domingo, 22 de novembro de 2009

Tecnologia solar - breve histórico

A energia do sol pode ser usada de maneiras diferentes. A chamada energia solar termal é obtida através da conversão do calor solar em calor útil, para água de chuveiro quente ou aquecedor, por exemplo. Fotovoltaicos, ao contrário, significa transformar a radiação solar em energia elétrica. Para que isso seja feito, células solares individuais são combinadas para criar módulos solares.
As células solares consistem de um material semicondutor (geralmente o silicone) onde a irradiação da luz é separada em carregadores negativos (elétrons) e positivos. Um campo elétrico criado pelos desequilíbrios selecionados no semicondutor separa os carregadores. O resultado é uma falta de elétrons em um lado e um excesso deles no outro. Esta tensão elétrica pode ser coletada com um contato metal nos lados superiores e inferiores.
O físico francês Alexandre Becquerel já havia descoberto o efeito fotovoltaico, quando os pares de carregadores elétricos são separados ao serem atingidos pela luz solar, em 1839. Em 1884, o americano Charles Fritts descreveu a força eletromotor em selênio iluminado e construiu a primeira célula solar. Entretanto, sua eficácia foi mínima.
A explicação científica para o fato de que a luz pode ser transformada diretamente em eletricidade foi dada por Albert Einstein em 1905. O seu trabalho sobre a lei do “efeito fotoelétrico” de 1905 fornece a fundação dos fotovoltaicos modernos.
Na verdade foi uma coincidência que nos levou até a célula solar moderna. Calvin Fuller e Gerald Pearson estavam desenvolvendo um transistor e criaram a célula solar quase que como o resultado de uma experiência. Juntos com o colega Darryl Chapin, os pesquisadores apresentaram seu “Aparato Conversor de Energia Solar” com base de silicone em 1953. Esta foi então a grande descoberta. Em 1958, o primeiro satélite com um dispositivo de energia fotovoltaica já estava flutuando no espaço. Hoje, a energia suprida pelos módulos fotovoltaicos é a energia padrão para espaçonaves.
No início a energia fotovoltaica era uma forma de tecnologia cara usada somente em aplicações especiais. Mas a crise do óleo em 1973 e a catástrofe de Chernobyl em 1986 forçaram a pesquisa de novas fontes regenerativas de energia. A conversão de luz solar em eletricidade e calor originou um grande ‘boom’, finalmente se tornando mais acessível para ser utilizada em residências particulares.
Atualmente, as chamadas células solares de filme fino estão sendo produzidas. O custo-benefício é eficiente já que muito pouco silicone é necessário para fazê-las. As células são vapores depositados em um meio como vidro e podem então ser instaladas facilmente em fachadas, por exemplo.

COP 15



O que é a COP-15?
A COP-15 é a sigla da 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). A COP é o organismo supremo da Convenção e se reúne anualmente para avaliar a implementação do tratado. Já foram realizadas 14 COPs desde a adoção da Convenção na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992 (Rio-92). A COP-15 será realizada em Copenhague, capital da Dinamarca, entre 7 e 18 de dezembro de 2009.



Quem participará?
A Convenção do Clima foi assinada pela União Europeia e por 191 países, somando, portanto, 192 partes com direito a voto na COP-15. Para a COP aprovar uma proposta, a decisão precisa ser de consenso entre todas as partes presentes. São esperadas mais de 15 mil pessoas na COP-15 entre diplomatas, funcionários dos governos e da ONU, assessores, ativistas e jornalistas, além de chefes de Estado e governo.



O que será discutido?
O principal objetivo da COP-15 é aprovar um novo acordo climático que reduza substancialmente as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromissos do Protocolo de Kyoto. Também farão parte do acordo diretrizes para ações de adaptação às mudanças climáticas e a transferência de tecnologias dos países ricos às nações em desenvolvimento.

Há risco de não haver acordo?
O maior problema para fechar um acordo é a falta de uma proposta de corte nas emissões de carbono dos Estados Unidos. O presidente Barack Obama vai modelar sua proposta conforme as diretrizes da lei de clima e energia em tramitação no Congresso do país. Como a lei não deve ser aprovada antes da COP-15, é possível que o novo acordo climático seja concluído apenas em 2010.



Que meta de redução nas emissões de gases-estufa deveria ser contemplada no acordo?
Em seu relatório de 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à ONU, recomendou diminuição até 2020 de 25% a 40% nas emissões dos países desenvolvidos. O corte nos gases deve tomar como parâmetro as emissões ocorridas em 1990, que somaram quase 19 bilhões de toneladas (incluindo EUA na conta). Logo, os países precisariam reduzir as emissões para um faixa entre 11 bilhões e 14 bilhões de toneladas de gases-estufa em 2020. O IPCC também recomendou as emissões do mundo inteiro sejam cortadas pela metade até 2050, objetivo que depende de cortes também significativos nas emissões dos países em desenvolvimento. Só assim aumentará a chance de que a temperatura não subirá mais que 2 graus Celsius neste século.



Por que a temperatura não pode subir mais que 2 graus?
Segundo os cientistas, esse é o limite para evitar um descontrole perigoso no clima da Terra. Tal cenário poderia provocar impactos mais catastróficos para a vida no planeta, como a extinção em massa de animais e plantas, o aumento acelerado no nível do mar, freqüentes e severas tempestades e furacões, avanço veloz dos desertos, ondas de calor e proliferação de doenças.



Que metas os países desenvolvidos apresentarão em Copenhague?
A Noruega anunciou até o momento a meta mais elevada, um corte de 40% nas suas emissões até 2020 em relação a 1990. Em seguida, vem Reino Unido (34%), Japão (25%) e União Europeia (20%), que pode elevar sua meta a 30%, se os outros países desenvolvidos fizerem o mesmo. O projeto da lei de clima e energia em tramitação no Senado dos EUA prevê corte de 7% na comparação com 1990.



Haverá metas para os países em desenvolvimento?
Como os países desenvolvidos são responsáveis por 75% do carbono lançado na atmosfera desde 1850, os países em desenvolvimento recusavam-se a aceitar metas obrigatórias para cortar suas emissões. Entretanto, a contribuição desses países para o aquecimento global vem aumentando bastante nos últimos anos, em virtude do maior uso de carvão, gás natural e derivados de petróleo na geração elétrica e das altas taxas de desmatamento de suas florestas. Por isso, ante forte pressão de ambientalistas e países ricos, alguns países em desenvolvimento, particularmente as maiores economias do grupo, já admitem apresentar propostas para desacelerar a tendência de crescimento em suas emissões. Isto é, eles continuariam aumentando as emissões, para não frear o crescimento de suas economias. Mas elas aumentariam menos do que o crescimento hoje projetado para 2020. Para isso, eles receberiam ajuda financeira e tecnológica dos países ricos para investimentos em tecnologias limpas e na conservação florestal.



As florestas serão contempladas no novo acordo climático?
Segundo o relatório de 2007 do IPCC, o desmatamento responde por 17% das emissões globais de gases de efeito estufa a cada ano. Apesar disso, o desmatamento ficou de fora do Protocolo de Kyoto. Para preencher a lacuna, discute-se a inclusão no acordo climático do mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd). Os países com elevadas taxas de desmatamento seriam incentivados a promover projetos de conservação florestal e combate ao desmatamento com dinheiro do Redd.



De onde virá o dinheiro para financiar atividades de Redd?
Ainda não há consenso sobre a arquitetura financeira do mecanismo. Há inúmeras opções sob estudo, desde doações de países ricos, como ocorre no Fundo Amazônia do governo brasileiro, até créditos de carbono gerados por atividades de Redd, que seriam comprados pelos países desenvolvidos. Dessa maneira, eles cumpririam parte da meta investindo na redução das emissões países florestais, que sai mais barato do que substituir combustíveis fósseis por energias renováveis em suas economias.



O que pode ser feito para proteger ecossistemas e populações humanas das mudanças climáticas?
As mudanças climáticas já afetam as regiões mais vulneráveis ao fenômeno, localizadas nos países em desenvolvimento. No acordo climático, serão definidas obrigações de ajuda dos países industrializados a programas de adaptação nos países em desenvolvimento. Diversas medidas terão que ser executadas para atenuar impactos, como o deslocamento de populações para áreas mais seguras, troca de tubulações nas redes de drenagem para suportar chuvas mais pesadas e o desenvolvimento de plantas agrícolas mais resistentes a secas. O Banco Mundial estima que os gastos anuais com adaptação nos países em desenvolvimento vão variar de 75 bilhões a 100 bilhões de dólares.



