilões a fontes energéticas
Outra fonte energética pode ser o lixo urbano. Além de evitar a emissão de metano, que também tem efeito estufa e é quatro vezes pior do que o gás carbônico, pequenas comunidades podem gerar a própria energia a partir do lixo que, inevitavelmente, produzem. Se pensarmos que, atualmente, cada pessoa produz, por dia, cerca de um quilo de lixo, está aí uma boa maneira de dar um destino melhor aos resíduos acumulados nos lixões e aterros sanitários.

Uma das promessas de geração de energia para o Brasil é o bagaço de cana, que antes era considerado apenas um resíduo da produção sucroalcooleira e, portanto, um problema a ser resolvido, e hoje pode representar 15% da produção de energia do país, o que corresponde à capacidade de duas Itaipus.

“Estão surgindo muitas tecnologias de ponta no setor de energia”, observa Ricardo Young. “A tendência é que, em vez de grandes usinas produtoras de energia e linhas de produção elétrica intermináveis, teremos várias fontes renováveis e remotas de energia ligadas a grandes centrais elétricas. É uma revolução incrível”, diz.

COP


Markus Becker e Christoph Seidler

A possibilidade de que se chegue a um acordo durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2009, que ocorrerá em Copenhague, parece menor do que nunca. Mas os ambientalistas ainda enxergam uma pequena chance de progresso na reunião de dezembro.

Alguns meses atrás, parecia ser quase inconcebível que a conferência em Copenhague pudesse acabar sem um acordo legal e compulsório. A pressão política sobre as nações industrializadas era enorme, e as expectativas dos seus habitantes muito altas.

Impasse Operários trabalham em fábrica de Pequim, na China. Assim como os americanos, o governo chinês demonstra estar disposto a fazer o mínimo possível em relação à alteração climática.


"Não existe Plano B", era o mantra do ministro dinamarquês do Meio Ambiente, Connie Hedegaard - e o resto do mundo parecia indicar que concordava, ainda que apenas de forma murmurante. E quando as potências mundiais que participaram da reunião de cúpula do G-8 em L'Aquila, na Itália, em julho, concordaram quanto a metas ambiciosas para a redução dos gases causadores do efeito estufa, o fato pareceu indicar que um desfecho positivo para as negociações internacionais sobre mudança climática constituíam-se realmente em uma opção realista.

No entanto, neste ínterim, uma outra coisa ficou evidente: o sucesso é medido pelas metas estabelecidas. E a meta foi redefinida no último domingo. Na reunião da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec, na sigla em inglês), em Cingapura, 17 chefes de Estado e governo - incluindo os da China, da Rússia e dos Estados Unidos - destruíram todas as esperanças de que se estabeleçam metas internacionais compulsórias quanto ao clima na reunião de Copenhague. Até mesmo o acordo para reduzir pela metade as emissões de dióxido de carbono até 2050 a que se chegou em L'Aquila foi colocado de lado. Agora, o único resultado possível é um "acordo politicamente compulsório". Segundo o último plano para a reunião, chegar-se-ia a um acordo legal em um estágio posterior.

Conversações sobre o clima: um fracasso antes mesmo de começarem
Mesmo antes de a reunião ter início em 7 de dezembro, as conversações sobre o clima já dão a impressão de que serão um fracasso - pelo menos ao se considerar qual era a meta original das negociações. Ao final de 2007, em uma conferência na ilha indonésia de Bali, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu que um acordo que se seguiria ao Protocolo de Kyoto, que expirará em 2012, teria que ser alcançado dentro de dois ano - e que esse acordo seria finalizado em Copenhague. O fato de que isso não mais acontecerá é "mais do que deplorável", segundo o pesquisador especializado em clima, Hans Joachim Schellnhuber, que faz parte da delegação alemã que seguirá para Copenhague.

Mesmo assim, o diplomata graduado da ONU para a questão climática Yvo Boer continua otimista. "Copenhague pode e tem que esclarecer questões relativas à redução de emissões e ao financiamento de ações iniciais", diz de Boer, que é chefe do Secretariado da ONU para Mudança Climática em Bonn, referindo-se ao auxílio financeiro que as nações desenvolvidas oferecerão aos países desenvolvidos para ajudá-los a lidar com a alteração climática. "Não vi nada que modificasse a minha visão em relação a isso".

A "hora do realismo" para as negociações sobre a mudança climática se aproxima
Em uma última reunião informal em Copenhague antes do início da conferência, ministros do Meio Ambiente de mais de 40 países estão atualmente discutindo o que se pode salvar das negociações. De Boer está lá, assim como o novo ministro alemão do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, que afirma "a forte vontade dos participantes de fazer de Copenhague um sucesso". De fato, as esperanças de um acordo global sobre a alteração climática não parecem ainda completamente extintas.

"Esta é a hora do realismo", disse a "Spiegel Online" Susanne Dröge, do Instituto Alemão para Questões Internacionais e de Segurança (Stiftung Wissenschaft und Politik, ou SWP, em alemão), acrescentando que já era hora de ajustar as altas expectativas em relação à conferência. "Há muito tempo alguém já deveria ter dito tudo isso publicamente", observa ela, acrescentando que as altas expectativas pesaram bastante sobre os negociadores durante os preparativos para a conferência. "Agora, parte da pressão que vinha se acumulando foi liberada. Se isto tivesse ocorrido em Copenhague, teria sido muito pior".

Christoph Bals, da organização ambiental Germanwatch, concorda. Ele acha que a conferência poderá alcançar um resultado razoável - e não apenas uma declaração final vagamente formulada. "Ainda poderá haver um acordo legalmente compulsório", disse Bals a "Spiegel Online". Há algum tempo é evidente que as conversações de dezembro não produziriam nenhum tipo de tratado internacional definitivo que os países poderiam simplesmente ratificar, diz ele. Mas Bals sente que ainda existe a possibilidade de que a conferência de Copenhague possa ajudar a mundo a dar um grande passo na direção certa.

Três pontos essenciais para as negociações sobre mudança climática
Entre os observadores existe o consenso de que, para que se alcance algum tipo de sucesso, é necessário que haja concordância quanto a três pontos.

1. Metas de médio e longo prazo para a redução de gases causadores do efeito estufa.

2. Apoio financeiro das nações industrializadas para os países recentemente industrializados e os países em desenvolvimento.

3. Transferência de tecnologia para os países pobres.

"A Dinamarca está trabalhando arduamente para assegurar um resultado de sucesso e ambicioso em Copenhague", disse a "Spiegel Online" a ministra dinamarquesa do Meio Ambiente, Connie Hedegaard. "No decorrer dos últimos meses, ela tem viajado pelo mundo a fim de fazer pressões para que se chegue a um resultado em Copenhague; um resultado que agora parece improvável. Não obstante, ela descreve o novo plano dinamarquês para que se chegue a acordos "politicamente compulsórios", em vez de legalmente compulsórios, em Copenhague, como sendo a abordagem correta.

Mas esses acordos "politicamente compulsórios" poderão também terminar sendo apenas declarações de intenção destituídas de qualquer compromisso, sem um cronograma concreto ou qualquer outro detalhe real. No momento ninguém pode determinar quais alternativas acabarão emergindo das conversações. "Eu atualmente enxergo probabilidades de 50%", diz Bals.

A meta que Copenhague precisa alcançar
Entretanto, Hedegaard parece pronta a lutar pelo resultado que deseja. "Copenhague deveria incluir um prazo par que se chegue a um acordo legalmente compulsório", sustenta ela.

O enviado especial da Suécia para a questão da mudança climática, Lars-Erik Liljelund, tem a mesma opinião. O país dele está indo para as discussões como ocupante da presidência rotativa de seis meses da União Europeia. Ele concorda com a estratégia dinamarquesa. "Nós a apoiamos por acreditarmos ser importante que se chegue a um resultado em Copenhague", declarou ele a "Spiegel Online". Porém, ele afirma que já estava claro seis meses atrás que a conferência não resultaria em nenhum tratado legalmente compulsório.

Os europeus sem dúvida contribuíram para reduzir as expectativas quanto às conversações de Copenhague. O principal problema tem sido que as nações europeias não são capazes de concordar quanto à quantidade de dinheiro que os países em desenvolvimento devem receber para ajudá-los a adotar qualquer objetivo em relação à mudança climática (esses objetivos são também conhecidos como "adaptação" no jargão oficial) e a reduzir as suas emissões de gases causadores do efeito estufa ("mitigação"). Porém, o auxílio financeiro para ajudar a lidar com a alteração climática é uma demanda fundamental dos países em desenvolvimento.

Os ambientalistas não querem nem pensar no que poderia acontecer se o único resultado de Copenhague fosse uma vaga declaração de intenção não compulsória.

"Se quisermos manter o aquecimento global dentro de uma faixa de dois graus centígrados - em outras palavras, a quantidade de aquecimento cujos efeitos, na opinião dos cientistas, ainda poderiam ser controlados pela metade - será necessário que não seja apresentada qualquer outra alternativa a um acordo compulsório", adverte Stefan Krug, diretor da unidade politica do Greenpeace da Alemanha. "Qualquer outra coisa representaria um fracasso total das negociações de Copenhague", conclui Krug.

Declaração da Apec poderia ser positiva
Os observadores não sabem ao certo como interpretar o empecilho anunciado pelos líderes que participam da conferência da Apec. Uma leitura otimista indicaria que os países envolvidos desejam mais tempo porque eles estão falando sério a respeito de se chegar a um acordo forte e compulsório.

"Não faria sentido algum concordar com um acordo internacional que representasse o menor denominador comum", argumenta Schellnhuber. "Seria melhor que se chegasse a uma acordo mais tarde e que tal acordo contasse com metas mais ambiciosas".

Dröge concorda. "Não faz sentido pressionar em Copenhague por algo que simplesmente será mais tarde derrubado pelos Estados Unidos", argumenta ela.

No entanto, uma interpretação mais negativa dos fatos seria a seguinte: os Estados Unidos e a China concordariam secretamente em, por ora, fazer o mínimo possível em relação à alteração climática. Os observadores suspeitam que um cálculo simples encontra-se por trás deste cenário: enquanto um dos lados puder acusar plausivelmente o outro de sabotar as negociações, ninguém sofrerá qualquer dano político significativo. "Segundo este cenário, dá para imaginar que o senado dos Estados Unidos e a China agirão conjuntamente para torpedear qualquer acordo", afirma Bals. Em Washington, uma legislação ampla referente à mudança climática tem sido bloqueada há meses no congresso.

O pôquer da mudança climática
Ou tudo isto não passaria de um complô bem planejado? Seria o resultado desalentador da conferência da Apec já uma tática para as negociações de Copenhague?

"A China e os Estados Unidos contam com mais margem de manobra do que eles estão atualmente admitindo", diz Krug. "Obama poderia de fato já concordar com objetivos legalmente compulsórios para as emissões de dióxido de carbono sem esperar pelo congresso. Ele poderia também fazer promessas financeiras para as nações em desenvolvimento e condicionar esses compromissos a reduções de emissões de gases causadores do efeito estufa". Continua havendo a esperança de que, no fim das contas, Obama ceda um pouco porque, caso contrário, ele enfrentará um potencial dano político nos Estados Unidos.

"O fato irônico é que o aquecimento global está aparentemente diminuindo de velocidade. "Sob o ponto de vista psicológico, isto tem um significado crítico", diz Schellnhuber.

Sem dúvida qualquer político medianamente informado saberá que a estagnação do aquecimento global que atualmente vem sendo observada só poder ser temporária. Até 2007, o aquecimento global ainda tinha uma influência significante sobre o debate político, diz Schellnhuber. "Mas desde então a pressão popular tem diminuído", conclui ele.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Entenda como funciona o mercado livre de energia

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é o órgão responsável pelas atividades do mercado livre de energia ou mercado de curto prazo.

A CCEE contabiliza as diferenças entre o que foi produzido ou consumido e o que foi contratado por empresas geradoras, distribuidoras, consumidores livres e empresas comercializadoras de energia. A participação desses agentes no mercado livre é obrigatória.

São considerados consumidores livres aqueles que podem escolher a empresa que vai fornecer energia. É o caso de grandes empresas, shoppings, supermercados, redes de varejo e bancos, entre outros. Já o consumidor residencial é chamado de “cativo”, pois não tem esse poder de escolha.


Como funciona
Se uma empresa ou distribuidora consumiu mais energia do que havia contratado (por meio de leilões ou acordos bilaterais), ela é obrigada a pagar a diferença pelo preço do mercado livre. Esse preço é chamado de Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). Se uma empresa consumiu menos, recebe um crédito.

Os gastos ou lucros com essas diferenças podem ser repassados para o consumidor cativo na data do reajuste anual da distribuidora.

Distribuidoras e consumidores livres são obrigados a ter contratos para garantir 100% do seu consumo previsto. Portanto, o que se negocia na CCEE é somente a diferença entre o consumo previsto e aquilo que foi realizado. Para isso, as empresas são obrigadas a entregar os dados relativos a cada mês do ano. Não há leilões de energia, por exemplo.


Preço
O PLD é calculado com base em sistemas matemáticos. O objetivo é garantir o abastecimento de energia, considerando as previsões para os próximos cinco anos. O uso das termelétricas (que produzem energia mais cara) para compensar a queda no nível dos reservatórios e o atraso nas chuvas, por exemplo, fazem o preço subir.

