quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pesquisador prevê iniciar em 2012 produção industrial de painéis fotovoltaicos no Brasil

O engenheiro Adriano Moehlecke da PUC-RS, que desenvolveu módulos fotovoltaicos com padrão de eficiência próximo aos melhores do mundo, prevê para 2012 o início da fabricação dessa tecnologia em escala industrial no Brasil.

A equipe de pesquisadores da PUC-RS que desenvolveu a tecnologia para produção em escala de módulos fotovoltaicos agora trabalha na elaboração do plano de negócios da primeira indústria nacional no segmento.


“Desenvolvemos células de alta eficiência de conversão (17%) em escala laboratorial, com redução dos custos de produção”, afirma Moehlecke. “A eficiência das nossas celulas industrializadas atingiu 15,4%. A média mundial é de 14%. A melhor do mundo está em torno de 16%”.

Segundo Moehlecke, a pergunta que ficou (desde quando iniciou a pesquisa em 2002)foi se a tecnologia era viável em produção industrial. Então, os governos federal e estadual por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Petrobras, Eletrosul e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) financiaram o projeto para criação de uma mini-fábrica de produção das células solares.

A partir do final de 2004, foi iniciado o projeto para implantação da planta-piloto pré-industrial, cujo objetivo era verificar a viabilidade técnica e econômica da produção industrial. Foram investidos R$6 milhões durante os 5 anos do projeto.

“No final de 2009, entregamos os 200 módulos fotovoltaicos que produzimos ali para a Eletrosul, Petrobras, e CEEE”, disse Moehlecke.

Hoje, concluída a avaliação de viabilidade, o grupo está trabalhando na elaboração de um plano de negócios, exigência que está sendo bancada por investidores como CEEE e Eletrosul. A expectativa é que o plano esteja pronto até o final do primeiro semestre de 2010.

"No segundo semestre de 2010 negociaremos com os investidores. Acreditamos que esta fábrica esteja funcionando em dois anos e que serão necessários R$50 milhões para levantar a planta indústrial, com a qual prevemos produzir 10 megawatt ao ano”, disse Moehlecke.

Apesar da abundância do sol, no Brasil essa forma de produção de energia elétrica ainda é pouco usada. Segundo Moehlecke, o mercado internacional de energia solar vem crescendo a uma taxa de 80% ao ano, motivada pelos problemas ambientais atuais.

Uma casa utiliza em média nove metros quadrados de módulos fotovoltaicos que produzem cerca de 130 kwatt/hora de energia por mês, dados para a região sul do Brasil.

“A média do consumo de energia elétrica pelo gaúcho é de 160 kwatt/hora por mês. Na conta nós pagamos R$0,45 por kwatt hora”, disse Moehlecke.

Como o modulo só operara durante o dia, o professor sugere duas aplicações: uma na qual baterias acumulam energia durante o dia para serem utilizadas à noite e outra com ligação à rede pública com a qual haveria trocas.

“Vende-se à companhia elétrica o que se produz durante o dia e não é utilizado e durante a noite compra-se da companhia elétrica o necessário. Na Europa, Japão e alguns estados dos EUA isso já acontece. O Brasil ainda não tem regulamentação para isso”, disse. Com isso o consumidor poderá se transformar em vendedor de energia elétrica utilizando os telhados das casas.

“A partir do momento que você produz a energia que consome você deixa de utilizar energia de fontes emissoras de CO2”, disse o professor.

Moehlecke explica que no Brasil o custo dos painéis fotovoltaicos é alto porque o produto é importado, sofre com a grande carga de impostos e com atravessadores que estão entre indústria e consumidor.

O pesquisador ainda não sabe precisar o preço final dos módulos, o que deve ser definido pelo plano de negócios. Segundo ele, se o sistema brasileiro fosse comercializado na Europa, custaria cerca de R$15 mil para o consumidor final. A garantia de fábrica será de 25 anos, ou seja, durante um quarto de século o potencial do equipamento não será menor do que o indicada no momento da compra.

Entre os materiais utilizados para a fabricação do módulo estão o silício, pasta de prata e alumínio.

Boa parte da matéria-prima é encontrada no Brasil e embora o país seja um dos maiores produtores de silício do mundo, ainda não o produz com a qualidade exigida para fazer as células. Isso faz com que importemos o material que responde por até 40% do valor final dos módulos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário