quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Painel do clima da ONU errou ao prever degelo no Ártico

Um novo estudo de cientistas dos EUA e da França sugere que o IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, errou feio em suas previsões sobre o degelo do Ártico. No caso, errou para baixo: o derretimento observado é quatro vezes maior do que apontam os modelos.

O grupo de pesquisadores liderados por Pierre Rampal, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), publicou seus dados na edição desta semana do periódigo "Journal of Geophysical Research".

Eles uniram dados de modelagem com observações de satélites, navios e até submarinos para estimar que o mar congelado que recobre o oceano Ártico está afinando a uma taxa de 16% por década. Os modelos que alimentaram o relatório do IPCC, publicado em 2007, estimam essa taxa em 4%.

Segundo Rampal e seus colegas, os modelos climáticos computacionais que estimaram um polo Norte sem gelo no verão em 2100 estão atrasados 40 anos em relação às observações. Da mesma forma, o papel da chamada "amplificação ártica" --como é conhecido o efeito de aumento da temperatura devido à perda do gelo marinho e à maior absorção de radiação solar pelo oceano-- provavelmente foi subestimado.

Isso se deve principalmente ao fato de que os modelos não conseguiram reproduzir o aumento de velocidade que ocorre quando o gelo fica mais fino.

O mar congelado do Ártico está em permanente movimento, seguindo as correntes. Todo verão, elas empurram enormes quantidades de gelo para fora do oceano Ártico, pelo chamado estreito de Fram, entre a Groenlândia e o arquipélago norueguês de Svalbard, diminuindo a área do mar congelado.

Acontece que, com a água mais quente, as placas de gelo ficam mais finas (a média entre 1980 e 2008 é de 1,65 metro de afinamento no verão) e se rompem mais. Isso consequentemente aumenta a velocidade de "exportação" do gelo e, por consequência, amplia a redução de área da banquisa.

Em agosto deste ano, a Folha teve oportunidade de experimentar essa alta velocidade do gelo no estreito de Fram a bordo do navio Arctic Sunrise, da ONG Greenpeace. A amarrado a uma placa de gelo de mais de 200 m de comprimento, o navio derivou cerca de 80 km em dois dias.

Rampal afirma que os modelos falham em capturar essa relação entre deformação e velocidade. Aplicando a metodologia usada no novo estudo aos modelos, eles conseguiram resolver quase todas as diferenças entre modelos e observações --o que pode ajudar a estimar com maior precisão o papel do Ártico no clima futuro da Terra.

domingo, 16 de outubro de 2011

Indústria de celulose vende energia excedente

Indústria de celulose vende energia excedente

As novas fábricas de celulose a serem construídas no Brasil terão nova configuração. Além de garantir o fornecimento para as operações, serão capazes de prover quantidades significativas de energia elétrica ao sistema nacional. Esse modelo, anunciado nos projetos de expansão da Suzano Papel e Celulose, estará presente nos investimentos da Fibria. A Klabin, em meio às análises sobre uma nova fábrica, também promete utilizar as tecnologias mais avançadas na nova unidade.


O projeto da Suzano para a construção de uma fábrica de celulose no Maranhão incluiu a compra de dois turbo geradores, os quais atenderão a demanda energética da fábrica e garantirão geração excedente de 100 megawatts (MW), energia suficiente para abastecer uma cidade de mais de 200 mil habitantes. "Todos os grandes projetos do setor devem ser autossuficientes", destaca o gerente da área de Papel e Celulose da Siemens, Walter Gomes Junior.


A Siemens, além de parceria da Suzano no projeto maranhense, também está envolvida na construção da fábrica da Eldorado em Três Lagoas (MS) e da joint venture entre a sueco-finlandesa Stora Enso e a chilena Arauco no Uruguai.


A concorrente Fibria também planeja trabalhar com excedente de energia nos novos projetos. De acordo com o gerente geral de Meio Ambiente Industrial da companhia, Umberto Cinque, a construção da segunda fábrica da Fibria em Três Lagoas poderia elevar o excedente de energia na rede local dos atuais 30 MW para 150 MW. Esse volume não considera eventual repasse energético para a International Paper (IP), com quem a Fibria possui parceria para fornecimento local de utilidades.


A Fibria, por ser uma empresa focada especificamente na produção de celulose após a venda de ativos no segmento de papel ao longo dos últimos meses, é uma das mais eficientes do País. Atualmente, 80% da energia consumida pela companhia são provenientes de recursos renováveis.

"A referência internacional prevê consumo específico de energia de 1,2 MW hora por tonelada (produzida) e hoje todas as nossas unidades estão com níveis abaixo de 1 MW hora por tonelada", destaca Cinque.


Levantamento da Associação Brasileira de Papel e Celulose (Bracelpa) aponta que a geração elétrica do setor cresceu 7,8% entre 2009 e 2010 e a energia elétrica vendida teve alta de 25,1% no período. Hoje, quase 85% da matriz energética da indústria de papel e celulose provém do uso de licor negro (subproduto da celulose) e de biomassa, por isso o consumo de energia pelo setor é pouco expressivo.


Klabin


A Klabin, por ter maior atuação no mercado de papéis, trabalha com taxas menores de autossuficiência energética. Talvez por essa razão a companhia avança em várias frentes diferentes para buscar alternativas de eficiência nessa área. "Nossa autoprodução atual é de 55%, mas temos objetivo de chegar a 70%", destaca o diretor de Planejamento, Projetos e Tecnologia da empresa, Francisco Razzolini.


"As novas fábricas de celulose têm um modelo de venda de energia bastante interessante porque estão integradas à base florestal", diz. "E a Klabin, em se prosseguindo o projeto de celulose, vai buscar a eficiência energética", complementa o executivo, sem revelar detalhes, mas sinalizando que o excedente energético dos novos projetos é um caminho natural do setor

terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma nova sociedade ou um tsunami social-ecológico?