Estima-se que esse mercado represente 25% do consumo total de energia no país inteiro.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Usinas termoelétricas e usinas nucleares

Energia térmica
Nas usinas termoelétricas a energia elétrica é obtida pela queima de combustíveis, como carvão, óleo, derivados do petróleo e, atualmente, também a cana de açúcar (biomassa).
A produção de energia elétrica é realizada através da queima do combustível que aquece a água, transformando-a em vapor. Este vapor é conduzido a alta pressão por uma tubulação e faz girar as pás da turbina, cujo eixo está acoplado ao gerador. Em seguida o vapor é resfriado retornando ao estado líquido e a água é reaproveitada, para novamente ser vaporizada.
Vários cuidados precisam ser tomados tais como: os gases provenientes da queima do combustível devem ser filtrados, evitando a poluição da atmosfera local; a água aquecida precisa ser resfriada ao ser devolvida para os rios porque várias espécies aquáticas não resistem a altas temperaturas.
No Brasil este é o segundo tipo de fonte de energia elétrica que está sendo utilizado, e agora, com a crise que estamos vivendo, é a que mais tende a se expandir.


Energia nuclear
Este tipo de energia é obtido a partir da fissão do núcleo do átomo de urânio enriquecido, liberando uma grande quantidade de energia.
Urânio enriquecido - o que é isto?
Sabemos que o átomo é constituído de um núcleo onde estão situados dois tipos de partículas: os prótons que possuem cargas positivas e os nêutrons que não possuem carga.
Em torno do núcleo, há uma região denominada eletrosfera, onde se encontram os elétrons que têm cargas negativas. Átomos do mesmo elemento químico, que possuem o mesmo número de prótons e diferentes número de nêutrons são chamados isótopos. O urânio possui dois isótopos: 235U e 238U. O 235U é o único capaz de sofrer fissão. Na natureza só é possível encontrar 0,7 % deste tipo de isótropo. Para ser usado como combustível em uma usina, é necessário enriquecer o urânio natural. Um dos métodos é “filtrar” o urânio através de membranas muito finas. O 235U é mais leve e atravessa a membrana primeiro do que o 238U. Esta operação tem que ser repetida várias vezes e é um processo muito caro e complexo. Poucos países possuem esta tecnologia para escala industrial.
Diagrama do reator de uma Usina Nuclear

O urânio é colocado em cilindros metálicos no núcleo do reator que é constituído de um material moderador (geralmente grafite) para diminuir a velocidade dos nêutrons emitidos pelo urânio em desintegração, permitindo as reações em cadeia. O resfriamento do reator do núcleo é realizado através de líquido ou gás que circula através de tubos, pelo seu interior. Este calor retirado é transferido para uma segunda tubulação onde circula água. Por aquecimento esta água se transforma em vapor (a temperatura chega a 320oC) que vai movimentar as pás das turbinas que movimentarão o gerador, produzindo eletricidade (fig. 2).
Depois este vapor é liquefeito e reconduzido para a tubulação, onde é novamente aquecido e vaporizado.
No Brasil, está funcionado a Usina Nuclear Angra 2 sendo que a produção de energia elétrica é em pequena quantidade que não dá para abastecer toda a cidade do Rio de Janeiro.
No âmbito governamental está em discussão a construção da Usina Nuclear Angra 3 por causa do déficit de energia no país.
Os Estados Unidos da América lideram a produção de energia nuclear e nos países França, Suécia, Finlândia e Bélgica 50 % da energia elétrica consumida, provém de usinas nucleares.

Carro movido à algas


O primeiro carro movido a algas começou a atravessar os Estados Unidos. A partida foi em San Francisco, na Califórnia. O veículo é um Toyota Prius adaptado. Ele alterna a energia elétrica da bateria com o motor a combustão, alimentado por uma mistura de 95% gasolina e 5% algas. O combustível é produzido pela empresa Sapphire Energy, que pretende popularizar as algas como alternativa para o país. O veículo, batizado de Algaeus, vai rodar durante 10 dias até chegar a Washington.
A Sapphire Energy diz que pretende produzir 7,5 milhões de litros de combustível de alga nos próximos dois anos. Também acredita que seu combustível vegetal possa competir com a gasolina tradicional nos próximos anos. A empresa quer desenvolver uma mistura de 10% de alga para os próximos produtos. Também diz que já está produzindo 3 milhões de litros de combustível de aviação, com mistura de algas, ainda este ano.
(Alexandre Mansur)

Energia eólica sozinha pode suprir todas as necessidades da China



Uma equipe de pesquisadores das universidades de Harvard, nos Estados Unidos, e Tsinghua, na China, concluíram que todas as demandas de eletricidade da China, previstas para o ano de 2030, poderiam ser supridas utilizando unicamente a energia dos ventos.
O estudo levou em conta não apenas os dados naturais - meteorológicos, de relevo etc. - mas também as restrições e os incentivos governamentais chineses para cada região e as restrições de natureza econômica para os locais onde é inviável levar a energia eólica.

Matriz energética limpa
A mudança de uma matriz energética fortemente baseada no carvão, petróleo e gás natural, para outra inteiramente limpa, baseada na energia dos ventos, poderia, adicionalmente, reduzir a poluição e as emissões de CO2 daquele país, atualmente o maior responsável pelo lançamento na atmosfera de gases de efeito estufa gerados pelo homem.
A China não está parada quanto à adoção da energia eólica. O país já é o quarto do mundo em capacidade instalada de fazendas de vento, atrás dos Estados Unidos, Alemanha e Espanha.
Apesar disso, a energia eólica responde por apenas 0,4% do total de eletricidade gerada no país. Levando em conta todas as fontes de geração, a China é o segundo país do mundo em geração de eletricidade, com 792,5 gigawatts, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Viabilidade da energia eólica
"Para determinar a viabilidade da energia eólica para a China, nós estabelecemos um modelo econômico regional, incorporando os incentivos governamentais e calculamos o custo da energia com base na geografia," explica Xi Lu, um dos autores do estudo.
Os pesquisadores utilizaram dados meteorológicos do satélite GEOS da NASA. Eles também consideraram que a energia seria gerada em fazendas terrestres formadas com turbinas de 1,5 megawatt de potência cada uma, ocupando áreas rurais sem florestas e não sujeitas ao congelamento no inverno e com inclinação máxima de 20 por cento.
A análise indicou que uma rede de turbinas eólicas operando a apenas 20% da capacidade poderia gerar 24,7 petawatts/hora de eletricidade anualmente, mais de sete vezes o consumo da China atualmente. Essa rede seria suficiente para acomodar toda a demanda chinesa de energia projetada até o ano de 2030.

