domingo, 29 de agosto de 2010

Energia eólica já é uma das mais competitivas do Brasil

Com preço médio de R$ 130,86 o MWh, fonte de energia bate até mesmo as térmicas movidas a gás natural


Renée Pereira - O Estado de S.Paulo

A forte disputa verificada nos leilões promovidos pelo governo federal esta semana pôs a energia eólica na lista das mais competitivas do Brasil, abaixo até do custo das térmicas movidas a gás natural, de cerca de R$ 140 o megawatt/hora (MWh). Na média, o preço da energia produzida com o vento foi negociada por R$ 130,86. No leilão do ano passado, cada MWh custou em média R$ 148,39.

"O resultado realmente surpreendeu a todos", afirmou o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo de Maya Simões. Ele acredita que há várias fatores para explicar a forte disputa verificada no leilão, que contratou 2.892 MW de capacidade, sendo 70% desse montante de energia eólica.

Um dos fatores é a desaceleração da economia europeia, onde a construção de parques eólicos é tradicional. Com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo menos, o consumo de energia cai e os projetos de geração são adiados. Isso reduz a demanda por novos geradores eólicos e derruba os preços dos equipamentos.

Nesse cenário, destaca Simões, o Brasil se tornou uma nova fronteira eólica no mundo, já que por aqui a demanda de energia elétrica continua em alta. A matriz, que até o ano passado era de 600 MW, deve pular para 4.454 MW de capacidade nos próximos três anos. "Além das multinacionais que já instalaram fábricas no País (Impsa, Alston e GE), outras empresas estão interessadas em construir novas unidades por aqui", afirma o presidente da Abeeólica. Entre elas, estão a espanhola Gamesa, a dinamarquesa Vestas, a indiana Suzlon e investidores coreanos e chineses.

A argentina Impsa não só inaugurou uma unidade em Pernambuco, como tem apostado em novas usinas. Em parceria com o Fundo de Investimento com recursos do FGTS (FI-FGTS), vendeu 211 MW no leilão de dezembro do ano passado e 270 MW, no desta semana. O diretor-geral da empresa, Luis Pescarmona, explica que, além da crise europeia, as condições de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) melhoraram a competitividade dos projetos. O prazo dos empréstimos subiu de 14 anos para 16 anos.

Outro grupo que teve presença importante no leilão desta semana foi a joint venture entre Neoenergia e a espanhola Iberdrola. No total, eles venderam 258 MW, o que deve contribuir para a Neoenergia atingir 3 mil MW de potência instalada no País (já considerando a parcela de Belo Monte), afirma o presidente da empresa, Marcelo Corrêa. Em dois anos, diz ele, essa capacidade deverá subir para 5 mil MW.

Ricardo Simões, da Abeeólica, acredita que o Brasil tem grandes oportunidades para aumentar a participação dessa fonte renovável na matriz elétrica. "O potencial do País em energia eólica é de 300 mil MW", diz ele, que também vendeu 90 MW de energia no leilão da empresa Brennand Energia. O executivo comenta que no Brasil o fator de capacidade de geração está na casa de 40%, ante 22% da Europa. Ou seja, aqui as unidades geram mais energia por MW instalado.

domingo, 22 de agosto de 2010

Energia eólica lidera entre fontes renováveis

Estudo aponta que parques eólicos receberam 56% dos investimentos globais em energia limpa em 2009

Por Luciano Costa

A geração de energia a partir do vento foi a que mais cresceu entre as fontes de energia renovável ao longo de 2009. Segundo o relatório "Tendências Globais das Energias Limpas 2009", elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), a indústria eólica foi a responsável por 56% de todos os investimentos aplicados em energia limpa no ano passado, com US$67 milhões recebidos. O setor apresentou força mesmo após a crise econômica, com o total de recursos aplicados na fonte crescendo 9% entre 2008 e 2009.

Entre os países que mais acrescentaram potência instalada a seu parque eólico, a China aparece na liderança, com 13,8GW, contra 10GW dos Estados Unidos e 2,5GW da Espanha. Em todo o mundo, 38GW em usinas iniciaram a operação. O documento também destaca que hoje a energia eólica já está presente em mais de 80 países.

O ano de 2009 também foi o segundo consecutivo em que o mundo instalou mais megawatts em empreendimentos de energia limpa do que em fontes convencionais. E, segundo a previsão da ONU, o feito deve voltar a acontecer em 2010. Entre os países, o maior crescimento na geração renovável se deu na China, que ultrapassou os Estados Unidos em investimentos, com 37GW em usinas de geração limpa. Outra região que teve grande expansão no setor foi o Mar do Norte, devido aos investimentos em usinas eólicas offshore - instaladas em alto mar.

Apesar das boas notícias, as fontes limpas receberam 7% menos investimentos no ano passado do que em 2008. Foram US$162 bilhões ao longo do ano. Isso porque, apesar da forte expansão eólica, outros segmentos, como a energia fotovoltaica e os biocombustíveis, apresentaram retração significativa em parte de sua cadeia produtiva.

As usinas solares fotovoltaicas receberam US$40 bilhões no ano, um número recorde, com o parque da fonte alcançando os 21GW ao final de 2009. Ainda assim, os investimentos em fabricação de equipamentos caíram 27% no ano, chegando a US$24 bilhões. De acordo com o relatório, o setor sofreu abalos por diversos fatores, como a queda nos preços, falta de financiamentos e apreensão do mercado - além da desaceleração da fonte na Espanha.

Apesar desse revés, a fonte instalou 7GW em 2009, com a Alemanha representando mais do que a metade (3,8GW) dos novos empreendimentos na área. O relatório coloca Itália, Japão, Estados Unidos, República Checa e Bulgária como países que também apostaram fortemente na geração solar.

Já a China tem se destacado na produção de equipamentos. Foi a responsável por 40% dos painéis fotovoltaicos fabricados no mundo em 2009, além de ter abocanhado 25% do mercado de turbinas eólicas - um aumento significativo em relação a 2007, quando o país detinha uma participação de apenas 10% na área.

Por último, aparece a produção de energia elétrica a partir de biomassa, que recebeu US$11 bilhões, contra US$9 bilhões registrados em 2008.

São Bernardo quer transformar lixo em energia

Município, no ABC Paulista, tem projeto orçado em R$220 milhões


A cidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, pretende construir uma usina de recuperação de energia (URE), que geraria eletricidade através do biogás obtido do lixo. O projeto foi apresentado na última semana pelo prefeito Luiz Marinho e está orçado em R$220 milhões. O objetivo da prefeitura é viabilizar o empreendimento por meio de uma Parceria Público Privada (PPP).

A usina seria implementada junto ao Lixão do Alvarenga e, junto com uma central de reaproveitamento e processamento de resíduos, ocuparia uma área de 30 mil m². Atualmente, São Bernardo gasta R$14 milhões por ano para descartar seu lixo no aterro Lara, em Mauá. A estimativa é de que, com o sistema em funcionamento, os custos caiam pela metade.

A prefeitura pretende disponibilizar em breve uma consulta pública para receber contribuições ao projeto. Após esse processo, deve ser lançado o edital de convocação para empresas interessadas em participar do empreendimento.