Leonardo Boff


No último artigo aventei a idéia, sustentada por minorias, de que estamos diante de uma crise sistêmica e terminal do capitalismo e não de uma crise cíclica. Dito em outras palavras: foram destroçadas as condições de sua reprodução seja por parte da devastação da natureza e dos limites alcançados de seus bens e serviços seja por parte da desorganização radical das relações sociais, dominadas pela economia de mercado com a predominância do capital financeiro. A tendência dominante é pensar que se pode sair da crise, voltando ao que era antes, com pequenas correções, garantindo o crescimento, resgatando empregos e assegurando lucros. Portanto, continuarão os negócios as usual.

As bilionárias intervenções dos Estados industriais salvaram bancos, evitaram uma derrocada sistêmica, mas não transformaram o sistema econômico. Pior ainda, as injeções estatais facilitaram o triunfo do capital especulativo sobre a economia real. Aquele é tido com o principal deslanchador da crise, comandado por verdadeiros ladrões que colocam o lucro acima do destino dos povos, como se viu agora com a Grécia. A lógica do lucro máximo está destruindo os indivíduos, as relações sociais, penalizando os pobres, acusados de dificultar a implantação do capital. A bomba foi mantida com o estopim. Um problema maior qualquer poderá acender o estopim. Muitos analistas se perguntam amedrontados: a ordem mundial sobreviveria a outra crise do tipo da que tivemos?

O sociólogo francês Alain Touraine assevera em seu recente livro Após a crise (Vozes 2011): ou a crise acelera a formação de uma nova sociedade ou vira um tsunami que poderá arrasar tudo o que encontrar pela frente, pondo em perigo mortal nossa própria existência no planeta Terra (p. 49.115). Razão a mais para sustentar a tese de que estamos em face de uma situação terminal deste tipo de capital. Impõe-se a urgência de pensar valores e princípios que poderão fundar um novo modo de habitar a Terra, organizar a produção e a distribuição dos bens, não só para nós (superar o antropocentrismo), mas para toda a comunidade de vida. Este foi o objetivo da produção da Carta da Terra, animada por M. Gorbachev que, como ex-chefe de Estado, da União Soviética, conhecia os instrumentos letais disponíveis para a destruição até da última vida humana, como afirmou em várias reuniões.

Aprovada pela UNESCO em 2003, ela contém, efetivamente, “princípios e valores para um modo de vida sustentável como critério comum para indivíduos, organizações, empresas e governos”. Urge estudá-la e deixar-se inspirar por ela, sobretudo agora, na preparação da Rio+20.

Ninguém pode prever o que virá após a crise. Há apenas insinuações. Estamos ainda na fase do diagnóstico de suas causas profundas. Lamentavelmente são, sobretudo, economistas que fazem análises da crise e menos sociólogos, antropólogos, filósofos e estudiosos das culturas. O que está ficando claro é o seguinte: houve um triplo descolamento: o capital financeiro se descolou da economia real; a economia em seu conjunto, da sociedade; e a sociedade em geral, da natureza. Esta separação criou uma fumaça tal que já não vemos quais caminhos seguir.

Os “indignados” que enchem as praças de alguns países europeus e do mundo árabe, estão colocando este sistema em xeque. Ele é ruim para a maioria da humanidade. Até agora eram vítimas silenciosas. Agora gritam alto. Não só buscam emprego, mas reclamam direitos humanos fundamentais. Querem ser sujeitos, vale dizer, atores de outro tipo de sociedade na qual a economia esteja a serviço da política e a política a serviço do bem viver das pessoas entre si e com a natureza. Seguramente não basta querer. Impõe-se uma articulação mundial, a criação de organismos que viabilizem um outro modo de conviver e uma representação política ligada aos anseios gerais e não aos interesses do mercado. Trata-se de refundar a vida social.

Por mim, vejo os indícios, em muitas partes, do surgimento de uma sociedade mundial ecocentrada e biocentrada. O eixo será o sistema-vida, o sistema-Terra e a Humanidade. Tudo deve servir a esta nova centralidade. Caso contrário, dificilmente evitaremos um tsunami ecológico-social possível.


Leonardo Boff é teólogo e professor emérito de ética da UERJ.

http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/uma-nova-sociedade-ou-um-tsunami-social-ecologico/
Entrevista com Ricardo Voltolini:
Conversas com Líderes Sustentáveis
Vídeo 1 (HSM) http://www.ideiasustentavel.com.br/2011/06/o-lider-sustentavel-2/

Vídeo 2 (fonte youtube)

Empresas filiadas à FNQ consideram fundamental inovação para sustentabilidade

05/07/2011

Uma pesquisa realizada em maio último com 63 entrevistados de empresas filiadas à Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) revelou que 97% deles consideram fundamental que as organizações inovem para buscar a sustentabilidade, tanto do negócio quanto da economia e do planeta. Apesar dessa consciência, 70% dos participantes do estudo acreditam que as empresas, de maneira geral, estão preocupadas, mas não direcionam seus investimentos em inovações com foco no crescimento sustentável.


O levantamento mostra que 27% dos entrevistados apontaram a gestão como a principal preocupação das empresas em que trabalham, enquanto 22% indicaram a sustentabilidade e 19% a redução de custos. Além disso, os participantes consideraram que os três setores da economia mais alinhados aos princípios da inovação para sustentabilidade são, na ordem, energia, automobilístico e de papel e celulose.


Para Jairo Martins, superintendente-geral da FNQ, os resultados da pesquisa mostram que a maioria das empresas ainda ignora o tamanho do problema da sustentabilidade. "Enquanto dominar o pensamento pelo viés econômico, cujo sucesso é medido pelo PIB, o atual modelo de desenvolvimento insustentável não vai mudar e não serão incluídas na pauta das organizações as questões socioambientais. É um desafio de gestão para as empresas", destaca.