O maior parque eólico do país custou R$ 465 milhões


O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou, em 2006, um financiamento de R$ 465 milhões para a Ventos do Sul Energia para a instalação de três parques eólicos no município de Osório, no Rio Grande do Sul.O projeto terá capacidade de geração de energia elétrica de 150 MW, cada parque com 50 MW, o que o tornará o maior do país e o segundo do mundo. Durante a construção serão gerados 500 empregos diretos, segundo o BNDES.O financiamento do banco corresponde a 69% do valor total do investimento, sendo R$ 105 milhões liberados diretamente pelo BNDES e os outros R$ 360 milhões repassados por meio de um consórcio de bancos, formado pelo Banco do Brasil, Santander, ABN Amro Real, BRDE Caixa do Rio Grande do Sul e Banrisul.O projeto do parque eólico de Osório, realizado no âmbito do Proinfa (Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Fontes Alternativas), é o primeiro aprovado pelo BNDES para esse tipo de geração de energia. O Proinfa contempla três fontes alternativas de energia: a biomassa, a eólica e as pequenas centrais hidrelétricas.Atualmente, o BNDES tem em carteira outros sete projetos eólicos, que somam investimentos totais de R$ 1,4 bilhão com previsão de financiamento de R$ 821,4 milhões.O banco destaca que um dos méritos do investimento em energia eólica é a sua contribuição para a diversificação da matriz energética brasileira com uma fonte de recursos renovável, sem risco hidrológico. O parque eólico reduzirá a emissão de gases do efeito estufa por MW/hora de energia gerada no sistema interligado, criando um potencial de geração de créditos de carbono.A Ventos do Sul é uma sociedade de propósito específico criada com a finalidade de construir três parques eólicos, denominados Parque Eólico dos Índios, de Osório e de Sangradouro. Ela possui um contrato de compra e venda de energia com a Eletrobrás por um prazo de 20 anos, a partir do segundo semestre de 2006, quando as usinas entrarão em operação. Esta sociedade de propósito específico é composta pela empresa espanhola Enerfin Enervento, a brasileira Wobben e a CIP Brasil. No Brasil, existem atualmente apenas 28,6 MW instalados de energia eólica em 11 empreendimentos, equivalentes a 0,03% da capacidade de geração de energia do país. A expectativa é que com o Proinfa, haja um aumento significativo na capacidade instalada brasileira em energia eólica. Foram selecionados 53 projetos.

Divulgação: POR JUSTIÇA CLIMÁTICA E EM APOIO ÀS LEIS DE INCENTIVO À DESCENTRALIZAÇÃO DA GERAÇÃO DE ENERGIA POR FONTES RENOVÁVEIS E SUSTENTÁVEIS

http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/4019

O clima precisa de políticas públicas que apresentem soluções justas e reais. O impacto das medidas de combate ao aquecimento global devem ao mesmo tempo beneficiar às populações mais vulneráveis e menos responsáveis pelo problema, e não ameaçar seus modos de vida locais. Por isso nós, cidadãos brasileiros abaixo assinados, apoiamos e demandamos a aprovação e implementação das seguintes leis que incentivam a geração descentralizada e mais sustentável de energia por fontes renováveis:
O PL 1563/2007, que propões a criação do Programa de Fontes Alternativas para Sistemas Isolados (Fais) e do Programa de Geração Distribuída (PGD), com objetivo de estimular a geração local deenergia elétrica de até 1 MW por fontes renováveis, como a energia solar, em sistemas conectados ou não à rede elétrica.
O PL 4550/2008, que propõe a regulamentação do comércio e distribuição na rede elétrica da energia gerada em pequenas centrais eólicas, hidrelétricas, à biomassa de resíduos agrícolas e que utilizambiogás proveniente do tratamento sanitário ou de esgotos.

Descentralização da geração e transmissão de eletricidade

O mundo está se preparando para transformar a tradicional rede de distribuição de energia, centralizada em grandes usinas e em gigantescas linhas de distribuição, em um sistema inteligente e descentralizado, muito parecido com a forma como a internet funciona.
Sistemas de geração e distribuição de energia elétrica
O projeto básico dos sistemas de geração e distribuição de energia elétrica é praticamente o mesmo ao redor de todo o mundo, com variações apenas no tipo de usina utilizado em cada país.
Esse projeto, com mais de um século de existência, se fundamenta em grandes usinas e redes de transmissão nacionais gigantescas que interligam essas usinas e levam a energia até as indústrias e às residências dos consumidores.
Em um comparação com a Internet, é mais ou menos como se existissem apenas grandes sites de informações, tudo centralizado. Se alguém quisesse montar seu próprio servidor e conectá-lo à rede - ou mesmo montar um site - simplesmente não existiriam mecanismos que permitissem a inserção do novo site à rede já existente.
Geração alternativa de eletricidade
Com o esgotamento do modelo energético atual, estão se desenvolvendo inúmeras fontes alternativas de energia que podem não ser viáveis - técnica ou economicamente - em grande escala, mas que se justificam em microescala ou até mesmo em bases domésticas.
Painéis solares, turbinas de vento, células a combustíveis, biomassa e outros, são formas de geração alternativa de eletricidade que podem ser adotados em empresas e residências, diminuindo a dependência do sistema central.
Internet da energia
A nova rede de distribuição de energia que está sendo projetada, além de descentralizada e inteligente, deverá ser capaz de acomodar iniciativas individuais, coletando o excedente da energia gerada.
Desta forma, a "internet da energia" irá permitir que cada consumidor se transforme também em um vendedor de energia, possibilitando que milhões de usuários gerem sua própria energia a partir de fontes renováveis e vendam o excesso para as empresas de geração e distribuição.
Novo paradigma na geração e distribuição de eletricidade
Esse novo paradigma na geração e distribuição de eletricidade deverá permitir o desenvolvimento de novas tecnologias que não apenas geram, mas que também armazenam energia.
É o caso dos veículos híbridos e elétricos. O sistema atual não tem condições de alimentar uma frota desses veículos durante os horários de pico de seu recarregamento.
Já a nova rede inteligente passará a ter neles um parceiro - o veículo elétrico poderá servir de suporte ao sistema enquanto o carro fica parado na garagem, acumulando a energia gerada em excesso e liberando-a nos horários de pico. E dando uma receita extra para o proprietário do carro.
Além dos sistemas individuais de geração de eletricidade, as pessoas poderão também construir seus próprios sistemas de armazenamento, que operarão no mesmo esquema.
Projeto internacional
O projeto, que deverá ter uma proposta finalizada em cinco anos, reúne universidades, indústrias e laboratórios de pesquisas de nove países. Batizado de Future Renewable Electric Energy Delivery and Management Systems (FREEDM), o estudo será centralizado na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Redação do Site Inovação Tecnológica

ASPECTOS DA GERAÇÃO DESCENTRALIZADA DE ENERGIA ELÉTRICA NO MEIO RURAL E AS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

