sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Energia renovável, tecnologia e economia

A corrida para desenvolver novas energias renováveis está sendo vista cada vez mais não só como solução para os problemas climáticos, como também para a economia. O setor de energia é, de longe, o maior da economia. É também um dos que passa por mudanças mais profundas e que devem se acentuar e acelerar ainda mais nos próximos anos. Em duas palavras: novos negócios.Energia sempre foi importante do ponto de vista geopolítico. Isso não deve mudar, porém a geopolítica das energias renováveis será bem diferente da era do petróleo. O tão falado conceito de independência energética toma outra dimensão quando se aborda a tecnologia relacionada às energias renováveis. Ao invés das reservas naturais, serão as tecnologias que determinarão o diferencial competitivo das nações.
Um dos grandes diferenciais competitivos dos países nesta nova era será o domínio de tecnologias de energias renováveis, que são mais complexas do que a de extração tradicional de petróleo. Quatro setores se destacam neste campo: eólica, solar fotovoltaica, baterias e células a combustível, e biotecnologia.
Desses quatro setores, o Brasil só se destaca no último, mas mesmo assim o trabalho fica muito aquém do potencial brasileiro de aplicações desta área na agricultura. O setor de biotecnologia é, de longe, o que apresenta maior número de empresas. Contudo, muitas delas estão tentando desenvolver novas tecnologias para outras áreas, com destaque especial para saúde.
Na área agrícola e de bioquímica, onde a biotecnologia se destaca há trabalhos muito sérios sendo feitos por diversos centros de pesquisa, empresas e pesquisadores de universidades. A grande dificuldade continua a ser passar os avanços do laboratório para a vida real, seja por razões financeiras, legais ou mercadológicas.
Quando se fala de energia, o exemplo óbvio da utilização da biotecnologia é a cana-de-açúcar e a fermentação. Ambos são alvo de pesquisas importantes. E no caso da cana, o exemplo da Canaviallis mostra como o conhecimento acumulado pelo Brasil gera valor.
A empresa surgiu em decorrência do sequenciamento do genoma da cana e anos depois foi vendida para a multinacional Monsanto. Um dos principais acinsitas da empresa, a Votorantim, usou parte dos recursos para investir na Amyris, empresa que desenvolve leveduras geneticamente modificadas para produzir diesel a partir do açúcar.
Outros estudos importantes são conduzidos pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e outros órgãos de pesquisa, incluindo o centro de pesquisas da Petrobras e, claro, a Embrapa. Recentemente a DuPont anunciou o investimento em pesquisa relacionada aos biocombustíveis no Brasil.
Ou seja, o Brasil vai bem quando se fala de biocombustíveis e os prospectos são excelentes nesta área. Infelizmente, não se pode falar o mesmo de outras fontes renováveis.
Não há nenhuma grande empresa brasileira que seja destaque mundial na área de energia eólica, fotovoltaica e de baterias, apesar do imenso potencial brasileiro nas duas primeiras áreas. A riqueza mineral do país tambe’m deveria levar a um política de desenvolvimento de novos materiais e a produção de produtos de alta tecnologia baseado neles, como as baterias. O Brasil detém, segundo o US Geological Survey, a terceira maior reserva de lítio do mundo, atrás apenas do Chile e da China.
Não é exclusividade brasileira. Neste aspecto até os Estados Unidos que tem um imenso volume de pesquisas nesta área e capital está ficando para trás. Apenas 2 das 10 maiores fabricantes de aerogeradores têm sede nos EUA. É o mesmo número da China, da Espanha e uma a menos do que a Alemanha. A maior empresa do mundo é dinamarquesa. Veja lista dos 10 maiores fabricantes de turbinas (em inglês).
No caso dos painéis fotovoltaicos apenas 1 entre as 10 maiores são americanas. Neste caso há 3 japonesas, 3 chinesas, 2 alemãs e mais uma de Taipei. Veja a lista dos maiores na Wikipedia. No caso do silício, usado para produzir as células fotovoltaicas, o Brasil é o quarto maior produtor mundial, embora neste caso a maior parte da produção seja usada na indústria siderúrgica.
Tanto na eólica quanto na fotovoltaica, o Brasil nem aparece no retrato, embora no caso de energia solar deva-se fazer a ressalva de que o país tem avançado bastante no uso da energia solar térmica, cuja tecnologia é bem mais simples, mas nem por isso deixa de ser de extrema utilidade para o país. Grande parte desse avan;co deve-se a Cidades Solares.
O desenvolvimento de mecanismos para incentivar o uso de energias renováveis e também ampliar o desenvolvimento de empresas do setor no Brasil é uma oportunidade que já está passando e vai custar caro na hora em que ela for indispensável. E pelo andar da carruagem, isso não vai demorar muito.

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