quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O smart grid - rede elétrica inteligente

Quando o Brasil adotar o smart grid, a rede elétrica inteligente, qualquer um poderá gerar energia em casa e usá-la ou vendê-la para as empresas concessionárias. Isso vai estimular a adoção de tecnologias verdes ainda pouco populares, como turbinas eólicas e placas solares fotovoltaicas, que passarão a ocupar os telhados e quintais de casas e edifícios. As tarifas cobradas pelas companhias fornecedoras terão preços diferenciados, variando de acordo com o volume de consumo em um determinado período do dia. Panes ou blecautes poderão ser detectados online e corrigidos em tempo recorde.




Esse cenário pode parecer um sonho futurista, mas é mais real do que você imagina. Os equipamentos que vão permitir uma revolução no setor elétrico já existem. Parte deles está inclusive em funcionamento em algumas cidades do mundo, como asamericanas Austin e Boulder — China e Itália também vêm conduzindo experiências. Seu uso só não decolou ainda por causa do preço, mais alto que o dos obsoletos aparelhos usados há anos. Dois fatores, no entanto, estão começando a fazer isso mudar.

O primeiro deles é o aquecimento global, que tem exigido a busca por novas formas de reduzir as emissões de carbono. O problema é bem maior nos países mais ricos, responsáveis pela produção de boa parte dos gases causadores do efeito estufa. Grande parcela da energia consumida por essas nações vem de usinas termelétricas, que queimam combustíveis fósseis. Como o smart grid facilitará o uso de fontes renováveis, esse impacto poderá ser reduzido.

O segundo fator é o aumento do consumo de eletricidade em todo o planeta, previsto para ocorrer nas próximas duas décadas. De acordo com uma projeção divulgada no fim do ano passado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a demanda mundial por watts deve dobrar até 2030. Por isso, é vital ter um sistema elétrico mais confiável, capaz de reduzir as perdas na transmissão e de fornecer informações bem detalhadas sobre gastos.

A ELETRICIDADE COPIA A WEB
A primeira grande diferença entre o smart grid e o sistema atual está no modo como a energia é distribuída. O modelo adotado hoje por todos os países ainda guarda as mesmas características de um século atrás. “Ele é baseado no princípio de que a energia é gerada em um ponto e consumida em outro”, afirma Pedro Jatobá, presidente da Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel) — a entidade reúne as principais companhias energéticas do país. Na rede inteligente, a transmissão pode começar em qualquer ponto e seguir em qualquer direção. A ideia é ter uma estrutura similar à da internet.

Outro elemento fundamental para o novo sistema são os medidores inteligentes, ou smart meters. Por meio deles, cada consumidor conseguirá saber exatamente quanto gasta durante as 24 horas do dia, ao longo de todo o mês. As informações poderão ser acessadas inclusive em tempo real, pela web. No Brasil, existem quase 5 milhões de aparelhos desse tipo, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) — apenas uma parte desse total, contudo, já foi instalada. O problema é que os equipamentos são subutilizados no país.

Algumas concessionárias decidiram adotá-los em áreas com grande concentração de moradores de classes média e média baixa, para reduzir os furtos de energia. Como os dados coletados são repassados para uma central por radiofrequência, fica fácil descobrir se existem desvios — os consumidores, no entanto, não têm acesso às informações detalhadas. “O preço dos aparelhos é de três a quatro vezes maior do que o dos medidores tradicionais”, diz Alvaro Dias Junior, diretor-geral e vice-presidente executivo para América do Sul da Landis+Gyr, uma das fabricantes desses equipamentos. “Mas as perdas dessas concessionárias são tão grandes que 1% de economia já é bastante dinheiro.” Atualmente existem 62 milhões de medidores no Brasil, segundo a Aneel.
- O preço da mudança: 62 MILHÕES de medidores precisam ser trocados por Modelos inteligentes no Brasil.
- 230 REAIS: É o gasto médio para instalar cada um dos novos aparelhos. Fonte Aneel

DEU PAU NA ENERGIA
O problema é que a rede elétrica brasileira ainda não está preparada para as tecnologias mais modernas. Em Duque de Caxias (RJ), a concessionária Ampla substituiu os medidores em alguns bairros por modelos eletrônicos em 2007.



O dono de uma padaria levou um susto quando recebeu a conta. Por causa de problemas de variação de tensão, o aparelho registrou 58,6% a mais do que havia sido realmente gasto. O erro foi constatado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e provocou um recall em milhares de equipamentos para evitar novos enganos.

Para o smart grid funcionar, precisa estar acompanhado de uma rede de transmissão de dados. Isso garantirá que todas as informações coletadas sejam repassadas para as empresas de energia. Além dos medidores inteligentes, os outros aparelhos necessários para o funcionamento do sistema, dos transformadores aos disjuntores, vão sair do atual estado passivo e começarão a falar. Se ficarem mudos, sera mais fácil de localizar a origem do problema e fazer a substituição. O sistema será mais automatizado.

Várias são as tecnologias que podem servir para essa comunicação. É possível adotar o sistema de internet pela rede elétrica, o Power Line Communications (PLC), ou fazer a transmissão por fibra óptica, por exemplo. A escolha vai depender das características de cada rede e de quanto será investido para modernizar o sistema.

ESPIÕES DE ENERGIA: A modernização da rede elétrica também é necessária para garantir a segurança. Quer um exemplo? Espiões da Rússia e da China já invadiram o sistema de energia dos Estados Unidos e instalaram programas com o objetivo de causar uma pane no futuro. Com o smart grid, o plano dificilmente daria certo.

Fonte: Planeta Sustentável

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