Até meados da década de 80 e, ainda na de 90, a eletricidade não era disponibilizada, através do sistema convencional de redes de distribuição, para todo o meio rural sob a alegação de que esta atividade não era viável, principalmente, quando considerados aspectos técnicos e econômicos.
A alta dispersão populacional, longas distâncias entre o ponto de origem da rede de distribuição e o ponto final de consumo, custo de investimento elevado, gerado pelo modelo de rede adotado pelas concessionárias, entre outros parâmetros técnicos e econômicos, geravam índices muito baixos, tais como número de consumidores por quilômetro, carga instalada por quilômetro, custo por quilômetro de rede, taxas de crescimento da demanda, retorno do investimento, etc., que não motivavam as concessionárias de distribuição de energia elétrica a realizarem eletrificação rural como era necessário.
O resultado desta ação discriminatória é que até o final da última década deste século XX, ou seja, o ano 2000, o país apresentava um índice de eletrificação rural de, aproximadamente, apenas 30%.
Através da introdução da tecnologia "Sistema Monofilar com Retorno por Terra" – "MRT", caracterizada por apresentar simplificações em materiais, estruturas, dispositivos de proteção e propiciar grandes vãos entre postes, obteve-se redução significativa de custos. No âmbito do Programa de Eletrificação Rural "LUZ NO CAMPO", iniciado em Janeiro de 2000 e que se encontra em implantação no país, este sistema é o definido como prioritário para o atendimento de consumidores rurais. Todas as concessionárias de distribuição de energia elétrica do país estão envolvidas, num esforço governamental de
fazer chegar eletricidade para estes consumidores. Esta tem sido a forma de iniciativa mais freqüente, ou seja, o setor público é chamado a intervir, já que não existem atratividades técnica e econômica no empreendimento. Isto, pela ótica empresarial, afasta as concessionárias do negócio.
Com isto, tem-se ainda um universo de aproximadamente 2.000.000 (dois milhões) de domicílios rurais (27% do total de domicílios rurais), o que corresponde a algo em torno de 10.000.000 (dez milhões) de pessoas (31% do total da população rural), sem acesso aos benefícios da energia elétrica. No país, incluindo a população urbana, o número da exclusão aos serviços de energia elétrica totaliza perto de 12.000.000 (doze milhões) de pessoas ou 6,5% do total de habitantes do país. Cerca de 90% destas famílias têm renda inferior a três salários-mínimos e, 80% estão no meio rural.
Atualmente, está em implantação o programa "LUZ PARA TODOS" que tem o objetivo de levar energia elétrica para estas milhões de pessoas até 2008. O programa, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia com participação da Eletrobrás e de suas empresas controladas.
A instalação da energia elétrica até os domicílios será gratuita para as famílias de baixa renda e para os consumidores residenciais, com ligação monofásica e consumo mensal inferior a 80kwh/mês, as tarifas serão reduzidas, como previsto na legislação.
O programa prevê recursos da ordem de R$ 7 bilhões, dos quais 5,3 bilhões serão recursos federais, provenientes da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e da Reserva Geral de Reversão (RGR). O restante será dividido entre governos estaduais e agentes do setor.
Do ponto de vista tecnológico, o programa contempla o atendimento das demandas no meio rural através de uma das 03 (três) alternativas: a)Extensão de Rede, b) Sistemas de Geração Descentralizada com Redes Isoladas e c) Sistemas de Geração Individuais.
A atividade de suprir com energia elétrica o meio rural não é mais uma novidade. No presente, a geração de energia elétrica na área rural é uma atividade que não mais se restringe à extensão de redes de distribuição da energia elétrica, gerada a partir de sistemas centralizados, tais como as médias e grandes usinas hidrelétricas.
No país, o conceito de eletrificação rural descentralizada, de algum tempo a esta data, vem recebendo incentivos governamentais através de programas específicos, sendo direcionados para contemplar principalmente fontes renováveis de energia.
Um exemplo de programa governamental desta natureza é o PRODEEM – Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios – que tem por objetivo atender às localidades isoladas, não supridas de energia elétrica pela rede convencional, obtendo essa energia de fontes renováveis locais, de modo a promover os desenvolvimentos auto-sustentável, social e econômico, destas localidades.
É totalmente correto afirmar nos dias de hoje que a eletrificação oferece um elenco de soluções para bombeamento d’água, iluminação, telecomunicações, refrigeração para fins médicos e alimentares e força motriz aplicada a diversos fins.
O processo de eletrificação rural descentralizada, e por que não dizer dispersa, pode utilizar-se de tecnologias, disponíveis no mercado, que convertem energias de fontes renováveis em energia elétrica. Exemplos são os painéis fotovoltaicos, turbinas eólicas, co-geração usando biogás, geração através de biomassa vegetal (cana de açúcar, biodiesel usando óleos vegetais, etc.), que, quando operando com grupos motor-gerador diesel, ou outro combustível, e dispositivos com boa eficiência, proporcionam confiabilidade, qualidade e segurança no fornecimento de energia elétrica.
Outra fonte de geração descentralizada, já há muito explorada nas propriedades rurais, é a hidráulica, para a qual o mercado nacional de equipamentos dispõe de unidades que contemplam de 1 kW (um quilowatt) a 30 MW (trinta megawatts), sendo assim classificadas, tecnicamente, de micro a pequenos aproveitamentos hidroenergéticos.
Desta forma, a agora tão notada característica de complementação entre a eletrificação rural descentralizada e a rede convencional de distribuição está completamente aceita, desde que baseada em critérios técnicos e econômicos muito claros.
Neste novo cenário, em que acontecem mudanças estruturais no setor de eletricidade, não podem ser deixadas de lado características que historicamente e legalmente sempre caracterizaram a energia elétrica no país, ou seja, que ela é um serviço público universal e igualitário.
Portanto, a eletrificação rural descentralizada, baseada em fontes renováveis de energia, apoiada em critérios e aspectos tecnológicos, ecológicos, econômicos e de bem
estar social, é uma realidade que não pode ser ignorada e está pronta para aceitar todos os desafios para se levar energia elétrica a todos os habitantes do meio rural deste país.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Geração do Biogás

Biomassa no Brasil

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao final do primeiro trimestre de 2009 a biomassa era responsável por 4.869 MW de capacidade de geração e energia elétrica no país. Isso representa 4,7% do total do parque gerador brasileiro, ou 21% da energia gerada a partir de fontes termelétricas no país. O potencial elétrico do setor ainda está longe de ser completamente utilizado, principalmente devido ao setor sucroalcooleiro. Existem no Brasil mais de 400 usinas de açúcar e álcool, mas apenas 266 estão outorgadas pela Aneel. Ou seja cerca de 33% das usinas ainda não estão outorgadas a produzir eletricidade pela Aneel. As usinas outorgadas têm potência instalada de 3.682 MW.
A modernização do sistema de caldeira e turbina dessas usinas pode aumentar consideravelmente a potência instalada. Além disso, a palha da cana também poderá ser usada como combustível quando a colheita mecanizada estiver plenamente implementada. No caso de São Paulo, maior produtor do país, a queima da palha será eliminada em 2017.
O potencial de produção de energia elétrica no Brasil em 2012 é de 5.300 MW, usando-se apenas 75% do bagaço produzido, segundo a UNICA (União da Indústria da Cana-de-açúcar). Adicionando-se apenas 50% da palha de cana, a capacidade de geração pode ser ampliada para 10.100 MW, potência um pouco maior do que o da usina hidrelétrica de Itaipu.
Outro setor que pode contribuir bastante com a geração de eletricidade é o de papel e celulose, a partir da utilização do licor negro.