O executivo ressalta que as empresas ainda relacionam inovação à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, mas é necessário ter uma visão sistêmica da gestão e compreender que a inovação deve acontecer também na liderança, nas ações de marketing e no modelo de negócios.


- A inovação para sustentabilidade precisa fazer parte do planejamento estratégico da empresa. Hoje, as organizações enxergam a sustentabilidade como um subconjunto da gestão e não como parte integrante do processo de gestão como um todo - conclui.


Criada em 1991, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) é uma instituição sem fins lucrativos cujo objetivo é disseminar amplamente os Fundamentos da Excelência em Gestão para organizações de todos os setores e portes. A instituição é responsável pela organização, promoção e avaliação do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), que reconhece anualmente as melhores práticas de excelência de gestão das empresas brasileiras.

São Paulo terá núcleo de pesquisa em bioenergia e sustentabilidade

09/06/2011 14:28:38

São Paulo terá núcleo de pesquisa em bioenergia e sustentabilidade

Mônica Pileggi, da Agência Fapesp

Reunir especialistas das três universidades públicas de São Paulo – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) –, para realizar pesquisas e formar especialistas focados na geração de energia a partir de biomassa, é a principal proposta do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Bioenergia e Sustentabilidade (NAPBS), lançado no dia 3 de junho na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (ESALQ-USP), em Piracicaba.

O anúncio feito pelo reitor da USP, João Grandino Rodas, fez parte da cerimônia de comemoração dos 110 anos da Esalq e contou com a presença do pró-reitor de Pesquisa da USP, Marco Antônio Zago, do vice-reitor administrativo da universidade, Antônio Roque Dechen, do diretor da Esalq, José Vicente Caixeta Filho, do presidente da comissão de pesquisas da Esalq, José Lehmann Coutinho, e do diretor administrativo da FAPESP, Joaquim José de Camargo Engler, além de representantes do governo estadual e de institutos de pesquisa como a Embrapa e o Instituto Agronômico.

O novo núcleo, ainda sem sede definida, tem por objetivo estimular e articular pesquisas sobre biomassa e tecnologias de transformação em biocombustíveis, além de promover e integrar o conhecimento gerado. De acordo com Dechen, coordenador-geral do núcleo, a principal meta do NAPBS é a implantação de um programa de pós-graduação interuniversidades em bioenergia e sustentabilidade.

Com o aporte de R$ 20 milhões do governo estadual para infraestrutura e o apoio da FAPESP para projetos de pesquisa, estão envolvidos na fase inicial do NAPBS pesquisadores da Esalq, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, do Instituto de Física de São Carlos, do Instituto de Química, do Instituto de Biociências, do Instituto de Ciências Biológicas, da Escola Politécnica, das unidades de Ribeirão Preto e da Escola de Engenharia de Lorena, todas unidades da USP. “O foco será na energia, mas voltada à sustentabilidade”, disse Dechen.

Esses grupos de pesquisa atuam em áreas que vão desde a agricultura e genética de plantas a impactos socioeconômicos e ambientais, sendo o núcleo estruturado em seis eixos principais. “Muito se fez e muito se fará pela pesquisa com a implantação desse núcleo”, afirmou o professor.

Os eixos são: “Produção de Biomassa”, “Genômica Funcional”, “Transformação da Biomassa em Biocombustíveis”, “Morfologia e Composição de Biomassa”, “Processos Industriais” e “Sustentabilidade”.

Durante a cerimônia, José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esalq, aproveitou para anunciar a construção de um centro de convenções em um local próximo ao campus de Piracicaba, com recursos da USP.

O empreendimento, cuja área total envolve 216 mil metros quadrados, será dividido em três blocos. Terá um teatro principal com capacidade para mil pessoas e dois espaços de 2.700 m2 cada, destinado a eventos. Além disso, o centro contará com um estacionamento para 1,3 mil veículos.

Segundo Caixeta, o novo centro de convenções servirá tanto à universidade como à comunidade. “É um polo a mais para que a USP possa estreitar laços locais e regionais”, disse.

A ideia do espaço visa também economizar e facilitar a logística de seminários e outros eventos. De acordo com as estatísticas da USP, a cada dois dias um evento de extensão é realizado no campus de Piracicaba.

(Agência Fapesp)

domingo, 3 de julho de 2011

Brasil, enfim, entre os top 15 da energia renovável

Desde 2003, a consultoria Ernst & Young publica trimestralmente um ranking com os 35 países mais atrativos para investimentos relacionados a energias renováveis. Após oito anos, o Brasil entrou para a lista dos top 15. A expansão da energia eólica foi decisiva para que o país subisse quatro posições no último trimestre, da 16ª para a 12ª.

Curioso é que, em movimento inverso, os demais países mais bem classificados restraram uma ligeira queda em seus índices – reflexo da redução de incentivos e restrição de acesso ao capital para projetos desta natureza. Ainda assim, o estudo prevê que eventos globais recentes, como o tsunami (e o consequente desastre nuclear) no Japão e as sucessivas turbulências políticas no Oriente Médio e norte da África servirão de estímulo para que os países ampliem o uso de energias renováveis em seu portfólio.

A China manteve a primeira posição no ranking, muito em função de seus projetos de geração de energia eólica em águas marítimas rasas e à meta de, até 2015, obter 11,3% de sua energia a partir de combustíveis não fósseis.

Com uma série de projetos de energia solar em andamento e boas perspectivas para este setor, os Estados Unidos permaneceram no segundo lugar. A Índia, dando sequência aos resultados registrados nos boletins anteriores da consultoria, continuou subindo no ranking. Ultrapassou a tradicionalmente verde Alemanha e se posicionou em terceiro lugar.

