quinta-feira, 15 de novembro de 2012

É a vez da média gerência?

http://pagina22.com.br/index.php/2012/11/chegou-a-vez-da-media-gerencia/



Que a sustentabilidade entrou de vez no radar das empresas ninguém discute. Passado o momento inicial dos grandes líderes inspiradores do movimento, fomos investigar se e como  o tema está se capilarizando na estrutura das empresas. Apesar de haver poucos dados e pesquisas sobre o assunto, é possível concluir que a tendência de capilarização da política de sustentabilidade nas organizações corporativas é real, embora ainda em fase inicial e não generalizada. Em ritmos distintos, algumas grandes empresas já avançam em ações para além do marketing e do cumprimento de regras (compliance), conforme apurou Página22 com consultores e gestores de sustentabilidade – mas constituem uma minoria.
Levantamento sobre sustentabilidade corporativarealizado em 2011 pela revista MIT Sloan Management Review e o Boston Consulting Group e publicado no início de 2012 mostra que 70% das companhias consultadas já incluíram a sustentabilidade de maneira  permanente em suas agendas de gestão. Foram entre vistados em 2011 para esta terceira edição do estudo mais de 4 mil gerentes e executivos de empresas de 113 países, incluindo instituições na América do Sul.
O trabalho conclui que as empresas estão firmando compromissos significativos com práticas mais sustentáveis em seus negócios, ao investir tempo e dinheiro em estratégias que abordam cenários competitivos crescentemente moldados por fatores como mudança climática, escassez de recursos, incertezas regulatórias e volatilidade econômica.
O levantamento também revela que essas empresas reconhecem a necessidade da combinação de liderançasênior e gestão integrada para que as estratégias de sustentabilidade sejam bem-sucedidas. Entendem que precisam estabelecer parcerias com públicos relacionados de alguma forma a seus negócios – reguladores, fornecedores, organizações não governamentais e grupos de cidadãos.
Ainda segundo o estudo, empresas com experiência no tema há menos de dois anos estão 50% menos propensas a dizer que a sustentabilidade contribui para aumentar seus lucros do que as que têm mais de 12 anos de experiência. Tais empresas estão olhando além de comunicação, gestão de risco e reputação, e veem lucros emergentes não no futuro, mas agora.
Essas organizações entrevistadas são líderes do mo­­­vimento da sustentabilidade, pioneiras, desenvolvem projetos inovadores e transformam essa abordagem em vantagem competitiva. Mas ainda formam um grupo minoritário, lançador de tendências que terão eco em momentos distintos no mercado e em empresas em diferentes níveis de implementação da sustentabilidade em suas cadeias produtivas.
“Não acredito que exista essa capilaridade como tendência generalizada”, avalia Flavia Moraes, sócia-diretora da FCM Consultoria e diretora da Associação Brasileira de Profissionais de Sustentabilidade (Abraps). “Estamos falando de empresas que estão no movimento há muito tempo e tiveram um líder ‘puxador’. Depois disso, o bastão foi passado para alguém em um nível bem alto dentro da organização, que se encarregou de promover a capilaridade dentro da empresa. Mas isso é para poucos e bons.” Ainda assim, Flávia percebe que a palavra da vez nas empresas é sustentabilidade e que as pessoas hoje têm essa questão mais próxima, em parte, por conta do papel da mídia.
O aumento da quantidade de relatórios de sustentabilidade pode ser tomado como indicador de que o tema vem sendo inserido nas agendas das empresas e envolvendo diferentes níveis hierárquicos. Seja ao permear a cadeia produtiva, ao incorporar o assunto no plano de negócios, seja mesmo na mobilização de gerentes e técnicos para ‘rechear’ esses relatórios, é fato que temos uma tendência aparentemente sem volta.
De acordo com dados do Ponto Focal da Global Reporting Initiative (GRI) no Brasil, o país encontra-se em terceiro lugar no mundo em número de empresas que publicam relatórios de sustentabilidade. Mais de 160 relatórios brasileiros baseados nos padrões da GRI foram publicados em 2010. Quase 40 empresas brasileiras participam do Programa de Stakeholders (públicos de interesse) Organizacionais da GRI e os especialistas brasileiros estão bem representados nos órgãos de governança da iniciativa – e o Brasil foi o primeiro país onde se estabeleceu um Ponto Focal.
AINDA UMA MINORIA
Glaucia Terreo, coordenadora do Ponto Focal da GRI no Brasil, relata que tem visto muitos gestores colocarem a mão na massa, estudando muito, buscando conhecimento em cursos formais e em outras fontes, indo até as comunidades e falando com públicos com posições antagônicas, mas que isso ainda ocorre em uma parte minoritária do mundo corporativo do País: “Já seria muito se contarmos hoje com cerca de 250 empresas aparentemente engajadas, e, destas, 50 efetivamente engajadas. A maioria das empresas nem publica balanço financeiro”.
Para Glaucia, o principal entrave situa-se na cultura ainda vigente nas lideranças empresariais, que mantêm um pensamento arraigado no business as usual, tratando seu negócio sobretudo sob o prisma econômico-financeiro. “A maioria das companhias ainda trata o Relatório de Sustentabilidade como peça de propaganda. A turma do relatório da empresa toma o processo com seriedade, vai atrás de soluções e leva o material como ferramenta de gestão para o nível hierárquico de cima. Quando ele volta, vem com um monte de cortes e ‘cara’ de publicidade. Isso é sério!”, afirma.
A representante da GRI no Brasil avalia que a tendência de a sustentabilidade ocupar um lugar central nas estratégias corporativas é mais forte nas empresas com cadeia de negócios mais internacionalizada, que acabam por adotar padrões de produção mais rigorosos que a média do mercado, principalmente para evitar que suas operações sejam afetadas por aparatos regulatórios distintos nos diferentes contextos regionais.