Energia renovável, tecnologia e economia

A corrida para desenvolver novas energias renováveis está sendo vista cada vez mais não só como solução para os problemas climáticos, como também para a economia. O setor de energia é, de longe, o maior da economia. É também um dos que passa por mudanças mais profundas e que devem se acentuar e acelerar ainda mais nos próximos anos. Em duas palavras: novos negócios.Energia sempre foi importante do ponto de vista geopolítico. Isso não deve mudar, porém a geopolítica das energias renováveis será bem diferente da era do petróleo. O tão falado conceito de independência energética toma outra dimensão quando se aborda a tecnologia relacionada às energias renováveis. Ao invés das reservas naturais, serão as tecnologias que determinarão o diferencial competitivo das nações.
Um dos grandes diferenciais competitivos dos países nesta nova era será o domínio de tecnologias de energias renováveis, que são mais complexas do que a de extração tradicional de petróleo. Quatro setores se destacam neste campo: eólica, solar fotovoltaica, baterias e células a combustível, e biotecnologia.
Desses quatro setores, o Brasil só se destaca no último, mas mesmo assim o trabalho fica muito aquém do potencial brasileiro de aplicações desta área na agricultura. O setor de biotecnologia é, de longe, o que apresenta maior número de empresas. Contudo, muitas delas estão tentando desenvolver novas tecnologias para outras áreas, com destaque especial para saúde.
Na área agrícola e de bioquímica, onde a biotecnologia se destaca há trabalhos muito sérios sendo feitos por diversos centros de pesquisa, empresas e pesquisadores de universidades. A grande dificuldade continua a ser passar os avanços do laboratório para a vida real, seja por razões financeiras, legais ou mercadológicas.
Quando se fala de energia, o exemplo óbvio da utilização da biotecnologia é a cana-de-açúcar e a fermentação. Ambos são alvo de pesquisas importantes. E no caso da cana, o exemplo da Canaviallis mostra como o conhecimento acumulado pelo Brasil gera valor.
A empresa surgiu em decorrência do sequenciamento do genoma da cana e anos depois foi vendida para a multinacional Monsanto. Um dos principais acinsitas da empresa, a Votorantim, usou parte dos recursos para investir na Amyris, empresa que desenvolve leveduras geneticamente modificadas para produzir diesel a partir do açúcar.
Outros estudos importantes são conduzidos pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e outros órgãos de pesquisa, incluindo o centro de pesquisas da Petrobras e, claro, a Embrapa. Recentemente a DuPont anunciou o investimento em pesquisa relacionada aos biocombustíveis no Brasil.
Ou seja, o Brasil vai bem quando se fala de biocombustíveis e os prospectos são excelentes nesta área. Infelizmente, não se pode falar o mesmo de outras fontes renováveis.
Não há nenhuma grande empresa brasileira que seja destaque mundial na área de energia eólica, fotovoltaica e de baterias, apesar do imenso potencial brasileiro nas duas primeiras áreas. A riqueza mineral do país tambe’m deveria levar a um política de desenvolvimento de novos materiais e a produção de produtos de alta tecnologia baseado neles, como as baterias. O Brasil detém, segundo o US Geological Survey, a terceira maior reserva de lítio do mundo, atrás apenas do Chile e da China.
Não é exclusividade brasileira. Neste aspecto até os Estados Unidos que tem um imenso volume de pesquisas nesta área e capital está ficando para trás. Apenas 2 das 10 maiores fabricantes de aerogeradores têm sede nos EUA. É o mesmo número da China, da Espanha e uma a menos do que a Alemanha. A maior empresa do mundo é dinamarquesa. Veja lista dos 10 maiores fabricantes de turbinas (em inglês).
No caso dos painéis fotovoltaicos apenas 1 entre as 10 maiores são americanas. Neste caso há 3 japonesas, 3 chinesas, 2 alemãs e mais uma de Taipei. Veja a lista dos maiores na Wikipedia. No caso do silício, usado para produzir as células fotovoltaicas, o Brasil é o quarto maior produtor mundial, embora neste caso a maior parte da produção seja usada na indústria siderúrgica.
Tanto na eólica quanto na fotovoltaica, o Brasil nem aparece no retrato, embora no caso de energia solar deva-se fazer a ressalva de que o país tem avançado bastante no uso da energia solar térmica, cuja tecnologia é bem mais simples, mas nem por isso deixa de ser de extrema utilidade para o país. Grande parte desse avan;co deve-se a Cidades Solares.
O desenvolvimento de mecanismos para incentivar o uso de energias renováveis e também ampliar o desenvolvimento de empresas do setor no Brasil é uma oportunidade que já está passando e vai custar caro na hora em que ela for indispensável. E pelo andar da carruagem, isso não vai demorar muito.

Mudanças climáticas: o valor das convergências

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nesta terça-feira (13), documento que estabelece princípios para o setor produtivo em relação às mudanças climáticas. O material, elaborado pelo Comitê de Mudanças Climáticas, também mostra a posição de vanguarda do Brasil na economia de baixo carbono e propõe ações para o setor produtivo.


Os efeitos sociais, econômicos e ambientais das mudanças climáticas apresentam-se como grandes desafios desta e das próximas gerações. Sua avaliação está embasada em estudos científicos e econômicos conduzidos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e aceitos pela comunidade internacional. Eles apontam alterações parcialmente inevitáveis, mas que podem e devem ser mitigadas por iniciativas públicas e privadas no sentido de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa.