A lista dos 35 países mais promissores para investimentos em renováveis ganhou quatro novos nomes. Marrocos foi um deles, ocupando o 27º lugar, graças a projetos de energia solar e eólica e a uma demanda crescente por novos investimentos nestes setores.

Empreendimentos de energia solar e o potencial da eólica também permitiram a Taiwan ingressar na lista. O estudo apontou, ainda, que a exploração do potencial natural de Bulgária e Chile vêm sendo minados por barreiras políticas.

Já o Japão perdeu três posições no ranking após adotar a estratégia de utilizar mais gás natural e importar petróleo para substituir a capacidade de geração de energia nuclear comprometida depois do acidente em Fukushima.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Práticas de negócio sustentáveis

Pesquisa da KPMG International realizada em conjunto com a Economist Intelligence Unit (EIU) indicou que apesar dos principais motivos para as empresas adotarem estratégias de sustentabilidade ainda ser a pressão dos órgãos regulatórios e o potencial de dano à reputação, 60% dos respondentes indicaram maior apoio a métodos sustentáveis no terreno operacional e comercial, uma vez que os benefícios práticos foram obtidos.
O levantamento ‘A Review of Corporate Sustainability’, que foi realizado com 378 empresas de grande e médio porte de 61 países, mostrou que 62% dessas companhias já possuem um programa de sustentabilidade em vigor e que 11% delas já estão desenvolvendo algum projeto nessa área, atualmente.
Das empresas com programas ativos, 61% constataram que manter essa estratégia trouxe mais benefícios que inconvenientes, apesar do aumento de investimento. Esse número aumenta para 72% entre as grandes empresas, com receitas superiores a cinco bilhões de dólares. Uma companhia entrevistada reportou que obteve um retorno financeiro de US$1,50 a US$2,00 para cada dólar investido em um programa de sustentabilidade de longo prazo.
Os benefícios identificados incluem reduções significativas nos custos de energia, melhor relacionamento com clientes e fornecedores e uso mais eficiente dos recursos, especialmente da água. Alguns dos participantes também verificaram que o foco na sustentabilidade estimulou a inovação em suas empresas, estreando novas linhas de produtos e abrindo novos mercados.
“A demanda por processos sustentáveis está se tornando parte do ambiente de negócios. Inicialmente, as organizações podem reagir a isso da mesma maneira que iriam reagir a qualquer outro sinal de seus mercados, mas uma vez que começarem a analisar suas operações pelas lentes da sustentabilidade, a maioria vai constatar que os benefícios comerciais são óbvios e que a agenda de sustentabilidade ganha vida própria”, diz Sidney Ito, sócio-líder da área de Governança e Sustentabilidade da KPMG no Brasil e na América do Sul.
Um tópico importante entre as empresas que adotaram práticas sustentáveis, porém, é como mensurar sua eficácia e reportar o progresso às partes interessadas. No que tange à prestação de contas, o estudo revela que 38% dos respondentes não têm planos de reportar seu desempenho em sustentabilidade. Os motivos alegados incluem falta de dados e benchmarks confiáveis, além do ceticismo sobre a validade desses relatórios.
Além disso, apesar de 46% dos participantes considerarem que um acordo climático global irá aumentar a pressão regulatória e outros 41% afirmarem que isso também aumentaria seus custos operacionais, a principal ação que essas empresas cobram do poder público é justamente uma regulamentação mais rígida, preferivelmente em uma base internacional. Nesse contexto, mais de 66% das companhias enfatizaram que a regulamentação do segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto (2013 – 2020) é muito importante, por exemplo.

“A prestação de contas sobre sustentabilidade é o caminho para corporações mais eficientes e preocupadas com a boa gestão e governança.. Para eliminar totalmente o ceticismo que cerca as organizações em relação a isso, é preciso fornecer informações melhores, precisas e confiáveis, baseada em uma estrutura regulatória sólida”, conclui Ito.


FONTE: IDÉIA SUSTENTÁVEL

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Microalga se alimenta de CO2 e produz biopetróleo

DA FRANCE PRESSE

Uma grande quantidade de tubos de oito metros de altura, perto de Alicante, no leste da Espanha, macera o que pode ser o combustível do amanhã: biopetróleo produzido com as microalgas que se alimentam do anídrido carbônico lançado por uma fábrica vizinha.

Cerca de 400 tubos de cor verde escura nos quais crescem milhões de microalgas estão localizados em uma planície dessa região espanhola, perto de um cemitério, que expele CO2 --um gás que é capturado e levado por meio de tubulações até a pequena fábrica de biopetróleo.

Pesquisadores franceses e espanhóis da pequena empresa Bio Fuel Systems (BFS) desenvolvem há cinco anos este projeto, ainda experimental.

Em um momento em que os industriais buscam soluções criativas como alternativas para o petróleo, a ideia é reproduzir e acelerar um processo que durou milhões de anos e permitiu a produção de petróleo fóssil.

"Tentamos simular as condições que havia há milhões de anos, quando o fitoplâncton transformou-se em petróleo. Dessa forma, obtivemos um petróleo equivalente ao petróleo atual", explica o engenheiro Eloy Chapuli.

As microalgas, procedentes de uma dezena de cepas mantidas em segredo, foram recolhidas do mar Mediterrâneo e do oceano Atlântico.

Nos tubos, reproduzem-se em grande velocidade, desdobrando-se diariamente por fotossíntese e graças ao CO2 emitido pelo cemitério.

Todos os dias, uma parte desse líquido muito concentrado é extraída e filtrada, permitindo a obtenção de uma biomassa que produzirá petróleo. A água restante volta a ser introduzida nos tubos.

Para seus inventores, a outra grande vantagem desse sistema é que ajuda a acabar com a contaminação: absorve CO2 que, de outra forma acabaria na atmosfera.