Por que o tema da tecnologia é considerado um dos eixos centrais do novo acordo climático?
Para diminuir emissões de gases-estufa e implementar ações de adaptação às mudanças climáticas, é necessário desenvolver e comprar tecnologias como turbinas eólicas, energia solar fotovoltaica e biocombustíveis. O novo acordo terá de criar instrumento que facilite e barateie o acesso dos países em desenvolvimento a tecnologias que ajudam o planeta a combater o aquecimento global. Geralmente, os detentores das patentes dessas tecnologias estão no Primeiro Mundo. Por conseguinte, discute-se a criação de um fundo que pague royalties para o uso de tecnologias por países pobres. Uma ideia mais controversa é utilizar o licenciamento compulsório (conhecido como quebra de patente) quando não houver acordo com o proprietário da tecnologia.



Qual o montante financeiro necessário para ajudar os países em desenvolvimento a diminuir suas emissões?
Nenhum país anunciou ainda o montante de recursos que disponibilizará para ajudar os países em desenvolvimento em ações de corte nos gases-estufa e adaptação às mudanças climáticas. O que circulam no momento são estimativas sobre custos das medidas e valor total da ajuda. A União Europeia (UE) calcula gasto anual de aproximadamente 150 bilhões de dólares. Mas até 40% desse montante seriam providos pelos próprios países em desenvolvimento, segundo proposta em discussão na UE. Já a China defende que os países ricos prestem ajuda equivalente a 1% de seu Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país), que totalizaria algo próximo a 400 bilhões de dólares ao ano. Outro ponto polêmico no tema do financiamento é o da governança. Para os Estados Unidos e outros países ricos, o Banco Mundial deve cuidar do dinheiro do fundo mundial de mudanças climáticas, que proverá recursos adaptação e redução dos gases-estufa. Já os países em desenvolvimento querem que a ONU crie uma nova estrutura para administrar esse fundo, com participação equilibrada de nações ricas e pobres na gestão do instrumento.

Solar thermal energy to create 470,000 jobs

Under the most ambitious scenario, solar thermal would make up 6.3% of the European Union’s 20% renewable energy target, representing an annual sector growth rate of 26. As a footnote, the European solar thermal market achieved a spectacular growth of 60% in 2008. By 2050 solar thermal has the potential to cover 47% of the EU low-temperature heat demand.
In terms of economic effects, the impact on employment would be considerable. In total, the solar thermal sector would provide 470.000 full-time jobs in 2020, in the European Union domestic market alone.
“The solar thermal market is expected to reach huge growth in the coming years as energy and climate policies push renewable space and water heating up the agenda”, says ESTIF President Olivier Drücke.
www.solarthermalmagazine.com

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O smart grid - rede elétrica inteligente

Quando o Brasil adotar o smart grid, a rede elétrica inteligente, qualquer um poderá gerar energia em casa e usá-la ou vendê-la para as empresas concessionárias. Isso vai estimular a adoção de tecnologias verdes ainda pouco populares, como turbinas eólicas e placas solares fotovoltaicas, que passarão a ocupar os telhados e quintais de casas e edifícios. As tarifas cobradas pelas companhias fornecedoras terão preços diferenciados, variando de acordo com o volume de consumo em um determinado período do dia. Panes ou blecautes poderão ser detectados online e corrigidos em tempo recorde.




Esse cenário pode parecer um sonho futurista, mas é mais real do que você imagina. Os equipamentos que vão permitir uma revolução no setor elétrico já existem. Parte deles está inclusive em funcionamento em algumas cidades do mundo, como asamericanas Austin e Boulder — China e Itália também vêm conduzindo experiências. Seu uso só não decolou ainda por causa do preço, mais alto que o dos obsoletos aparelhos usados há anos. Dois fatores, no entanto, estão começando a fazer isso mudar.

O primeiro deles é o aquecimento global, que tem exigido a busca por novas formas de reduzir as emissões de carbono. O problema é bem maior nos países mais ricos, responsáveis pela produção de boa parte dos gases causadores do efeito estufa. Grande parcela da energia consumida por essas nações vem de usinas termelétricas, que queimam combustíveis fósseis. Como o smart grid facilitará o uso de fontes renováveis, esse impacto poderá ser reduzido.

O segundo fator é o aumento do consumo de eletricidade em todo o planeta, previsto para ocorrer nas próximas duas décadas. De acordo com uma projeção divulgada no fim do ano passado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a demanda mundial por watts deve dobrar até 2030. Por isso, é vital ter um sistema elétrico mais confiável, capaz de reduzir as perdas na transmissão e de fornecer informações bem detalhadas sobre gastos.

A ELETRICIDADE COPIA A WEB
A primeira grande diferença entre o smart grid e o sistema atual está no modo como a energia é distribuída. O modelo adotado hoje por todos os países ainda guarda as mesmas características de um século atrás. “Ele é baseado no princípio de que a energia é gerada em um ponto e consumida em outro”, afirma Pedro Jatobá, presidente da Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel) — a entidade reúne as principais companhias energéticas do país. Na rede inteligente, a transmissão pode começar em qualquer ponto e seguir em qualquer direção. A ideia é ter uma estrutura similar à da internet.

Outro elemento fundamental para o novo sistema são os medidores inteligentes, ou smart meters. Por meio deles, cada consumidor conseguirá saber exatamente quanto gasta durante as 24 horas do dia, ao longo de todo o mês. As informações poderão ser acessadas inclusive em tempo real, pela web. No Brasil, existem quase 5 milhões de aparelhos desse tipo, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) — apenas uma parte desse total, contudo, já foi instalada. O problema é que os equipamentos são subutilizados no país.

Algumas concessionárias decidiram adotá-los em áreas com grande concentração de moradores de classes média e média baixa, para reduzir os furtos de energia. Como os dados coletados são repassados para uma central por radiofrequência, fica fácil descobrir se existem desvios — os consumidores, no entanto, não têm acesso às informações detalhadas. “O preço dos aparelhos é de três a quatro vezes maior do que o dos medidores tradicionais”, diz Alvaro Dias Junior, diretor-geral e vice-presidente executivo para América do Sul da Landis+Gyr, uma das fabricantes desses equipamentos. “Mas as perdas dessas concessionárias são tão grandes que 1% de economia já é bastante dinheiro.” Atualmente existem 62 milhões de medidores no Brasil, segundo a Aneel.
- O preço da mudança: 62 MILHÕES de medidores precisam ser trocados por Modelos inteligentes no Brasil.
- 230 REAIS: É o gasto médio para instalar cada um dos novos aparelhos. Fonte Aneel

DEU PAU NA ENERGIA
O problema é que a rede elétrica brasileira ainda não está preparada para as tecnologias mais modernas. Em Duque de Caxias (RJ), a concessionária Ampla substituiu os medidores em alguns bairros por modelos eletrônicos em 2007.



O dono de uma padaria levou um susto quando recebeu a conta. Por causa de problemas de variação de tensão, o aparelho registrou 58,6% a mais do que havia sido realmente gasto. O erro foi constatado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e provocou um recall em milhares de equipamentos para evitar novos enganos.

Para o smart grid funcionar, precisa estar acompanhado de uma rede de transmissão de dados. Isso garantirá que todas as informações coletadas sejam repassadas para as empresas de energia. Além dos medidores inteligentes, os outros aparelhos necessários para o funcionamento do sistema, dos transformadores aos disjuntores, vão sair do atual estado passivo e começarão a falar. Se ficarem mudos, sera mais fácil de localizar a origem do problema e fazer a substituição. O sistema será mais automatizado.

Várias são as tecnologias que podem servir para essa comunicação. É possível adotar o sistema de internet pela rede elétrica, o Power Line Communications (PLC), ou fazer a transmissão por fibra óptica, por exemplo. A escolha vai depender das características de cada rede e de quanto será investido para modernizar o sistema.

ESPIÕES DE ENERGIA: A modernização da rede elétrica também é necessária para garantir a segurança. Quer um exemplo? Espiões da Rússia e da China já invadiram o sistema de energia dos Estados Unidos e instalaram programas com o objetivo de causar uma pane no futuro. Com o smart grid, o plano dificilmente daria certo.

Fonte: Planeta Sustentável

COP 15 - Energia


Mais energia limpa, menos carbono

Taxação do petróleo e seus derivados, incentivos para o uso de fontes renováveis de energia e até para a geração de fontes antes desconhecidas, como o bagaço de cana e o lixo urbano, são assuntos que farão parte das discussões da 15ª Conferência das Partes, da ONU, em Copenhague, e que podem mudar o cenário energético do mundo


Energia será o assunto mais comentado na 15ª Conferência das Partes, em Copenhague. Especialmente porque, na maioria dos países, a energia elétrica ainda é proveniente da queima de combustíveis fósseis.

O Brasil se vangloria por ser o país com a matriz energética mais limpa do mundo. Atualmente, a hidroeletricidade corresponde a 69,5% da capacidade instalada total de energia do país. No entanto, mais do que contarmos vantagens sobre esse aspecto na COP-15, devemos desejar que o acordo climático seja exigente com a redução de emissões.

Isso porque, caso os países não reduzam seus níveis de emissões de carbono, as mudanças climáticas tendem a se agravar, aumentando o número de eventos extremos e impactando, diretamente, o regime de chuvas. Como dependemos do volume dos rios para a geração de energia, uma alteração na quantidade de chuvas poderia levar a um apagão, cujos efeitos os brasileiros já sentiram na pele.

Para evitar que falte energia no país, pode ser que o governo adote algum mecanismo em que quem gaste mais energia tenha que compensar suas emissões de alguma maneira, nem que seja pelo pagamento de uma taxa extra na própria conta de luz.

O presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, diz que a opinião pública internacional não só prega a taxação de todas as atividades econômicas e indivíduos que emitam gases de efeito estufa, como propõe a criação de um fundo internacional que receba a receita da taxação de tudo o que utiliza petróleo e seus derivados. Isso quer dizer que construir termelétricas no Brasil – tendência que tem se fortalecido ultimamente – pode se tornar um mau negócio num futuro não tão distante assim.

Para os casos em que o carvão é necessário como fonte de energia, Tasso Azevedo, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, diz que poderíamos deixar de importar o carvão mineral da Austrália e ter algum tipo de incentivo para o uso do carvão vegetal nacional, a partir de florestas plantadas. “Além de gerar emprego para os brasileiros, aumentaríamos nossa cobertura florestal, diminuindo o impacto das chuvas sobre morros e encostas e ganharíamos em estoque de carbono”.

Construções autossuficientes
O ramo das energias alternativas – ou complementares, como dizem alguns especialistas – também vem ganhando espaço nas pesquisas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Daqui para frente, será cada vez mais comum ver casas com placas solares, por exemplo, mesmo entre a população de baixa renda. “Os bancos podem desenvolver linhas de financiamento que facilitem a aquisição desses equipamentos”, diz João Talochi, representante do Greenpeace. “O governo também pode criar tarifas diferenciadas que permitam que o investimento em energia solar traga retorno para quem o faz. Na Alemanha ou na Espanha, por exemplo, quando as residências não estão consumindo a energia gerada pelas placas solares, ela retorna para o sistema público de energia e o proprietário ganha por isso”, conta.

Conhecido como geração descentralizada de energia, o mecanismo garante maior segurança energética para a população. “As pessoas vêm o investimento em placas solares como uma caderneta de poupança, pois economizam na conta de luz e até ganham mais do que gastam”, observa Talochi.

A tecnologia de células fotovoltaicas em vidros também já é uma realidade. Imagine quanta energia poderia ser produzida pela enorme quantidade de prédios que existem nos grandes centros urbanos. Poderíamos até falar em prédios autossuficientes ou, em muitos casos, em edifícios geradores de energia.

Lixo e cana: de vilões a fontes energéticas
Outra fonte energética pode ser o lixo urbano. Além de evitar a emissão de metano, que também tem efeito estufa e é quatro vezes pior do que o gás carbônico, pequenas comunidades podem gerar a própria energia a partir do lixo que, inevitavelmente, produzem. Se pensarmos que, atualmente, cada pessoa produz, por dia, cerca de um quilo de lixo, está aí uma boa maneira de dar um destino melhor aos resíduos acumulados nos lixões e aterros sanitários.

Uma das promessas de geração de energia para o Brasil é o bagaço de cana, que antes era considerado apenas um resíduo da produção sucroalcooleira e, portanto, um problema a ser resolvido, e hoje pode representar 15% da produção de energia do país, o que corresponde à capacidade de duas Itaipus.

“Estão surgindo muitas tecnologias de ponta no setor de energia”, observa Ricardo Young. “A tendência é que, em vez de grandes usinas produtoras de energia e linhas de produção elétrica intermináveis, teremos várias fontes renováveis e remotas de energia ligadas a grandes centrais elétricas. É uma revolução incrível”, diz.

COP


Markus Becker e Christoph Seidler

A possibilidade de que se chegue a um acordo durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2009, que ocorrerá em Copenhague, parece menor do que nunca. Mas os ambientalistas ainda enxergam uma pequena chance de progresso na reunião de dezembro.

Alguns meses atrás, parecia ser quase inconcebível que a conferência em Copenhague pudesse acabar sem um acordo legal e compulsório. A pressão política sobre as nações industrializadas era enorme, e as expectativas dos seus habitantes muito altas.

Impasse Operários trabalham em fábrica de Pequim, na China. Assim como os americanos, o governo chinês demonstra estar disposto a fazer o mínimo possível em relação à alteração climática.


"Não existe Plano B", era o mantra do ministro dinamarquês do Meio Ambiente, Connie Hedegaard - e o resto do mundo parecia indicar que concordava, ainda que apenas de forma murmurante. E quando as potências mundiais que participaram da reunião de cúpula do G-8 em L'Aquila, na Itália, em julho, concordaram quanto a metas ambiciosas para a redução dos gases causadores do efeito estufa, o fato pareceu indicar que um desfecho positivo para as negociações internacionais sobre mudança climática constituíam-se realmente em uma opção realista.

No entanto, neste ínterim, uma outra coisa ficou evidente: o sucesso é medido pelas metas estabelecidas. E a meta foi redefinida no último domingo. Na reunião da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec, na sigla em inglês), em Cingapura, 17 chefes de Estado e governo - incluindo os da China, da Rússia e dos Estados Unidos - destruíram todas as esperanças de que se estabeleçam metas internacionais compulsórias quanto ao clima na reunião de Copenhague. Até mesmo o acordo para reduzir pela metade as emissões de dióxido de carbono até 2050 a que se chegou em L'Aquila foi colocado de lado. Agora, o único resultado possível é um "acordo politicamente compulsório". Segundo o último plano para a reunião, chegar-se-ia a um acordo legal em um estágio posterior.

Conversações sobre o clima: um fracasso antes mesmo de começarem
Mesmo antes de a reunião ter início em 7 de dezembro, as conversações sobre o clima já dão a impressão de que serão um fracasso - pelo menos ao se considerar qual era a meta original das negociações. Ao final de 2007, em uma conferência na ilha indonésia de Bali, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu que um acordo que se seguiria ao Protocolo de Kyoto, que expirará em 2012, teria que ser alcançado dentro de dois ano - e que esse acordo seria finalizado em Copenhague. O fato de que isso não mais acontecerá é "mais do que deplorável", segundo o pesquisador especializado em clima, Hans Joachim Schellnhuber, que faz parte da delegação alemã que seguirá para Copenhague.

Mesmo assim, o diplomata graduado da ONU para a questão climática Yvo Boer continua otimista. "Copenhague pode e tem que esclarecer questões relativas à redução de emissões e ao financiamento de ações iniciais", diz de Boer, que é chefe do Secretariado da ONU para Mudança Climática em Bonn, referindo-se ao auxílio financeiro que as nações desenvolvidas oferecerão aos países desenvolvidos para ajudá-los a lidar com a alteração climática. "Não vi nada que modificasse a minha visão em relação a isso".

A "hora do realismo" para as negociações sobre a mudança climática se aproxima
Em uma última reunião informal em Copenhague antes do início da conferência, ministros do Meio Ambiente de mais de 40 países estão atualmente discutindo o que se pode salvar das negociações. De Boer está lá, assim como o novo ministro alemão do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, que afirma "a forte vontade dos participantes de fazer de Copenhague um sucesso". De fato, as esperanças de um acordo global sobre a alteração climática não parecem ainda completamente extintas.

"Esta é a hora do realismo", disse a "Spiegel Online" Susanne Dröge, do Instituto Alemão para Questões Internacionais e de Segurança (Stiftung Wissenschaft und Politik, ou SWP, em alemão), acrescentando que já era hora de ajustar as altas expectativas em relação à conferência. "Há muito tempo alguém já deveria ter dito tudo isso publicamente", observa ela, acrescentando que as altas expectativas pesaram bastante sobre os negociadores durante os preparativos para a conferência. "Agora, parte da pressão que vinha se acumulando foi liberada. Se isto tivesse ocorrido em Copenhague, teria sido muito pior".

Christoph Bals, da organização ambiental Germanwatch, concorda. Ele acha que a conferência poderá alcançar um resultado razoável - e não apenas uma declaração final vagamente formulada. "Ainda poderá haver um acordo legalmente compulsório", disse Bals a "Spiegel Online". Há algum tempo é evidente que as conversações de dezembro não produziriam nenhum tipo de tratado internacional definitivo que os países poderiam simplesmente ratificar, diz ele. Mas Bals sente que ainda existe a possibilidade de que a conferência de Copenhague possa ajudar a mundo a dar um grande passo na direção certa.

Três pontos essenciais para as negociações sobre mudança climática
Entre os observadores existe o consenso de que, para que se alcance algum tipo de sucesso, é necessário que haja concordância quanto a três pontos.

1. Metas de médio e longo prazo para a redução de gases causadores do efeito estufa.

2. Apoio financeiro das nações industrializadas para os países recentemente industrializados e os países em desenvolvimento.

3. Transferência de tecnologia para os países pobres.

"A Dinamarca está trabalhando arduamente para assegurar um resultado de sucesso e ambicioso em Copenhague", disse a "Spiegel Online" a ministra dinamarquesa do Meio Ambiente, Connie Hedegaard. "No decorrer dos últimos meses, ela tem viajado pelo mundo a fim de fazer pressões para que se chegue a um resultado em Copenhague; um resultado que agora parece improvável. Não obstante, ela descreve o novo plano dinamarquês para que se chegue a acordos "politicamente compulsórios", em vez de legalmente compulsórios, em Copenhague, como sendo a abordagem correta.

Mas esses acordos "politicamente compulsórios" poderão também terminar sendo apenas declarações de intenção destituídas de qualquer compromisso, sem um cronograma concreto ou qualquer outro detalhe real. No momento ninguém pode determinar quais alternativas acabarão emergindo das conversações. "Eu atualmente enxergo probabilidades de 50%", diz Bals.

A meta que Copenhague precisa alcançar
Entretanto, Hedegaard parece pronta a lutar pelo resultado que deseja. "Copenhague deveria incluir um prazo par que se chegue a um acordo legalmente compulsório", sustenta ela.

O enviado especial da Suécia para a questão da mudança climática, Lars-Erik Liljelund, tem a mesma opinião. O país dele está indo para as discussões como ocupante da presidência rotativa de seis meses da União Europeia. Ele concorda com a estratégia dinamarquesa. "Nós a apoiamos por acreditarmos ser importante que se chegue a um resultado em Copenhague", declarou ele a "Spiegel Online". Porém, ele afirma que já estava claro seis meses atrás que a conferência não resultaria em nenhum tratado legalmente compulsório.

Os europeus sem dúvida contribuíram para reduzir as expectativas quanto às conversações de Copenhague. O principal problema tem sido que as nações europeias não são capazes de concordar quanto à quantidade de dinheiro que os países em desenvolvimento devem receber para ajudá-los a adotar qualquer objetivo em relação à mudança climática (esses objetivos são também conhecidos como "adaptação" no jargão oficial) e a reduzir as suas emissões de gases causadores do efeito estufa ("mitigação"). Porém, o auxílio financeiro para ajudar a lidar com a alteração climática é uma demanda fundamental dos países em desenvolvimento.

Os ambientalistas não querem nem pensar no que poderia acontecer se o único resultado de Copenhague fosse uma vaga declaração de intenção não compulsória.

"Se quisermos manter o aquecimento global dentro de uma faixa de dois graus centígrados - em outras palavras, a quantidade de aquecimento cujos efeitos, na opinião dos cientistas, ainda poderiam ser controlados pela metade - será necessário que não seja apresentada qualquer outra alternativa a um acordo compulsório", adverte Stefan Krug, diretor da unidade politica do Greenpeace da Alemanha. "Qualquer outra coisa representaria um fracasso total das negociações de Copenhague", conclui Krug.

Declaração da Apec poderia ser positiva
Os observadores não sabem ao certo como interpretar o empecilho anunciado pelos líderes que participam da conferência da Apec. Uma leitura otimista indicaria que os países envolvidos desejam mais tempo porque eles estão falando sério a respeito de se chegar a um acordo forte e compulsório.

"Não faria sentido algum concordar com um acordo internacional que representasse o menor denominador comum", argumenta Schellnhuber. "Seria melhor que se chegasse a uma acordo mais tarde e que tal acordo contasse com metas mais ambiciosas".

Dröge concorda. "Não faz sentido pressionar em Copenhague por algo que simplesmente será mais tarde derrubado pelos Estados Unidos", argumenta ela.

No entanto, uma interpretação mais negativa dos fatos seria a seguinte: os Estados Unidos e a China concordariam secretamente em, por ora, fazer o mínimo possível em relação à alteração climática. Os observadores suspeitam que um cálculo simples encontra-se por trás deste cenário: enquanto um dos lados puder acusar plausivelmente o outro de sabotar as negociações, ninguém sofrerá qualquer dano político significativo. "Segundo este cenário, dá para imaginar que o senado dos Estados Unidos e a China agirão conjuntamente para torpedear qualquer acordo", afirma Bals. Em Washington, uma legislação ampla referente à mudança climática tem sido bloqueada há meses no congresso.

O pôquer da mudança climática
Ou tudo isto não passaria de um complô bem planejado? Seria o resultado desalentador da conferência da Apec já uma tática para as negociações de Copenhague?

"A China e os Estados Unidos contam com mais margem de manobra do que eles estão atualmente admitindo", diz Krug. "Obama poderia de fato já concordar com objetivos legalmente compulsórios para as emissões de dióxido de carbono sem esperar pelo congresso. Ele poderia também fazer promessas financeiras para as nações em desenvolvimento e condicionar esses compromissos a reduções de emissões de gases causadores do efeito estufa". Continua havendo a esperança de que, no fim das contas, Obama ceda um pouco porque, caso contrário, ele enfrentará um potencial dano político nos Estados Unidos.

"O fato irônico é que o aquecimento global está aparentemente diminuindo de velocidade. "Sob o ponto de vista psicológico, isto tem um significado crítico", diz Schellnhuber.

Sem dúvida qualquer político medianamente informado saberá que a estagnação do aquecimento global que atualmente vem sendo observada só poder ser temporária. Até 2007, o aquecimento global ainda tinha uma influência significante sobre o debate político, diz Schellnhuber. "Mas desde então a pressão popular tem diminuído", conclui ele.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Entenda como funciona o mercado livre de energia

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é o órgão responsável pelas atividades do mercado livre de energia ou mercado de curto prazo.

A CCEE contabiliza as diferenças entre o que foi produzido ou consumido e o que foi contratado por empresas geradoras, distribuidoras, consumidores livres e empresas comercializadoras de energia. A participação desses agentes no mercado livre é obrigatória.

São considerados consumidores livres aqueles que podem escolher a empresa que vai fornecer energia. É o caso de grandes empresas, shoppings, supermercados, redes de varejo e bancos, entre outros. Já o consumidor residencial é chamado de “cativo”, pois não tem esse poder de escolha.


Como funciona
Se uma empresa ou distribuidora consumiu mais energia do que havia contratado (por meio de leilões ou acordos bilaterais), ela é obrigada a pagar a diferença pelo preço do mercado livre. Esse preço é chamado de Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). Se uma empresa consumiu menos, recebe um crédito.

Os gastos ou lucros com essas diferenças podem ser repassados para o consumidor cativo na data do reajuste anual da distribuidora.

Distribuidoras e consumidores livres são obrigados a ter contratos para garantir 100% do seu consumo previsto. Portanto, o que se negocia na CCEE é somente a diferença entre o consumo previsto e aquilo que foi realizado. Para isso, as empresas são obrigadas a entregar os dados relativos a cada mês do ano. Não há leilões de energia, por exemplo.


Preço
O PLD é calculado com base em sistemas matemáticos. O objetivo é garantir o abastecimento de energia, considerando as previsões para os próximos cinco anos. O uso das termelétricas (que produzem energia mais cara) para compensar a queda no nível dos reservatórios e o atraso nas chuvas, por exemplo, fazem o preço subir.

Estima-se que esse mercado represente 25% do consumo total de energia no país inteiro.