Brasil na Economia de Baixo Carbono
O que para o mundo será o futuro, no Brasil já é o presente.
Ao mesmo tempo em que os países ricos criaram historicamente um passivo ambiental, o Brasil desenvolveu uma verdadeira Economia Verde.
O Brasil construiu uma matriz energética limpa, baseada em fontes hidráulicas e em biocombustíveis. Nosso País já utiliza 46% de fontes renováveis, enquanto a média mundial é de 12%, ante 6% nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Antecipamo-nos ao criar um programa de biocombustíveis — único no
mundo —, desenvolvendo novas tecnologias, invejáveis a qualquer nação, a
exemplo da produção e uso em larga escala de etanol a partir da cana-deaçúcar.
Este combustível inovador produzido no Brasil reduz, em até 90%, as
emissões de CO2 na atmosfera quando comparado à gasolina. A adição de
10% de etanol brasileiro a toda gasolina consumida no mundo reduziria, em até
9%, o total de emissões provocadas pela utilização deste combustível em
automóveis.
No processo de transição para uma economia global de baixo carbono, o
Brasil já apresenta vantagens em relação a outros países: produtos e serviços
com baixa intensidade de carbono. Tais pontos positivos devem ser aproveitados tendo em vista o aumento da nossa competitividade no mercado global. Isso garantiria ao País uma boa posição econômica no futuro, já que os investimentos a serem previstos pelos setores público e privado deverão levar em consideração as consequências que o aquecimento global poderá
acarretar.
O vanguardismo dessas bem-sucedidas experiências coloca o nosso País em posição estratégica para servir de exemplo e liderar a necessária transição à economia global de baixo carbono. E, também, garante ao Brasil uma posição privilegiada nas discussões da 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP-15), que a Organização das Nações Unidas (ONU)
realizará em dezembro próximo, na Dinamarca.
Panorama Internacional
Em 2007, os países desenvolvidos comprometeram-se com grandes
cortes de emissões de gases de efeito estufa no médio e longo prazo,
buscando estabilizar o aumento da temperatura da Terra em aproximadamente
2ºC. Segundo o IPCC, para que este objetivo seja alcançado é necessária uma
redução efetiva de emissão de gases de efeito estufa nas nações
desenvolvidas, em aproximadamente 80%, até 2050, tendo 1990 como ano
base.
O IPCC sugere que os países desenvolvidos reduzam pelo menos de
25% a 40% suas emissões até 2020. Entretanto, as posturas até aqui
anunciadas nas negociações internacionais mostram que há forte probabilidade
de estas metas não serem alcançadas, colocando em risco a Conferência de
Copenhague.
Os Estados Unidos, que até há pouco tempo se mostravam alheios ao
processo negociador e às ações significativas de mitigação, começaram a se
posicionar nos últimos meses.
Um projeto de lei aprovado na Câmara do Deputados norte-americana
aguarda o parecer do Senado. No entanto, essa proposta reflete uma tímida
evolução no debate sobre esforços internos dos EUA na redução de gases de
efeito estufa. Prevendo apenas 17% de diminuição de emissões, tendo 2005
como ano base, representaria apenas uma redução de 4,5% em relação a
1990. Trata-se, portanto, de um esforço muito inferior àquele apropriado para a
mitigação acordada em nível internacional.
Ademais, a soma das emissões dos Estados Unidos, União Europeia,
Japão e China representa 80% do total do mundo. O Brasil não responde
sequer por 2% e os outros países em desenvolvimento, menos de 20%. Isso
demonstra que a estratégia internacional de implantação de uma economia de
baixo carbono depende do comprometimento real dos maiores emissores, no
médio e longo prazo, com reduções significativas das suas emissões.
Com relação aos países em desenvolvimento, o Protocolo de Quioto
estabeleceu o princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada, que
foi negociado em acordos internacionais sucessivos até que, em 2007, o plano
de Bali definiu a responsabilidade das economias emergentes: atenuar a curva
de crescimento de suas emissões de gases de efeito estufa.
Para tanto, serão estabelecidos compromissos mensuráveis, verificáveis
e reportáveis. São as chamadas Ações Nacionais Apropriadas de Mitigação (na
sigla em inglês NAMAs).
No âmbito das negociações da COP 15, o que se espera do Brasil são
compromissos de erradicação do desmatamento ilegal, que representa 75% de
nossas emissões, segundo o último inventário brasileiro sobre a questão.
Portanto, devemos buscar a criação de mecanismos financeiros que
remunerem os povos que protegem o nosso meio ambiente.
Mudanças Climáticas e Comércio
O mundo precisa caminhar em direção a um paradigma de
desenvolvimento no qual minimizar as emissões dos gases de efeito estufa
será o mote dessa nova ordem econômica. Diversas iniciativas paralelas à
discussão diplomática em curso na convenção climática estão sendo
estruturadas. Porém, o conceito predominante no posicionamento de diversos
países não é de um modelo sustentável de crescimento, o que pode se
constituir em um sério entrave ao comércio internacional.
A conformação de um novo paradigma sobre mudanças climáticas na
ausência de definições correspondentes no regime de comércio internacional
— particularmente no tocante a medidas ambientais relacionadas à produção
—, configura uma ameaça à competitividade dos países emergentes.
A falta de uma posição normativa internacional sobre este tema cria
preocupante espaço para a adoção de medidas restritivas e unilaterais no nível
nacional — algo que tende a distorcer o comércio e favorecer produtores pouco
competitivos em países desenvolvidos sob a égide de uma suposta defesa do
meio ambiente.
A importância das ações de mitigação de emissões de gases de efeito
estufa não deve servir de pretexto para a adoção de medidas protecionistas.
É preocupante a possibilidade de que adoção de políticas unilaterais de
comércio seja considerada precedente para a aplicação de medidas
semelhantes por outros países.
As políticas internacionais e nacionais sobre mudanças climáticas
devem, obrigatoriamente, ser consistentes com as regras de comércio
estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Este organismo
internacional deve ser o único foro para a negociação de novas regras
específicas sobre a relação entre comércio e mudanças climáticas.
Do mesmo modo, a adoção de tarifas de ajuste de fronteira (BTAs) deve
ser efetivada apenas mediante acordo internacional no âmbito da mesma
OMC.
Compromisso Social
Levando-se em conta a desigualdade socioeconômica do Brasil, os
compromissos a serem assumidos na COP-15 terão de estabelecer como
prioridade a inclusão social e o nivelamento das assimetrias regionais. Conciliar
estratégias de redução de emissões de gases de efeito estufa com o
crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é, certamente, o
maior desafio desta geração.
A FIESP, como representante do maior parque industrial brasileiro, não
se omitirá diante do impacto global causado pelas mudanças climáticas.
Por isso, liderará o processo de elaboração, pelos seus representados,
de inventários e estudos setoriais de emissões para estimular as empresas a
assumirem, voluntariamente, ações de redução de gases de efeito estufa.
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A COP-15 consiste em mais um passo na construção de um novo
conceito de desenvolvimento, no qual as variáveis socioambientais são