"É um petróleo ecológico", assegura o presidente e fundador da BFS, o engenheiro francês Bernard Stroïazzo-Mougin, que trabalhou em campos petrolíferos no Oriente Médio antes de se instalar na Espanha.
A fábrica de Alicante ainda tem mais de laboratório do que de fábrica. "Ainda precisaremos de cinco a dez anos mais para passar a uma produção industrial", assegura Stroïazzo-Mougin, que espera poder desenvolver no curto prazo um primeiro projeto em grande escala no sul da Espanha e outro na ilha portuguesa de Madeira.

"Uma unidade de cerca de 50 km por 50 km, o que não é algo muito grande nas zonas desérticas do sul da Espanha, poderia produzir em torno de 1,25 milhão de barris diários", ou seja, quase tanto como as exportações cotidianas de petróleo iraquiano, afirma o engenheiro.

A BFS, uma empresa de capital privado, busca agora negociar com "vários países para que patrocinem a instalação de campos petrolíferos artificiais", explica seu presidente.

A empresa assegura que poderá vender seus barris a um preço competitivo, apoiando-se na venda de produtos derivados, como ácidos graxos do tipo ômega 3 obtidos a partir da biomassa.

Outros projetos semelhantes estão sendo estudados em outras regiões do mundo.

Na Alemanha, o grupo estatal sueco de energia Vattenfall lançou em 2010 um projeto de absorção por meio de algas do dióxido de carbono emitido pelas centrais que funcionam com carvão.

O gigante americano do petróleo ExxonMobil previu um investimento de até US$ 600 milhões em pesquisas destinadas a produzir petróleo a partir de algas.

Os industriais, particularmente no âmbito aeronáutico, estão interessados nessas pesquisas, nas quais esperam encontrar soluções para substituir o petróleo clássico, cada vez mais escasso e cujos preços são variáveis.

domingo, 13 de março de 2011

Sustainability

Após analisarmos os fatores que nortearão a competitividade das empresas nos próximos anos, percebemos que sobreviver corporativamente hoje e no futuro passa por entender que qualquer organização empresarial faz parte de um todo, que deve ser sustentável. Portanto, para que as empresas consigam ter sucesso, seu ambiente, seu todo, formado pelo conjunto de seus stakeholders diretos e indiretos, deve ter sucesso e deve prosperar, o que torna a empresa co-responsável por este processo, juntamente com governos, Academia, ONGs e os próprios cidadãos.
Ultimamente, Sustentabilidade Corporativa passou a ser mais que um conceito importante. De fato, passou a ser um vetor determinante no sucesso das empresas, seja por estimular sua capacidade de interagir com seus stakeholders gerando ganhos para ambas as partes, seja por sua preponderância de construção de reputação e credibilidade a partir de questões como transparência, ética, cidadania corporativa e responsabilidade social empresarial.
Portanto, o conceito de Sustentabilidade Corporativa, embasado no chamado "triple bottom line" (ou tripé resultado econômico-financeiro x resultado social e x resultado ambiental) é cada vez mais valorizado por acionistas e clientes, tornando-se um imperativo para o sucesso das corporações.

Antes de tudo, Sustentabilidade Corporativa se refere a uma postura, uma forma de conduzir as atividades empresariais. Ser, pensar, decidir e agir de forma sustentável requer um processo de entendimento, negociação e integração construtiva entre todos os agentes de relacionamento de uma empresa ao olhar os princípios e valores da própria organização e de sua ética.
A forma como a empresa se relaciona com seus acionistas, clientes, sociedade, fornecedores, Estado, meio-ambiente ou com os seus funcionários deve refletir esses valores e essa postura ética e deve ser questionada e medida sistematicamente, uma vez que todos esses stakeholders (ou seja, sua cadeia de valor e interesses) são co-responsáveis pelo crescimento sustentado e equilibrado do todo.
Mas, como tudo em tendências corporativas, há quem não goste do modismo do tema.
E com razão.
O americano Milton Friedman, um dos mais destacados economistas do século XX, influente teórico do liberalismo econômico, conselheiro de Nixon, Ford e Reagan, era um crítico da idéia de responsabilidade social nas empresas.

Prêmio Nobel de Economia de 1976 por suas realizações nos campos da análise do consumo, da teoria e demonstração da complexidade da política de estabilização, Friedman defendia que "A empresa pertence aos acionistas. Sua missão é gerar a maior quantidade possível de lucros para eles, respeitando as leis de cada país.". Para ele, o conceito de responsabilidade social era ''fundamentalmente subversivo''.
O fato é que por muitos anos esse tipo de mentalidade influenciou a visão das empresas americanas. Apenas recentemente, com exemplos vindos dos mais diversos países, empresas e do terceiro setor, é que a maioria das empresas daquele país começou a perceber que as regras do jogo mudaram e caso não incorporassem as práticas de Sustentabilidade seriam boicotadas e preteridas pelos consumidores globais, com poder e atuação em rede, fora possíveis liabilities a que seriam submetidas, principalmente no campo ambiental e social.

De certa forma, é difícil discordar integralmente de Friedman. De certo, as empresas têm como premissa primeira atingir sua missão, gerando o máximo lucro possível aos acionistas. Ou seja, a missão da empresa vem em primeiro lugar e é seu norte central.
Portanto, pensar no lucro é premissa de existência de uma empresa; mas não sua finalidade única. O lucro empresarial é imperativo e deve ser exigido das empresas (como forma de mensuração de seu direito de existir como agente econômico de transformação); porém, deve ser entendido como meio, energia, combustível que permite à empresa atingir seus objetivos, sua missão.

Para tal, a organização está sujeita a condicionantes-meio fundamentais, como respeito às leis e regulamentações de cada país, desenvolvimento da sociedade e preservação do meio-ambiente. Ou seja, a Sustentabilidade é meio – e não fim – para as empresas.

Particularmente, evitar a extinção dos ursos panda ou ajudar aos necessitados do Haiti é prerrogativa primeira organizações construídas com tal missão, ou seja, ONGs, ou órgãos dos governos e mesmo empresas, mas a partir de seus institutos, fundações e apoios filantrópicas e assistencialistas... o que difere radicalmente em conceito e convocatória do tema Sustentabilidade.
Se até algum tempo atrás, a relação do consumidor com as empresas se estabelecia basicamente em torno do produto/serviço fornecido, hoje a sociedade, na figura de suas ONGs, dos órgãos governamentais, da imprensa e na própria figura do indivíduo-cidadão (como eleitor, consumidor e acionista/investidor) passa a exigir das empresas, principalmente das de capital aberto, que adotem a prática da transparência nos seus processos de governança corporativa e distribuição de riquezas, obrigando-as a mostrar a quem de direito que estão devolvendo à sociedade (em diferentes formas) os recursos que utilizam para produzirem essa riqueza. Mais que intenção, Sustentabilidade "triple bottom line" é resultado aparente e transparente

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Brasil precisa de investimento em energia limpa, diz Ipea

A meta de consolidar uma matriz de energia "limpa" no Brasil a partir dos avanços em biocombustíveis e outras fontes alternativas requer um maior investimento para os próximos anos, apontou um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O relatório "Energia e Meio Ambiente no Brasil" reconheceu o potencial do país sul-americano, mas destacou a necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa e projetos, sem vê-los como "um sacrifício para a economia nacional" e sim como uma política de "responsabilidade social e ambiental".
No caso dos biocombustíveis, para competir com os derivados do petróleo, o estudo sugere estímulos como os subsídios e até as isenções fiscais por parte do governo.
O estudo revela que o Brasil consome anualmente 25 bilhões de litros de etanol, segundo dados de 2009, e que essa demanda pode chegar aos 60 bilhões de litros em 2017.
Mais de 90% dos veículos automotores novos no Brasil estão dotados com a tecnologia flex, que permite a combustão com gasolina, etanol ou a mistura de ambos.
Apesar do crescimento da demanda de biocombustíveis no Brasil, o estudo mostrou também uma tendência ao aumento do consumo de combustíveis fósseis no país até 2030.
As mesmas projeções apontam que a energia eólica e a gerada a partir de resíduos sólidos também devem crescer no Brasil.


Fonte: Folha on line

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O pré-sal e o etanol

Rogério Cézar de Cerqueira Leite


O pré-sal e o etanol


A despeito da inquestionável competência da Petrobras, é imensa a vantagem do etanol sobre o petróleo do pré-sal quanto à sustentabilidade
De acordo com as últimas avaliações da Petrobras, a reserva total do pré-sal soma cerca de 13 bilhões de barris, o que corresponde a aproximadamente 1% das reservas restantes mundiais e que nada significaria para a humanidade quanto ao deslocamento do pico de produção.
Admitindo um tempo de vida de 80 anos para as reservas dos campos do pré-sal, calculamos que sua contribuição será, em média, de aproximadamente 20% acima da atual produção nacional.

Por outro lado, com o barril de petróleo a preços superiores a US$ 90, até as avaliações menos otimistas de custos de produção do barril de petróleo do pré-sal talvez justificassem o investimento.

Para a comparação de vantagens financeiras entre combustíveis são essenciais duas variáveis: os custos de produção da unidade de energia e os custos de investimento por unidade de energia por dia.
Pois bem, dentro dos limites tecnológicos atuais, o melhor que se pode esperar para o pré-sal é um custo de produção de pelo menos o dobro daquele da produção de etanol. Quanto aos custos de investimento, tudo parece indicar que a situação é ainda pior para o pré-sal.
Um terceiro fator a ser considerado é o risco financeiro.
Em primeiro lugar, há a questão de um mercado cujos governos encontram sucessivos sofismas para retardar a penetração do etanol brasileiro. Por outro lado, os riscos de produção do etanol são ínfimos em comparação com os do petróleo do pré-sal, cuja tecnologia de extração ainda não está desenvolvida.
Consideremos agora a questão da sustentabilidade e, sob esse aspecto, do aquecimento global. Enquanto o petróleo é o problema, o etanol de cana-de-açúcar é a solução. Mas não é apenas sob esse importante ângulo de sustentabilidade que a imensa superioridade do etanol sobre o petróleo do pré-sal deve ser considerada.
Risco de vazamento a grandes profundidades e sob altas pressões são imprevisíveis. Portanto, a despeito da inquestionável competência técnica da Petrobras, é imensa a vantagem do etanol sobre o petróleo do pré-sal sob qualquer aspecto de sustentabilidade.
Enquanto a produção de etanol é intensiva em mão de obra, a de petróleo o é em capital, o que é uma desvantagem para um país em desenvolvimento, em que o crescimento populacional exige a criação de empregos em vários níveis de especialização. Portanto, também sob o ponto de vista social, o etanol é preferível ao petróleo do pré-sal.
Com apenas 8% dos 200 milhões de hectares de pastagem, seria possível substituir por etanol 5% da gasolina consumida no planeta. Ou seja, a opção pelo etanol nessa medida, bastante conservadora, proporcionaria uma produção de combustível líquido entre três e quatro vezes maior que todo o petróleo do pré-sal até hoje confirmado, e não apenas por 60 ou 80 anos, mas indefinidamente.
Se tudo o que foi dito aqui é verdade, ou pelo menos verossímil, então como se explica a opção pelo pré-sal? Ou é um grande equívoco ou é uma revelação. A imensa intuição do presidente Lula deve ter percebido que o Brasil, nesse estado juvenil de desenvolvimento em que se encontra, precisa de um projeto nacional, pioneiro. Precisa de seu "homem na Lua".
Enquanto o etanol seria só um pouco mais da mesmice prosaica do século passado, o pré-sal, com seus imensos desafios tecnológicos e financeiros, seria a bandeira do desenvolvimentismo ousado, para não dizer agressivo, que deveria propelir o país no século 21. O Brasil chegaria, assim, mais fundo, aonde nenhum outro país teria ousado ir.


Artigo publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo, edição de 08 de fevereiro de 2011.

Rogério Cézar de Cerqueira Leite é físico e professor emérito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), presidente do Conselho de Administração da ABTLuS (Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron) e membro do Conselho Editorial do jornal Folha de S. Paulo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ministérios se unem para incentivar energia solar

Embora a matriz energética brasileira já seja predominantemente baseada em energias renováveis e o Brasil tenha elevado potencial de irradiação, a participação da energia solar ainda é incipiente no País.
Reportagem recente da revista Photon (importante publicação de energia solar fotovoltaica em âmbito internacional) intitula o Brasil como "o gigante que está dormindo embaixo do sol".
Mas talvez este cenário possa começar a mudar a partir de 2011.
A reboque das iniciativas do setor privado, voltadas sobretudo para o uso da energia solar térmica para o aquecimento de água residencial, o governo federal deu os primeiros passos para uma política pública mais sólida para o setor da energia solar no Brasil.

Energia heliotérmica

Foi assinado nesta semana, em Brasília, um Acordo de Cooperação Técnica entre os ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e de Minas e Energia (MME) com o objetivo de fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico para o aproveitamento da energia solar no Brasil.

O foco dos esforços será a energia heliotérmica, que usa concentradores solares para aquecer fluidos e gerar eletricidade.

O princípio de funcionamento de uma usina heliotérmica é similar ao de uma termelétrica, com a diferença que o calor que alimenta as turbinas é gerado pela luz do Sol. Atualmente existem três tecnologias principais na área: cilindros parabólicos, torre central e disco parabólico.

O acordo entre os Ministérios prevê o acompanhamento conjunto de atividades, compartilhamento de informações, fomento para a elaboração de projetos-piloto, de pesquisa e demonstrações, de capacitação técnica e de acordos nacionais e internacionais, além da criação um Comitê Gestor.

Heliotérmica em Pernambuco

De acordo com o Coordenador de Energia e Inovação de Tecnologia do MCT, Eduardo Soriano, "o acordo vai alavancar a implantação da Planta Piloto de Geração Heliotérmica no Semiárido", em Pernambuco, com aporte inicial de R$ 23 milhões, sendo R$ 18 milhões do Fundo Setorial de Energia (CT-Energ) e R$ 5 milhões da Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente do estado (Sectma).
A Plataforma de Pesquisa Experimental abrange tecnologias de diversos tipos de sistemas, nos moldes de plataformas de pesquisa existentes no exterior, como a de Almeira (na Espanha). A primeira tecnologia a ser implantada será a de cilindros parabólicos.
O projeto conta com parceiros como a Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina , o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), dentre outras instituições em fase de negociação.
Tecnologia solar no Brasil
Na avaliação do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o documento é um marco do desenvolvimento da tecnologia solar no Brasil e, para isso, é essencial que o País elabore mecanismos que estimulem a produção de pesquisas e tecnologia nacional.
"É importante o Brasil não somente ir lá fora e comprar uma central solar, mas trazer a comunidade acadêmica, centros de pesquisa e também, numa outra etapa, as empresas que pretendem participar de todo o processo", afirmou Zimmermann.

inocaçãotecnologica.com.br

domingo, 2 de janeiro de 2011

Accenture mostra os resultados da maior pesquisa com CEOs sobre Sustentabilidade Empresarial

Chefes executivos acreditam que a sustentabilidade tornou-se fundamental para seu sucesso, e poderia ser plenamente integrada na Core Business Dentro de dez anos.

(Nova York,  2010) – Apesar da recente recessão econômica, uma esmagadora maioria dos CEOs das empresas – 93% – dizem que a sustentabilidade será fundamental para o sucesso futuro de suas empresas. Além disso, os CEOs acreditam que, dentro de uma década, um ponto de inflexão que pode ser alcançado, em que sustentabilidade se atrele com o core business – em suas capacidades, processos e sistemas, e toda a cadeia de abastecimento global e filiais.

Estas são algumas das principais conclusões de uma pesquisa com 766 CEOs em todo o mundo – o maior estudo com executivo já realizado sobre o tema da sustentabilidade – divulgado hoje pela United Nations Global Compact e Accenture (NYSE: ACN). Além de uma pesquisa on-line, o estudo incluiu entrevistas em profundidade com 50 dos principais CEOs do mundo.

Segundo a pesquisa, A New Era of Sustainability: UN Global Compact-Accenture CEO Study 2010, a crise econômica mundial fez pouco para abafar o compromisso das empresas com a sustentabilidade. Na verdade, parece ter feito o contrário: 80 por cento dos CEOs dizem que a crise elevou a importância da sustentabilidade. Enquanto as empresas recorrem aos desafios da crise financeira, a sustentabilidade está sendo reconhecida como uma fonte de ganhos de eficiência e crescimento das receitas. Além disso, muitas empresas visualizam a sustentabilidade como um elemento fundamental na condução do crescimento em novos mercados quando olham para a recuperação econômica.

Os resultados da pesquisa indicam que as empresas estão levando a sustentabilidade mais a sério. Em uma pesquisa similar realizada em 2007, 50 por cento dos CEOs entrevistados disseram que as questões de sustentabilidade tornaram-se parte da estratégia e operações da empresa. No levantamento de 2010, esse número saltou para 81 por cento.

Embora reconhecendo a dimensão e a complexidade dos desafios globais, muitos CEOs dizem que houve progressos ao longo dos últimos três anos no processo de transição do desenvolvimento de uma estratégia de sustentabilidade para sua execução.

CEOs citaram várias barreiras para alcançar seus objetivos de sustentabilidade, incluindo:

•A complexidade na implementação da estratégia em todas as áreas da empresa (citado por 49 por cento)

•Prioridades estratégicas competitivas (48 por cento)

•Falta de reconhecimento dos mercados financeiros (34 por cento)

CEOs acreditam também que algumas condições devem ser satisfeitas antes da sustentabilidade ser completamente integrada ao core business, e que as empresas precisam assumir um papel de liderança ao tratar disso. A ação das empresas será necessária em cinco áreas chave:

•Configurar o gosto do consumidor, a fim de construir um forte mercado de produtos sustentáveis. • Treinar a gerência (gestão), os funcionários e a próxima geração de líderes para lidar com questões de sustentabilidade.

•Comunicar-se com investidores para criar uma melhor compreensão do impacto da sustentabilidade.

•Mensurar o desempenho em sustentabilidade – e explicar o valor das empresas na sociedade.

•Trabalhar com os governos para definir uma clara regulação e criar condições de concorrência equitativas.

Sobre a questão da criação de um ambiente investidor mais amigável para a sustentabilidade dos negócios, menos de 50 por cento dos executivos entrevistados indicou que a sustentabilidade pauta suas discussões com os analistas financeiros. Ainda que os CEOs acreditem, em sua maioria, que as suas atividades de sustentabilidade têm um impacto positivo na valorização da sua empresa – em termos de crescimento de receita, redução de custos, redução dos riscos e a reputação de marca – quantificar esse valor com métricas tradicionais como redução de custos e crescimento da receita foi ilusório.

“Alcançar uma sustentabilidade social e ambiental leva tempo, esforço e um comprometimento sincero de liderança”, disse Georg Kell, diretor executivo do Pacto Global das Nações Unidas. “Dois terços dos CEOs entrevistados estão olhando para o Pacto Global como um fórum para a partilha de boas práticas e ideias emergentes em matéria de sustentabilidade, e estamos ansiosos para ajudar a orientar os seus esforços para desenvolver políticas e práticas eficazes e tangíveis.”

Warming investors to the notion that sustainability is good for the bottom line and regaining trust of all stakeholders in the wake of the global financial crisis are other critical issues CEOs face, according to the survey.

Alertar os investidores que a sustentabilidade é boa para a questão central e para a retomada de confiança dos stakeholders (públicos interessados) no rastro da crise financeira é outro problema fundamental que CEOs enfrentam, de acordo com a pesquisa.

“Os CEOs nos disseram que têm a necessidade de se retrair durante a recessão, mas que sentem que agora é a hora de começar com o alinhamento da sustentabilidade com a estratégia de negócios e execução”, disse Mark Foster, chefe executivo do grupo Accenture. “Os empresários reconhecem que vão ter de assumir uma liderança real, por exemplo, mantendo a linha de sustentabilidade em seus modelos de negócios, a luta contra os obstáculos com diligência no duro de roer áreas como a cadeia de suprimentos e gestão de desempenho e trabalho duro para responder a forma e as exigências dos clientes que se transformam em uma oportunidade de sustentabilidade para o crescimento e inovação”.

Segundo as conclusões da pesquisa, três atributos corporativos foram considerados as primeiras – a marca, confiança e reputação – eram de longe as primeiras considerações dos CEOs, mencionadas para agir sobre a sustentabilidade. Eles foram identificados como 72% dos inquiridos como um dos seus maiores motivadores, seguido por: potencial de crescimento de receita e redução de custos (citado por 44%), motivação pessoal (42%), dos consumidores e necessidades dos clientes (39%) e engajamento de funcionários e de retenção (31%).

Além disso:

•83 por cento disse que a crise econômica elevou o papel da sustentabilidade e ética na construção da confiança nos negócios

•80 por cento disse que levantou a importância da sustentabilidade como uma questão de liderança para gestão

•77 por cento disse que os levou a ter uma visão de longo prazo dos negócios e do papel da sustentabilidade.

Entre os resultados adicionais da pesquisa:

•Educação e mudança climática foram apontados pelos entrevistados como as “grandes questões” que enfrentam, com a escassez de recursos e de saúde começam a aparecer no horizonte. Educação foi identificada em 72% dos inquiridos como a questão de desenvolvimento mais importante para o sucesso de seus negócios, seguido pela mudança climática, em 66%.

•91% dos CEOs disseram que suas empresas empregariam novas tecnologias para resolver problemas de sustentabilidade ao longo dos próximos cinco anos, como o desenvolvimento de energias renováveis e a criação de uma maior eficiência energética.

•78% dos inquiridos acreditam que as empresas deveriam empenhar-se em colaboração com uma variedade de partes interessadas para tratar de questões de sustentabilidade. Exemplos de potenciais parcerias incluem fornecedores, ONGs e governos.

“Fica evidente, a partir dos resultados da pesquisa, que a empresa global tem seu trabalho cortado para a construção de programas de sustentabilidade, que se tornam elementos essenciais do core business de uma empresa”, disse Peter Lacy, que liderou o estudo. “Se a sustentabilidade se torna plenamente integrada a empresas globais na próxima década, a regulação, tecnologia, investimentos e mudanças de consumo necessários serão surpreendentes, criando vencedores e perdedores significativos entre as empresas e indústrias. “Ainda assim, é ótimo ver que algum progresso está sendo feito, e que o movimento em direção a uma economia mais sustentável e no contexto dos negócios esta claramente ganhando ímpeto.”

Fonte: Pacto Global Rede Brasileira