“Na Dinamarca, por exemplo, as empresas de grande porte devem, por lei, prestar contas de seu desempenho socioambiental ou explicar publicamente os motivos de eventual recusa a seguir a norma legal. Procedimento parecido também é exigido das companhias que pleiteiam ingresso na Bolsa de Johannesburgo, na África do Sul. Na França, não tem explicação – é relatar ou relatar.” A BM&FBovespa, de São Paulo, passou este ano a recomendar às empresas nela listadas que publiquem relatórios de sustentabilidade ou expliquem por que não o fazem.
Dentre os avanços que reforçam a tendência no Brasil, Glaucia destaca o pronunciamento do Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), de setembro de 2012, sobre as melhores práticas de divulgação de informações sobre sustentabilidade, e o processo de construção de proposta regulatória pelo Banco Central tratando da responsabilidade socioambiental no âmbito das instituições financeiras. A proposição do BC esteve em consulta pública até setembro deste ano.
media2GREENWASHING POSITIVO
O fato de estar no discurso das empresas é também um sinal de presença nas agendas. Isso faz com que até mesmo ogreenwashing tenha um lado ‘positivo’, na opinião de Luis Fernando Laranja, diretor-executivo da Ouro Verde Amazônia, empresa do Grupo Orsa: “Quando a empresa se declara ‘sustentável’, ela acaba de colocar a corda no pescoço. Não quer dizer que a corda vá apertar, mas ela pode se enforcar se alguém um dia cobrá-la publicamente”.
Laranja confessa-se frustrado com a lentidão com que o tema sustentabilidade tem impregnado de fato as empresas. Para ele, as métricas são termômetros fundamentais para detectar o grau de comprometimento com a sustentabilidade: “Na Ouro Verde, por exemplo, trabalhamos com produtos da indústria alimentícia e resolvemos certificá-los como orgânicos. Se você não tiver um selo, com uma terceira parte atestando, fica complicado provar que seu produto é orgânico”.
Marco Fujihara, diretor da KeyAssociados e da Way-Carbon, e cogestor do Fundo Brasil Sustentabilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também demonstra ceticismo quanto à hipótese da tendência de capilarização. Para o consultor, ainda há muita dificuldade de gestão e a maioria das pessoas entende sustentabilidade como comunicação ou questão de compliance.
“Discordo que a sustentabilidade hoje esteja na linha da média gerência – essa média gerência continua fazendo compliance. A sustentabilidade tem que ficar com o CEO e ser diferenciação competitiva. Ainda não temos sustentabilidade como alavanca de valor. Quem está no operacional não consegue entender”, avalia.
Hoje, prossegue Fujihara, o grande indicador para medir a sustentabilidade em uma empresa são metas que ela mesma define e muitas vezes não consegue cumprir. “Aumentou o número de relatórios de sustentabilidade, mas ainda como comunicação. Menos de 10% das em- presas usam o relatório como instrumento de valor.” Segundo o consultor, empresas proativas no tema possuem um comitê de sustentabilidade, que faz ponte direta com o conselho de administração. “É preciso pensar junto, senão a visão fica muito compartimentalizada e não vira alavanca de valor, vira marketing.”
DE CIMA PRA BAIXO E VICE-VERSA
Até que ponto a sustentabilidade é mais bem incorporada à empresa quando vem de um movimento a partir do alto escalão? Há casos em que presidentes e diretores são responsáveis por introduzir o tema e estimular ações de sustentabilidade na empresa, dando direcionamento e transformando o assunto em uma das linhas estratégicas de condução (movimento conhecido pela expressão inglesa top-down).
“Se não houver alguém lá em cima ditando o ritmo e cobrando para que a coisa aconteça, o processo não avança. A rotina é muito difícil, nem sempre você consegue olhar pra frente e planejar a longo prazo”, avalia Luiz Pires, especialista em sustentabilidade da AES Tietê. Na AES, quem “ditou” os temas foi uma cadeia iniciada a partir do seu centro decisório, validada pelos funcionários. O grande salto da empresa foi a incorporação da sustentabilidade, no que passou a se chamar de planejamento estratégico sustentável, que se desenvolve sob a batuta do vice-presidente de gestão de performance. “É ele quem cobra os resultados.”
Mas o caminho inverso também pode ser trilhado: o chamado bottom-up, quando o movimento se inicia a partir da base da organização. Uma pessoa ou um departamento começa a implantar ações isoladas que acabam contaminando o topo hierárquico da companhia, em um trabalho de ‘formiguinha’.
Na TAM Linhas Aéreas, a política de sustentabilidade nasceu dos esforços da funcionária Rita Moreno, hoje coordenadora de sustentabilidade e meio ambiente da empresa. “Sou assistente social de formação e pratico sustentabilidade na minha casa. Fui estudar a respeito e achei que a TAM já tinha condição de implantar a área. Já havia práticas, mas era necessário estruturar um programa.” Hoje há um comitê que participa das principais decisões da companhia e valida o programa de sustentabilidade. E anualmente o planejamento é apresentado ao presidente da companhia. “Temos um trabalho de mapeamento dosstakeholders. Trabalhamos com clientes, funcionários, investidores e sociedade. Estamos em nosso terceiro Relatório de Sustentabilidade nos parâmetros da GRI.”
A boa nova é que, aos poucos, entre a alta direção e as pontas, as médias gerências começam a catalisar outros processos relacionados à sustentabilidade no interior das organizações: “A turma que está fazendo essa articulação no meio – embora algumas empresas usem a média gerência para ajudar apenas em assuntos meramente operacionais – começa a participar cada vez mais da análise estratégica do negócio. Até o momento em que chegaremos a um ponto tal que um catalisador não seja mais necessário, como aconteceu no movimento de qualidade nos anos 1990”, estima Meire Ferreira, gerente senior da Prática de Clima e Serviços de Sustentabilidade da Ernst & Young.
“Não é o time de sustentabilidade que coloca a mão na massa, e sim quem está nas pontas. O time cada vez mais será o apoio principal para que as diversas áreas da empresa possam ‘performar’ de maneira adequada”, diz.

FONTE: http://pagina22.com.br/index.php/2012/11/chegou-a-vez-da-media-gerencia/

quarta-feira, 21 de março de 2012

Como medir a sustentabilidade nas empresas?

Balanced Scorecard (BSC) para gerenciar e mensurar a sustentabilidade é um dos caminhos recomendados por especialistas na hora validar o desempenho empresarial



Até meados da década de 90 do século passado, o desempenho empresarial era medido essencialmente sob o ponto de vista financeiro. Com o surgimento de novos aspectos estratégicos no planejamento das empresas, tais como a inovação, novos sistemas de informação, a produtividade e a motivação dos funcionários, por exemplo, tornou-se essencial avaliar o desempenho de uma diversidade de indicadores intangíveis nas organizações.

Nesse contexto, o modelo de gestão do Balanced Scorecard (BSC) propõe que cada empresa construa objetivos e indicadores de acordo com sua visão e sua estratégia, levando em conta quatro dimensões (finanças, clientes, processos e aprendizagem & desenvolvimento), para equilibrar objetivos de curto e longo prazos, a partir de medidas financeiras e não financeiras.

“A empresa escolhe usar o BSC para a gestão estratégica porque essa ferramenta tem um alcance importante de mensuração que pode incluir elementos intangíveis e a sinergia de todas as dimensões empresariais”, afirma a professora da Universidade Federal do Ceará, Célia Braga, atualmente doutoranda em gestão de empresas na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Ela é co-autora, juntamente com os professores Paulo Henrique Vieira Gomes e Vanessa Ingrid da Costa Cardoso, do artigo “O desafio da medição da sustentabilidade das empresas. Estudo de caso: Grupo Endesa Brasil”, apresentado em outubro de 2011 no XIV SemeAd, seminário organizado pelo Programa de Pós-graduação em Administração da Faculdade de Economia e Administração da USP.

Para ela, o BSC é um modelo flexível que pode se adequar a empresas de qualquer tipo de atividade e porte e, por isso, destaca-se como um modelo internacional. “As empresas podem integrar ao BSC conjuntos de indicadores já existentes no mercado como os do Instituto Ethos de RSE e da Global Reporting Initiative (GRI), utilizando indicadores semelhantes a esses, mais adequados aos seus negócios ou até mesmo criando seus próprios indicadores”, diz Célia.

No artigo, os autores afirmam que há três possibilidades para a inserção do desempenho de sustentabilidade no BSC:

1. Transversal: analisar os aspectos da RSE nas quatro dimensões tradicionais do BSC (finanças, clientes, processos e aprendizagem & crescimento);
2. Criar uma dimensão específica para a responsabilidade social empresarial no BSC (quinta dimensão);
3. Criar um BSC exclusivo para a RSE.

Segundo os atores, o mais comum é as empresas adotarem as duas primeiras estratégias. Eles identificaram três principais contribuições do uso da ferramenta BSC no estudo de caso do grupo Endesa no Brasil:

1. Criação de cultura organizacional voltada para a sustentabilidade;
2. Agilidade na avaliação das atividades;
3. Melhoria no processo de avaliação de desempenho global.

Muito além dos acionistas

Para o professor da Fundação Dom Cabral, Cláudio Boechat, atualmente há uma demanda de mercado para que as empresas aprimorem suas relações com os stakeholders. Se antes apenas os acionistas apareciam no topo do BSC, hoje a tendência é que esse público esteja em pé de igualdade com as demais partes interessadas.

“O lucro das empresas tem que estar a serviço de seu propósito máximo, que é criar progresso social e econômico de forma globalmente responsável e sustentável”, afirma Boechat, que é representante da Fundação no Comitê Brasileiro do Pacto Global e na Globally Responsible Leadership Initiative.

Para ele, o BSC continua a ser muito empregado quando se fala em planejamento estratégico, especialmente nas áreas financeiras. Mas a tendência é aliá-lo ao mapa de stakeholders e ao mapa de materialidade. “O mapa de materialidade é exatamente a seleção de temas e indicadores considerados fundamentais pela empresa”, pondera o professor.

Nos setores estudados por Célia, energia elétrica, têxtil e calçados, a adoção de um modelo de gestão específico para a sustentabilidade ainda é incipiente. “Nesses setores, a adoção desse modelo concentra-se nas empresas brasileiras de grande porte, que possuem ações negociadas em bolsas de valores, ou que desenvolvem atividades que poluem muito o meio ambiente e que são regulamentadas pelo Governo ou por agências reguladoras”, conclui a professora.

Na opinião de Boechat, setores que são mais pressionados pela sociedade devido ao grande impacto ambiental e social que acarretam, como os de mineração e petróleo, têm avançado mais na direção de aprimorar seus modelos de gestão e suas relações com os stakeholders, compreendendo que muitas vezes é preciso sacrificar o lucro no curto prazo em favor do longo prazo e da própria sobrevivência da empresa.

Portal HSM
27/02/2012

Inserção da sustentabilidade na gestão de negócios

Quando pensamos em perfumaria e cosméticos, é impossível não se lembrar de O Boticário. A empresa, fundada em 1977 e atualmente com 1.400 colaboradores diretos, tornou-se a maior empresa do mundo com sistema de franquias, alcançando uma rede de 14 mil franqueados. Até o final de 2009, serão cerca de 2.800 lojas no Brasil, além de 73 lojas e mais de 1.000 pontos de venda no exterior, em 15 países (foi a primeira empresa brasileira de perfumaria e cosméticos a cruzar as fronteiras).

Para falar sobre a experiência de O Boticário, o Fórum de Sustentabilidade recebeu Artur Grynbaum, presidente da empresa. Ele iniciou realçando que O Boticário é um dos precursores no País em termos de sustentabilidade, quando ainda nem se falava nisso por aqui e quando ainda não era conhecida por esse nome. “Isso porque a sustentabilidade está na nossa essência, como uma questão maior. Enxergamos a sustentabilidade como um sistema que pode interagir com a comunidade e contribuir para a expectativa de vida das pessoas. Para nós, a sustentabilidade é uma abordagem inovadora no jeito de se fazer negócio. Visa sustentar a viabilidade econômico-financeira e, ao mesmo tempo, preservar a integridade ambiental para as gerações atuais e futuras e construir relacionamentos mais justos na sociedade”, explica Grynbaum.

Ele acrescenta que a jornada da sustentabilidade, geralmente, passa por três grandes passos:
- Filantropia
- Investimento social privado
- Responsabilidade social empresarial / sustentabilidade
Cada empresa vai mudando de patamar conforma o seu grau de maturidade.

Na caminhada de O Boticário para a sustentabilidade, em 1990 foi criada a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. E, em 2008, a Empresa iniciou a implantação da metodologia BSC (Balanced Scorecard), a fim de inserir a sustentabilidade como objetivo estratégico na Organização.

A sustentabilidade é, inclusive, um dos Valores de O Boticário. Os demais são: Ética; Valorização das Pessoas; Valorização das Relações; Criatividade; Cuidado e Atenção aos Detalhes; Entusiasmo pelos Desafios.

“Em nossa visão de longo prazo, queremos contribuir para um mundo mais belo – não só em termos de beleza”, ressalta Grynbaum.

Para inserir a sustentabilidade no modelo de gestão, incluindo o tema nos processos operacionais e administrativos da Companhia, o processo de Gestão da Sustentabilidade seguiu o seguinte caminho:

- Consolidação da governança da responsabilidade social corporativa / sustentabilidade.

- Discussão do processo, que se iniciou no Conselho de Administração, passou pela Presidência e Diretoria Corporativa, foi para as Diretorias de Negócios e depois para as áreas, sempre com o respaldo permanente da área de Responsabilidade Social Corporativa.

- A partir daí, iniciou-se a implantação da metodologia BSC, com o desenho do Ciclo de Planejamento Estratégico e Operacional e o Planejamento da Gestão Integrada na Cadeia de Valor.

- Foi criada uma Matriz de Sustentabilidade, com Valores, compromissos internos e externos e tendências. Hoje em dia, a empresa elencou 29 temas essenciais, dos quais 12 foram escolhidos como prioritários, para o período de 2010 a 2013, dentro de seis macrotemas:
• Responsabilidade Organizacional
• Relações Responsáveis
• Responsabilidade pelo Produto / Serviço
• Recursos Naturais / Biodiversidade
• Mudanças Climáticas
• Relações com Stakeholders

- Em termos de RH, para algumas funções já foi implantada a inserção da sustentabilidade como fator de influência na remuneração variável.

“Queremos ter um lucro sustentável, e acreditamos na sustentabilidade no negócio de ponta a ponta, não em linhas de produtos sustentáveis”, acentua Grynbaum.

Para a Empresa, a perenidade do negócio envolve toda a cadeia – matéria-prima / insumos, fornecedores, a própria Companhia, franqueados e consumidores –, o uso de recursos naturais de forma adequada, a ecoeficiência e as relações humanas.

São realizadas ações (como oficinas de capacitação, reconhecimento de melhores práticas e outras) junto aos fornecedores e franqueados, para ampliar a inserção da sustentabilidade na cadeia de abastecimento, o que contribui para a melhoria contínua do negócio.

Por fim, Grynbaum menciona que, por meio do Programa Bioconsciência, a Empresa recolhe embalagens pós-consumo. Esse programa está presente em 765 lojas de O Boticário.

Faber-Castell na cadeia de fornecimento

A Faber-Castell, conhecida por ser um dos maiores fabricantes de lápis do mundo, faz parte da cadeia de abastecimento de O Boticário, e corrobora a importância de se inserir a sustentabilidade na gestão, nos negócios e nas operações das empresas.

Jairo Cantarelli, gerente da Divisão de Madeira da Faber-Castell, esteve no Fórum de Sustentabilidade. Na opinião dele, a Faber-Castell atingiu um alto nível de reconhecimento por parte da sociedade, sendo uma marca mundialmente conhecida, em função de seus produtos. “O consumidor e a sociedade em geral precisam reconhecer os diferenciais socioambientais que acompanham os produtos”, destaca.

Ele acrescenta ainda que todas as ações de sustentabilidade têm que ter elementos fortes de suporte:
- Base história
- Base presente
- Apoio de marketing
- Comunicação (interna e externa)
- Consistência

“As ações têm de estar alinhadas, e não podem ser temporárias. Não podemos desistir diante das primeiras dificuldades”, complementa.



HSM Online
30/11/2009

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Painel do clima da ONU errou ao prever degelo no Ártico

Um novo estudo de cientistas dos EUA e da França sugere que o IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, errou feio em suas previsões sobre o degelo do Ártico. No caso, errou para baixo: o derretimento observado é quatro vezes maior do que apontam os modelos.

O grupo de pesquisadores liderados por Pierre Rampal, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), publicou seus dados na edição desta semana do periódigo "Journal of Geophysical Research".

Eles uniram dados de modelagem com observações de satélites, navios e até submarinos para estimar que o mar congelado que recobre o oceano Ártico está afinando a uma taxa de 16% por década. Os modelos que alimentaram o relatório do IPCC, publicado em 2007, estimam essa taxa em 4%.

Segundo Rampal e seus colegas, os modelos climáticos computacionais que estimaram um polo Norte sem gelo no verão em 2100 estão atrasados 40 anos em relação às observações. Da mesma forma, o papel da chamada "amplificação ártica" --como é conhecido o efeito de aumento da temperatura devido à perda do gelo marinho e à maior absorção de radiação solar pelo oceano-- provavelmente foi subestimado.

Isso se deve principalmente ao fato de que os modelos não conseguiram reproduzir o aumento de velocidade que ocorre quando o gelo fica mais fino.

O mar congelado do Ártico está em permanente movimento, seguindo as correntes. Todo verão, elas empurram enormes quantidades de gelo para fora do oceano Ártico, pelo chamado estreito de Fram, entre a Groenlândia e o arquipélago norueguês de Svalbard, diminuindo a área do mar congelado.

Acontece que, com a água mais quente, as placas de gelo ficam mais finas (a média entre 1980 e 2008 é de 1,65 metro de afinamento no verão) e se rompem mais. Isso consequentemente aumenta a velocidade de "exportação" do gelo e, por consequência, amplia a redução de área da banquisa.

Em agosto deste ano, a Folha teve oportunidade de experimentar essa alta velocidade do gelo no estreito de Fram a bordo do navio Arctic Sunrise, da ONG Greenpeace. A amarrado a uma placa de gelo de mais de 200 m de comprimento, o navio derivou cerca de 80 km em dois dias.

Rampal afirma que os modelos falham em capturar essa relação entre deformação e velocidade. Aplicando a metodologia usada no novo estudo aos modelos, eles conseguiram resolver quase todas as diferenças entre modelos e observações --o que pode ajudar a estimar com maior precisão o papel do Ártico no clima futuro da Terra.

domingo, 16 de outubro de 2011

Indústria de celulose vende energia excedente

Indústria de celulose vende energia excedente

As novas fábricas de celulose a serem construídas no Brasil terão nova configuração. Além de garantir o fornecimento para as operações, serão capazes de prover quantidades significativas de energia elétrica ao sistema nacional. Esse modelo, anunciado nos projetos de expansão da Suzano Papel e Celulose, estará presente nos investimentos da Fibria. A Klabin, em meio às análises sobre uma nova fábrica, também promete utilizar as tecnologias mais avançadas na nova unidade.


O projeto da Suzano para a construção de uma fábrica de celulose no Maranhão incluiu a compra de dois turbo geradores, os quais atenderão a demanda energética da fábrica e garantirão geração excedente de 100 megawatts (MW), energia suficiente para abastecer uma cidade de mais de 200 mil habitantes. "Todos os grandes projetos do setor devem ser autossuficientes", destaca o gerente da área de Papel e Celulose da Siemens, Walter Gomes Junior.


A Siemens, além de parceria da Suzano no projeto maranhense, também está envolvida na construção da fábrica da Eldorado em Três Lagoas (MS) e da joint venture entre a sueco-finlandesa Stora Enso e a chilena Arauco no Uruguai.


A concorrente Fibria também planeja trabalhar com excedente de energia nos novos projetos. De acordo com o gerente geral de Meio Ambiente Industrial da companhia, Umberto Cinque, a construção da segunda fábrica da Fibria em Três Lagoas poderia elevar o excedente de energia na rede local dos atuais 30 MW para 150 MW. Esse volume não considera eventual repasse energético para a International Paper (IP), com quem a Fibria possui parceria para fornecimento local de utilidades.


A Fibria, por ser uma empresa focada especificamente na produção de celulose após a venda de ativos no segmento de papel ao longo dos últimos meses, é uma das mais eficientes do País. Atualmente, 80% da energia consumida pela companhia são provenientes de recursos renováveis.

"A referência internacional prevê consumo específico de energia de 1,2 MW hora por tonelada (produzida) e hoje todas as nossas unidades estão com níveis abaixo de 1 MW hora por tonelada", destaca Cinque.


Levantamento da Associação Brasileira de Papel e Celulose (Bracelpa) aponta que a geração elétrica do setor cresceu 7,8% entre 2009 e 2010 e a energia elétrica vendida teve alta de 25,1% no período. Hoje, quase 85% da matriz energética da indústria de papel e celulose provém do uso de licor negro (subproduto da celulose) e de biomassa, por isso o consumo de energia pelo setor é pouco expressivo.


Klabin


A Klabin, por ter maior atuação no mercado de papéis, trabalha com taxas menores de autossuficiência energética. Talvez por essa razão a companhia avança em várias frentes diferentes para buscar alternativas de eficiência nessa área. "Nossa autoprodução atual é de 55%, mas temos objetivo de chegar a 70%", destaca o diretor de Planejamento, Projetos e Tecnologia da empresa, Francisco Razzolini.


"As novas fábricas de celulose têm um modelo de venda de energia bastante interessante porque estão integradas à base florestal", diz. "E a Klabin, em se prosseguindo o projeto de celulose, vai buscar a eficiência energética", complementa o executivo, sem revelar detalhes, mas sinalizando que o excedente energético dos novos projetos é um caminho natural do setor

terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma nova sociedade ou um tsunami social-ecológico?

Leonardo Boff


No último artigo aventei a idéia, sustentada por minorias, de que estamos diante de uma crise sistêmica e terminal do capitalismo e não de uma crise cíclica. Dito em outras palavras: foram destroçadas as condições de sua reprodução seja por parte da devastação da natureza e dos limites alcançados de seus bens e serviços seja por parte da desorganização radical das relações sociais, dominadas pela economia de mercado com a predominância do capital financeiro. A tendência dominante é pensar que se pode sair da crise, voltando ao que era antes, com pequenas correções, garantindo o crescimento, resgatando empregos e assegurando lucros. Portanto, continuarão os negócios as usual.

As bilionárias intervenções dos Estados industriais salvaram bancos, evitaram uma derrocada sistêmica, mas não transformaram o sistema econômico. Pior ainda, as injeções estatais facilitaram o triunfo do capital especulativo sobre a economia real. Aquele é tido com o principal deslanchador da crise, comandado por verdadeiros ladrões que colocam o lucro acima do destino dos povos, como se viu agora com a Grécia. A lógica do lucro máximo está destruindo os indivíduos, as relações sociais, penalizando os pobres, acusados de dificultar a implantação do capital. A bomba foi mantida com o estopim. Um problema maior qualquer poderá acender o estopim. Muitos analistas se perguntam amedrontados: a ordem mundial sobreviveria a outra crise do tipo da que tivemos?

O sociólogo francês Alain Touraine assevera em seu recente livro Após a crise (Vozes 2011): ou a crise acelera a formação de uma nova sociedade ou vira um tsunami que poderá arrasar tudo o que encontrar pela frente, pondo em perigo mortal nossa própria existência no planeta Terra (p. 49.115). Razão a mais para sustentar a tese de que estamos em face de uma situação terminal deste tipo de capital. Impõe-se a urgência de pensar valores e princípios que poderão fundar um novo modo de habitar a Terra, organizar a produção e a distribuição dos bens, não só para nós (superar o antropocentrismo), mas para toda a comunidade de vida. Este foi o objetivo da produção da Carta da Terra, animada por M. Gorbachev que, como ex-chefe de Estado, da União Soviética, conhecia os instrumentos letais disponíveis para a destruição até da última vida humana, como afirmou em várias reuniões.

Aprovada pela UNESCO em 2003, ela contém, efetivamente, “princípios e valores para um modo de vida sustentável como critério comum para indivíduos, organizações, empresas e governos”. Urge estudá-la e deixar-se inspirar por ela, sobretudo agora, na preparação da Rio+20.

Ninguém pode prever o que virá após a crise. Há apenas insinuações. Estamos ainda na fase do diagnóstico de suas causas profundas. Lamentavelmente são, sobretudo, economistas que fazem análises da crise e menos sociólogos, antropólogos, filósofos e estudiosos das culturas. O que está ficando claro é o seguinte: houve um triplo descolamento: o capital financeiro se descolou da economia real; a economia em seu conjunto, da sociedade; e a sociedade em geral, da natureza. Esta separação criou uma fumaça tal que já não vemos quais caminhos seguir.

Os “indignados” que enchem as praças de alguns países europeus e do mundo árabe, estão colocando este sistema em xeque. Ele é ruim para a maioria da humanidade. Até agora eram vítimas silenciosas. Agora gritam alto. Não só buscam emprego, mas reclamam direitos humanos fundamentais. Querem ser sujeitos, vale dizer, atores de outro tipo de sociedade na qual a economia esteja a serviço da política e a política a serviço do bem viver das pessoas entre si e com a natureza. Seguramente não basta querer. Impõe-se uma articulação mundial, a criação de organismos que viabilizem um outro modo de conviver e uma representação política ligada aos anseios gerais e não aos interesses do mercado. Trata-se de refundar a vida social.

Por mim, vejo os indícios, em muitas partes, do surgimento de uma sociedade mundial ecocentrada e biocentrada. O eixo será o sistema-vida, o sistema-Terra e a Humanidade. Tudo deve servir a esta nova centralidade. Caso contrário, dificilmente evitaremos um tsunami ecológico-social possível.


Leonardo Boff é teólogo e professor emérito de ética da UERJ.

http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/uma-nova-sociedade-ou-um-tsunami-social-ecologico/
Entrevista com Ricardo Voltolini:
Conversas com Líderes Sustentáveis
Vídeo 1 (HSM) http://www.ideiasustentavel.com.br/2011/06/o-lider-sustentavel-2/

Vídeo 2 (fonte youtube)

Empresas filiadas à FNQ consideram fundamental inovação para sustentabilidade

05/07/2011

Uma pesquisa realizada em maio último com 63 entrevistados de empresas filiadas à Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) revelou que 97% deles consideram fundamental que as organizações inovem para buscar a sustentabilidade, tanto do negócio quanto da economia e do planeta. Apesar dessa consciência, 70% dos participantes do estudo acreditam que as empresas, de maneira geral, estão preocupadas, mas não direcionam seus investimentos em inovações com foco no crescimento sustentável.


O levantamento mostra que 27% dos entrevistados apontaram a gestão como a principal preocupação das empresas em que trabalham, enquanto 22% indicaram a sustentabilidade e 19% a redução de custos. Além disso, os participantes consideraram que os três setores da economia mais alinhados aos princípios da inovação para sustentabilidade são, na ordem, energia, automobilístico e de papel e celulose.


Para Jairo Martins, superintendente-geral da FNQ, os resultados da pesquisa mostram que a maioria das empresas ainda ignora o tamanho do problema da sustentabilidade. "Enquanto dominar o pensamento pelo viés econômico, cujo sucesso é medido pelo PIB, o atual modelo de desenvolvimento insustentável não vai mudar e não serão incluídas na pauta das organizações as questões socioambientais. É um desafio de gestão para as empresas", destaca.


O executivo ressalta que as empresas ainda relacionam inovação à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, mas é necessário ter uma visão sistêmica da gestão e compreender que a inovação deve acontecer também na liderança, nas ações de marketing e no modelo de negócios.


- A inovação para sustentabilidade precisa fazer parte do planejamento estratégico da empresa. Hoje, as organizações enxergam a sustentabilidade como um subconjunto da gestão e não como parte integrante do processo de gestão como um todo - conclui.


Criada em 1991, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) é uma instituição sem fins lucrativos cujo objetivo é disseminar amplamente os Fundamentos da Excelência em Gestão para organizações de todos os setores e portes. A instituição é responsável pela organização, promoção e avaliação do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), que reconhece anualmente as melhores práticas de excelência de gestão das empresas brasileiras.

São Paulo terá núcleo de pesquisa em bioenergia e sustentabilidade

09/06/2011 14:28:38

São Paulo terá núcleo de pesquisa em bioenergia e sustentabilidade

Mônica Pileggi, da Agência Fapesp

Reunir especialistas das três universidades públicas de São Paulo – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) –, para realizar pesquisas e formar especialistas focados na geração de energia a partir de biomassa, é a principal proposta do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Bioenergia e Sustentabilidade (NAPBS), lançado no dia 3 de junho na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (ESALQ-USP), em Piracicaba.

O anúncio feito pelo reitor da USP, João Grandino Rodas, fez parte da cerimônia de comemoração dos 110 anos da Esalq e contou com a presença do pró-reitor de Pesquisa da USP, Marco Antônio Zago, do vice-reitor administrativo da universidade, Antônio Roque Dechen, do diretor da Esalq, José Vicente Caixeta Filho, do presidente da comissão de pesquisas da Esalq, José Lehmann Coutinho, e do diretor administrativo da FAPESP, Joaquim José de Camargo Engler, além de representantes do governo estadual e de institutos de pesquisa como a Embrapa e o Instituto Agronômico.

O novo núcleo, ainda sem sede definida, tem por objetivo estimular e articular pesquisas sobre biomassa e tecnologias de transformação em biocombustíveis, além de promover e integrar o conhecimento gerado. De acordo com Dechen, coordenador-geral do núcleo, a principal meta do NAPBS é a implantação de um programa de pós-graduação interuniversidades em bioenergia e sustentabilidade.

Com o aporte de R$ 20 milhões do governo estadual para infraestrutura e o apoio da FAPESP para projetos de pesquisa, estão envolvidos na fase inicial do NAPBS pesquisadores da Esalq, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, do Instituto de Física de São Carlos, do Instituto de Química, do Instituto de Biociências, do Instituto de Ciências Biológicas, da Escola Politécnica, das unidades de Ribeirão Preto e da Escola de Engenharia de Lorena, todas unidades da USP. “O foco será na energia, mas voltada à sustentabilidade”, disse Dechen.

Esses grupos de pesquisa atuam em áreas que vão desde a agricultura e genética de plantas a impactos socioeconômicos e ambientais, sendo o núcleo estruturado em seis eixos principais. “Muito se fez e muito se fará pela pesquisa com a implantação desse núcleo”, afirmou o professor.

Os eixos são: “Produção de Biomassa”, “Genômica Funcional”, “Transformação da Biomassa em Biocombustíveis”, “Morfologia e Composição de Biomassa”, “Processos Industriais” e “Sustentabilidade”.

Durante a cerimônia, José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esalq, aproveitou para anunciar a construção de um centro de convenções em um local próximo ao campus de Piracicaba, com recursos da USP.

O empreendimento, cuja área total envolve 216 mil metros quadrados, será dividido em três blocos. Terá um teatro principal com capacidade para mil pessoas e dois espaços de 2.700 m2 cada, destinado a eventos. Além disso, o centro contará com um estacionamento para 1,3 mil veículos.

Segundo Caixeta, o novo centro de convenções servirá tanto à universidade como à comunidade. “É um polo a mais para que a USP possa estreitar laços locais e regionais”, disse.

A ideia do espaço visa também economizar e facilitar a logística de seminários e outros eventos. De acordo com as estatísticas da USP, a cada dois dias um evento de extensão é realizado no campus de Piracicaba.

(Agência Fapesp)

domingo, 3 de julho de 2011

Brasil, enfim, entre os top 15 da energia renovável

Desde 2003, a consultoria Ernst & Young publica trimestralmente um ranking com os 35 países mais atrativos para investimentos relacionados a energias renováveis. Após oito anos, o Brasil entrou para a lista dos top 15. A expansão da energia eólica foi decisiva para que o país subisse quatro posições no último trimestre, da 16ª para a 12ª.

Curioso é que, em movimento inverso, os demais países mais bem classificados restraram uma ligeira queda em seus índices – reflexo da redução de incentivos e restrição de acesso ao capital para projetos desta natureza. Ainda assim, o estudo prevê que eventos globais recentes, como o tsunami (e o consequente desastre nuclear) no Japão e as sucessivas turbulências políticas no Oriente Médio e norte da África servirão de estímulo para que os países ampliem o uso de energias renováveis em seu portfólio.

A China manteve a primeira posição no ranking, muito em função de seus projetos de geração de energia eólica em águas marítimas rasas e à meta de, até 2015, obter 11,3% de sua energia a partir de combustíveis não fósseis.

Com uma série de projetos de energia solar em andamento e boas perspectivas para este setor, os Estados Unidos permaneceram no segundo lugar. A Índia, dando sequência aos resultados registrados nos boletins anteriores da consultoria, continuou subindo no ranking. Ultrapassou a tradicionalmente verde Alemanha e se posicionou em terceiro lugar.

A lista dos 35 países mais promissores para investimentos em renováveis ganhou quatro novos nomes. Marrocos foi um deles, ocupando o 27º lugar, graças a projetos de energia solar e eólica e a uma demanda crescente por novos investimentos nestes setores.

Empreendimentos de energia solar e o potencial da eólica também permitiram a Taiwan ingressar na lista. O estudo apontou, ainda, que a exploração do potencial natural de Bulgária e Chile vêm sendo minados por barreiras políticas.

Já o Japão perdeu três posições no ranking após adotar a estratégia de utilizar mais gás natural e importar petróleo para substituir a capacidade de geração de energia nuclear comprometida depois do acidente em Fukushima.