inseridas em um arcabouço maior.
Para que isto se torne realidade, a FIESP entende ser indispensável
contar com a convergência de valores de todos os atores representativos da
sociedade civil brasileira.
Assim sendo, a FIESP reafirma sua responsabilidade em promover a
melhoria da proteção ambiental e assume o compromisso de intensificar a
economia de baixo carbono dos setores produtivos que representa.
Sua posição frente às negociações sobre as mudanças do clima reflete a
consciência do importante papel que desempenha no contexto industrial
brasileiro, o que justifica seu compromisso de prosseguir no caminho do
desenvolvimento sustentável, contribuindo para a melhoria da qualidade de
vida da população brasileira.
PARA O DEBATE:
• Incentivar os diversos setores econômicos a continuar seus estudos de
quantificação de gases de feito estufa emitidos, bem como pesquisas
que apontem os impactos das ações de redução das suas emissões na
competitividade da economia brasileira, viabilizando um
comprometimento maior futuro; e
• Incentivar a transferência de tecnologia as médias, pequenas e
microindústrias, considerando suas respectivas capacidades de
adaptação.
Comércio:
• Refutar legislações nacionais sobre mudanças climáticas que criem
privilégios artificiais e, assim, distorçam o comércio internacional. Para
efeito de políticas regulatórias de comércio exterior relacionadas a
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mudanças climáticas, os mecanismos de flexibilização devem ser
contabilizados nos inventários nacionais, tanto dos países financiadores
quanto daqueles que implementarem a ação;
• Garantir que as políticas internacionais e nacionais sobre mudanças
climáticas que afetem regras de comércio sejam consistentes com os
seguintes princípios: (i) Nação Mais Favorecida; (ii) Tratamento
Nacional; e (iii) Tratamento Especial e Diferenciado para Países em
Desenvolvimento;
• Estabelecer que as metodologias de mensuração da intensidade de
carbono em bens e serviços devam ser acordadas internacionalmente e
adaptadas às especificidades locais de cada país. As iniciativas para a
difusão aos consumidores de informações sobre intensidade de carbono
e eficiência energética em bens e serviços devem ser ampliadas;
• Criar certificações de produtos e processos de produção com objetivo de
mensurar o ciclo de carbono que, necessariamente, considerem
metodologias adaptadas às características e condições dos países, bem
como basear-se em conhecimentos científicos disponíveis;
• Evitar que a concessão de apoio governamental a programas de
mitigação das emissões de gases de efeito estufa constitua-se em
subsídio, nos termos do Acordo sobre Subsídios e Medidas
Compensatórias e do Acordo de Agricultura da OMC;
• Incentivar a transferência dos direitos de propriedade intelectual como
ferramenta para a promoção da inovação de tecnologias de baixo
carbono, garantindo o efetivo acesso de países em desenvolvimento às
ferramentas que visem a maximizar os esforços globais de mitigação
das emissões de gases de efeito estufa. Os modelos de transferência de
tecnologia de baixo carbono em discussão no âmbito global devem
promover tal ação em conformidade com as regras de comércio
internacional;
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• Criar a proteção dos direitos de propriedade intelectual à biodiversidade,
incorporando o seu valor inerente;
• Estimular a criação de mecanismos para que os acordos internacionais
sobre mudanças climáticas possam contribuir para a ampliação de
investimentos em tecnologias e métodos de produção de baixo carbono,
em especial em países em desenvolvimento; e
• Compreender que mecanismos de mercado são mais eficientes e
transparentes para a redução de emissões de gases de efeito estufa e
representam custos menores de adequação do que a imposição de
taxas sobre emissões por meio de instrumentos jurídicos. As tendências
nacionais, inclusive de alguns setores no Brasil, apontam para a criação
de um sistema de taxação direta. Isto representa um retrocesso à
tendência mundial de desenvolvimento de mercados interligados de
carbono. O setor produtivo é contra novas taxas que reduzam a
competitividade do produto brasileiro.
MDL:
• Aprovar uma regulação jurídica brasileira que estruture o
desenvolvimento de projetos e que defina a natureza jurídica dos
créditos de carbono. A partir do momento em que estas definições
jurídicas forem estabelecidas, será possível a ampliação de mecanismos
de financiamento de projetos de redução de emissões;
• Reavaliar o procedimento de aprovação de projetos, essencialmente no
que diz respeito ao processo de validação no Brasil; e
• Reavaliar a extensa burocracia adicionada pelo Brasil ao já tão
burocrático processo criado pela ONU, que onera ainda mais nossos
projetos.
Energia:
• Manter a energia hidrelétrica como o principal componente da matriz
elétrica brasileira, por ser uma das fontes de menor intensidade de
emissão de carbono;
• Adequar a participação das fontes de energias renováveis a partir do
bagaço de cana-de-açúcar e eólica e das não-renováveis, nuclear e gás
natural, como fontes de baixa intensidade de carbono, para garantir a
segurança energética, substituindo e evitando a utilização de fontes
térmicas de alto teor de carbono;
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• Incentivar ações de eficiência energética como um dos componentes da
competitividade e por sua efetividade como instrumento mitigador da
mudança do clima;
• Expandir a utilização de biocombustíveis no transporte de carga do
Brasil, como forma de atender ao previsto no Plano Nacional de
Mudanças Climáticas (PNMC);
• Promover e incentivar a pesquisa de etanol de segunda geração;
• Promover a inserção dos biocombustíveis como ações de mitigação de
outros países, incentivando a adoção de NAMAs de biocombustíveis por
terceiros países; e
• Incrementar a transferência, a outros países, de tecnologias de
produção e utilização de bicombustíveis, oriundas do Brasil.
Uso da Terra, Mudança no Uso da Terra e Florestas (LULUCF):
• Defender, com a mais absoluta firmeza, o combate e punição dentro da
lei de desmatamentos ilegais;
• Criar mecanismo sobre redução de emissões por desmatamento e
degradação e considerar ações de conservação, manejo sustentável de
florestas e aumento dos estoques de carbono de áreas já florestadas
(REDD plus), nos termos do parágrafo (i) (b) (iii) do Plano de Ação de
Bali;
• Defender que sejam consideradas, nas novas regulamentações, tanto
florestas homogêneas quanto heterogêneas, estabelecendo a
diferenciação de cada uma destas, valorizando áreas com maior
biodiversidade;
• Considerar as atividades agrícolas conservacionistas, florestas
plantadas e outras envolvendo o uso da terra e as suas mudanças como
mecanismo REDD plus;
• Considerar a contribuição de ferramentas de REDD e REDD plus como
componentes relevantes das ações nacionais (NAMAs) de redução de
desmatamento e conservação de florestas em pé, que permitam gerar
reduções certificadas de emissões passíveis de serem comercializadas;
e
• Garantir que os modelos de mensuração da análise do ciclo de
produção, que levem em conta as emissões resultantes das mudanças
do uso da terra, considerem as características locais de produção.
São Paulo, Brasil, 13 de outubro de 2009
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP)